Efeitos de anomalias térmicas sobre peixes recifais do Atol das Rocas, Atlântico Sul Ocidental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Garcia, Gabriel Santos
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/47259
Resumo: Recifes de coral estão ameaçados em todo o mundo por eventos climáticos extremos. O estresse térmico intenso provoca o branqueamento de corais, gerando eventos de mortalidade em massa desses organismos. Como resultado, há mudanças de um regime dominado por corais para o predomínio de outros organismos, geralmente macroalgas, o que afeta praticamente todas espécies associadas aos recifes. Peixes, de modo geral, respondem a essas mudanças com alterações na composição de espécies, tamanho e abundância. Embora essas respostas estejam mais evidentes em comunidades no Caribe e Pacifico, há uma carência de informações a respeito de como peixes recifais brasileiros reagem aos extremos do clima. Além disso, em 2016 um evento excepcionalmente intenso de El Niño atingiu sistemas recifais em todo o mundo. Em consequência uma série de branqueamentos em massa foram registrados em quase toda a zona tropical, mas praticamente nenhuma informação está disponível para os sistemas marinhos recifais do Atlântico Sul. Tentando preencher essas lacunas, este trabalho procura observar como a assembleia de peixes se alterou em função de alterações no clima, ao mesmo tempo em que se dedica a revisar os estresses climáticos registrados em um dos ecossistemas recifais melhor conservados do Atlântico Sul: Atol das Rocas. Séries históricas de temperatura de superfície, anomalias térmicas e produtividade primária foram analisadas, usando dados de sensoriamento remoto, e as respostas dos peixes recifais a eventos extremos foram avaliadas a partir de mudanças em abundância e biomassa. Apenas dois eventos de oscilação térmica foram identificados no Atol: a onda de calor de 2010 e as anomalias negativas de 2012. Não houve indícios que o evento intenso de El Niño de 2016 afetou o Atol das Rocas. Os principais efeitos dos extremos climáticos aconteceram sobre a produção primária. A temperatura de superfície foi negativamente relacionada à produtividade primária, enquanto as anomalias térmicas não apresentaram relação. Peixes responderam a mudanças prolongadas na produtividade, especialmente durante momentos de temperatura abaixo do normal. A biomassa de herbívoros e planctívoros cresceu rapidamente em resposta a essa flutuação, acompanhadas de um aumento tardio de seus predadores dois anos após. Invertívoros também ganharam em tamanho após o evento, porém um ano depois do cessar das anomalias, indicando que os invertebrados (principalmente artrópodes) também reagiram às oscilações na produtividade primária. Na ausência de outros extremos na produtividade primária desde 2012, a biomassa de todos os grupos funcionais retornou às condições iniciais. Considerando esses fatos, as oscilações climáticas afetaram as comunidades do Atol das Rocas provavelmente ao modular a produtividade primária por mudanças no transporte de nutrientes. Os peixes do Atol são, portanto, indiretamente afetados por essas mudanças, apresentando um elevado dinamismo, que indica resiliência da assembleia ao estresse térmico. Se respostas semelhantes ao observado no ambiente do Atol das Rocas ocorrerem no restante da costa brasileira, se pode esperar que os peixes recifais do Brasil sejam resilientes ao cenário atual de mudanças no clima.
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Embora essas respostas estejam mais evidentes em comunidades no Caribe e Pacifico, há uma carência de informações a respeito de como peixes recifais brasileiros reagem aos extremos do clima. Além disso, em 2016 um evento excepcionalmente intenso de El Niño atingiu sistemas recifais em todo o mundo. Em consequência uma série de branqueamentos em massa foram registrados em quase toda a zona tropical, mas praticamente nenhuma informação está disponível para os sistemas marinhos recifais do Atlântico Sul. Tentando preencher essas lacunas, este trabalho procura observar como a assembleia de peixes se alterou em função de alterações no clima, ao mesmo tempo em que se dedica a revisar os estresses climáticos registrados em um dos ecossistemas recifais melhor conservados do Atlântico Sul: Atol das Rocas. Séries históricas de temperatura de superfície, anomalias térmicas e produtividade primária foram analisadas, usando dados de sensoriamento remoto, e as respostas dos peixes recifais a eventos extremos foram avaliadas a partir de mudanças em abundância e biomassa. Apenas dois eventos de oscilação térmica foram identificados no Atol: a onda de calor de 2010 e as anomalias negativas de 2012. Não houve indícios que o evento intenso de El Niño de 2016 afetou o Atol das Rocas. Os principais efeitos dos extremos climáticos aconteceram sobre a produção primária. A temperatura de superfície foi negativamente relacionada à produtividade primária, enquanto as anomalias térmicas não apresentaram relação. Peixes responderam a mudanças prolongadas na produtividade, especialmente durante momentos de temperatura abaixo do normal. A biomassa de herbívoros e planctívoros cresceu rapidamente em resposta a essa flutuação, acompanhadas de um aumento tardio de seus predadores dois anos após. Invertívoros também ganharam em tamanho após o evento, porém um ano depois do cessar das anomalias, indicando que os invertebrados (principalmente artrópodes) também reagiram às oscilações na produtividade primária. Na ausência de outros extremos na produtividade primária desde 2012, a biomassa de todos os grupos funcionais retornou às condições iniciais. Considerando esses fatos, as oscilações climáticas afetaram as comunidades do Atol das Rocas provavelmente ao modular a produtividade primária por mudanças no transporte de nutrientes. Os peixes do Atol são, portanto, indiretamente afetados por essas mudanças, apresentando um elevado dinamismo, que indica resiliência da assembleia ao estresse térmico. Se respostas semelhantes ao observado no ambiente do Atol das Rocas ocorrerem no restante da costa brasileira, se pode esperar que os peixes recifais do Brasil sejam resilientes ao cenário atual de mudanças no clima.Coral reefs are threatened by climatic extreme events worldwide. Thermal stress causes coral bleaching, leading to mass mortality events and abrupt phase shifts that affects all reef-associated species. Fish generally respond to these changes by shifts in species composition, size and abundance. Despite these responses being well known in the Caribbean and the Pacific, few information is available on how Brazilian fish respond to climate extremes. In 2016 an exceptionally intense El Niño affected several reef systems in the entire world. Consequently, massive coral bleaching events were recorded throughout the tropics, but virtually no information is available to south Atlantic marine environments. To fill these gaps, we aimed to understand how reef fish assemblages changed in response to fluctuations in climate, also reviewing climatic stresses occurred in one of the most pristine environments in South Atlantic: Rocas Atoll. Historical series of sea surface temperature, thermal anomalies and primary productivity were constructed using remote sensing data. Reef fish responses to extreme weather events were assessed through changes in abundance and biomass. Only two events of thermal oscillation were evident at Rocas Atoll: the 2010 heatwave and the 2012 colder-than-average anomalies. There were no signs that the extreme 2016 El Niño reached Rocas Atoll. Climatic extremes mostly affected primary production. Sea surface temperature was negatively related to primary productivity, while thermal anomalies had no relation at all. Fishes responded to prolonged changes in productivity, especially during intense negative thermal anomalies. Herbivores and planktivores biomass grew quickly after the 2012 temperature fluctuations, accompanied by a increase of their predators two years later. Invertivores also presented a delayed growth in size after this eveent, but just an year after, indicating invertebrates (mainly arthropods) reacted to productivity oscillation as well. In the abscence of other extremes in primary productivity after 2012, all fish functional groups returned to the initial conditions. Taking all these facts into account, climate oscillations may force Rocas Atoll reef communities by modulating primary productivity through nutrient transportation. Reef fishes in Rocas Atoll are thus indirectly affected by these changes, exhibiting high dynamism, which indicates a great resilience to thermal stress. If similar responses were observed for the Brazil's coast, it is expected Brazilian reef fishes to be resilient to the current scenery of changing climate.Capes, CNPq, Instituto SerrapilheiraUniversidade Federal do Rio Grande do NorteUFRNBrasilCiências BiológicasAttribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessEcologia de EcossistemasDinâmica de ComunidadesMudanças GlobaisENSOEl NiñoLa NiñaCommunity DynamicsGlobal ChangesENSOEl NiñoLa NiñaEfeitos de anomalias térmicas sobre peixes recifais do Atol das Rocas, Atlântico Sul OcidentalEffects of thermal anomalies on reef fishes in Rocas Atoll, Southwestern Atlanticinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEfeitosAnomaliasTermicas_Garcia_2018.pdfMonografiaapplication/pdf4429633https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/47259/1/EfeitosAnomaliasTermicas_Garcia_2018.pdfe95e7103f4d227b8ac851b39b22a52fdMD51CC-LICENSElicense_rdfapplication/octet-stream1037https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/47259/2/license_rdf996f8b5afe3136b76594f43bfda24c5eMD52LICENSElicense.txttext/plain714https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/47259/3/license.txt7278bab9c5c886812fa7d225dc807888MD53123456789/472592023-01-03 14:56:25.611oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/47259PGNlbnRlcj48c3Ryb25nPkZFREVSQUwgVU5JVkVSU0lUWSBPRiBSSU8gR1JBTkRFIERPIE5PUlRFPC9zdHJvbmc+PC9jZW50ZXI+CjxjZW50ZXI+PHN0cm9uZz5ESUdJVEFMIE1PTk9HUkFQSFMgTElCUkFSWTwvc3Ryb25nPjwvY2VudGVyPgoKPGNlbnRlcj5BdXRob3JpemF0aW9uIFRlcm0gZm9yIHRoZSBhdmFpbGFiaWxpdHkgb2YgTW9ub2dyYXBocyBmb3IgVW5kZXJncmFkdWF0ZSBhbmQgU3BlY2lhbGl6YXRpb24gaW4gdGhlIERpZ2l0YWwgTGlicmFyeSBvZiBNb25vZ3JhcGhzIChCRE0pPC9jZW50ZXI+CgpBcyB0aGUgY29weXJpZ2h0IG93bmVyIG9mIHRoZSBtb25vZ3JhcGgsIEkgYXV0aG9yaXplIHRoZSBGZWRlcmFsIFVuaXZlcnNpdHkgb2YgUmlvIEdyYW5kZSBkbyBOb3J0ZSAoVUZSTikgdG8gbWFrZSBhdmFpbGFibGUgdGhyb3VnaCB0aGUgRGlnaXRhbCBMaWJyYXJ5IG9mIE1vbm9ncmFwaHMgb2YgVUZSTiwgd2l0aG91dCByZWltYnVyc2VtZW50IG9mIGNvcHlyaWdodCwgYWNjb3JkaW5nIHRvIExhdyA5NjEwLzk4ICwgdGhlIGZ1bGwgdGV4dCBvZiB0aGUgd29yayBzdWJtaXR0ZWQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHJlYWRpbmcsIHByaW50aW5nIGFuZCAvIG9yIGRvd25sb2FkaW5nLCBhcyBhIG1lYW5zIG9mIGRpc3NlbWluYXRpbmcgQnJhemlsaWFuIHNjaWVudGlmaWMgcHJvZHVjdGlvbiwgYXMgb2YgdGhlIGRhdGUgb2Ygc3VibWlzc2lvbi4KRepositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2023-01-03T17:56:25Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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