Avaliação do potencial terapêutico do canabidiol no tratamento da drogadição: uma revisão de literatura

• Autor(a) principal: Felipe, Maria Clara Cardoso
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/53794
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::FARMACOLOGIA::NEUROPSICOFARMACOLOGIA; Adição; Transtorno por uso de substâncias; Canabinóides; Etanol; Opióides; Psicoestimulantes; Addiction; Substance use disorder; Cannabinoids; Ethanol; Opioids; Psychostimulants

A drogadição é um importante problema de saúde pública que afeta uma vasta quantidade de indivíduos globalmente. Embora haja progressos científicos e um aumento dos esforços em pesquisas nessa área, atualmente, as opções farmacológicas disponíveis para o tratamento dessa doença são limitadas e se mostram ineficazes. Nos últimos anos, o canabidiol (CBD), um composto derivado da planta Cannabis sativa, tem sido objeto de extensos estudos, revelando efeitos significativos no manejo de diversas condições psiquiátricas. No contexto da drogadição, especialmente nos últimos cinco anos, diversas pesquisas foram conduzidas investigando o potencial do CBD, principalmente em modelos experimentais de drogadição. Sendo assim, esta revisão de literatura tem como objetivo realizar um levantamento da literatura de evidências científicas clínicas e não-clínicas acerca do potencial uso do CBD no tratamento da adição por diferentes classes de drogas de abuso. Este trabalho se restringiu à avaliação de parâmetros comportamentais de adição. Para isso, três bases de dados (Science Direct; Medline/PubMed; Web of Science) foram pesquisadas até maio de 2023. Foram incluídos artigos publicados em inglês nas condições de serem estudos que administraram CBD em humanos e/ou animais em uso ou com histórico de administração de etanol, opióides ou psicoestimulantes. Foram analisados 139 estudos, dos quais 40 foram selecionados. Dentre estes, apenas um estudo conduzido com seres humanos foi encontrado. Os resultados foram agrupados nas seguintes categorias: etanol, opioides (heroína e morfina) e psicoestimulantes (catinonas sintéticas, cocaína e estimulantes do tipo anfetamina). Foram avaliados os seguintes parâmetros: autoadministração, preferência condicionada de lugar, sensibilização locomotora, recompensa induzida por estimulação cerebral, ansiedade, depressão, memória, dentre outros. Os resultados encontrados indicam que o CBD promove redução na autoadministração de diferentes drogas de abuso e alterações na memória contextual associada a essas substâncias. Além disso, também é capaz de atenuar sinais de abstinência e promover efeitos ansiolíticos e antidepressivos. Em conclusão, as evidências comportamentais indicam que o CBD pode ser uma terapia farmacológica adjuvante promissora para o tratamento da adição. Isso, aliado ao seu bom perfil de segurança e tolerabilidade, justifica o investimento em novas pesquisas que investiguem mecanicisticamente os efeitos deste canabinoide neste contexto. Além disso, ensaios clínicos são necessários para determinar com precisão se estes achados experimentais são reproduzíveis em humanos.