Ecologia comparativa e ecomorfologia de espécies de Gymnodactylus (Squamata: Phyllodactylidae) em áreas de Mata Atlântica e Caatinga de região setentrional do nordeste brasileiro
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/58089 |
Resumo: | O gênero Gymnodactylus é endêmico do Brasil e compreende atualmente cinco espécies, duas destas registradas para o estado do Rio Grande do Norte, Gymnodactylus geckoides, predominante na Caatinga, e Gymnodactylus sp. nov., endêmica da Mata Atlântica nordestina. Em algumas áreas do Nordeste brasileiro, a exemplo dos ecossistemas de dunas e restingas do Domínio Atlântico no Rio Grande do Norte, essas espécies ocorrem em simpatria, o que torna relevante conhecer como estas coexistem e/ou segregam seus nichos ecológicos, comparativamente ao uso desses nichos em áreas onde ocorre apenas uma destas espécies. Nesse sentido, analisou-se a ecologia alimentar e uso de hábitats de G. geckoides e de Gymnodactylus sp. nov. em duas áreas do Domínio da Mata Atlântica e uma de Caatinga. Em uma das áreas de Mata Atlântica (Parque Estadual Dunas do Natal - PEDN), as espécies ocorrem em simpatria, enquanto na outra, Área de Proteção Ambiental Jenipabu (APAJ) ocorre apenas G. geckoides, à semelhança da área de Caatinga da Estação Ecológica Seridó (ESEC Seridó). Por utilizarem diferentes hábitats nessas áreas, analisou-se a influência dos hábitats na morfologia de G. geckoides. Os espécimes foram capturados manualmente para análise do conteúdo estomacal, e registrados dados sobre o hábitat e microhábitat onde foram primeiramente avistados. Para conhecer a dieta, foram analisados 105 estômagos, 37 de G. geckoides da ESEC Seridó, 23 de G. geckoides da APAJ, 14 de Gymnodactylus sp. nov. e 31 de G. geckoides do PEDN. Para análise de variação ecomorfológica, foram utilizadas 10 variáveis morfométricas das populações de G. geckoides. Na ESEC Seridó e APAJ, térmitas (Isoptera) foram as presas mais importantes na dieta de G. geckoides. Já no PEDN, a dieta de G. geckoides foi composta principalmente por Hemiptera, enquanto para Gymnodactylus sp. nov., Isoptera e Formicidae. Quanto à eletividade, das 27 categorias de presas disponíveis na ESEC Seridó, as preferidas pela população de G. geckoides foram Dermaptera, Diplopoda e Isopoda; as outras categorias foram consideradas rejeitadas. Para a população da APAJ, de 20 categorias de presas disponíveis, Blattodea, Coleoptera, Isoptera, Larvas de Insetos, Pseudoscorpiones e Scorpiones foram preferidas; Araneae e Hemiptera foram preferidas levemente e as demais foram rejeitadas. Para o PEDN, dentre as 20 categorias disponíveis, a população de G. geckoides demonstrou preferência por Hemiptera, Larvas de Insetos e Lepidoptera, enquanto Gymnodactylus sp. nov. demonstrou preferir presas como Coleoptera, Dermaptera, Diptera e Isoptera. Constatou-se alto índice de sobreposição quanto ao nicho alimentar e total segregação no nicho espacial entre as duas espécies em simpatria no PEDN: Gymnodactylus sp. nov. habita áreas de mata alta e mata baixa, enquanto G. geckoides esteve restrito às áreas abertas de dunas da praia. A população de G. geckoides da APAJ foi registrada na vegetação de restinga e em áreas antropizadas, enquanto na ESEC Seridó a vegetação arbóreo-arbustiva e afloramentos rochosos foram os hábitats mais utilizados. Devido à ocorrência restrita a microhábitats associados ao solo, ambas as espécies foram consideradas terrícolas, mas, em simpatria, segregam quanto ao uso dos habitats. Constataram-se variações morfológicas entre as populações de G. geckoides da Caatinga e da Mata Atlântica; para o PEDN e APAJ, os perfis morfométricos demonstraram similaridade. Os membros posteriores das populações de Mata Atlântica são mais alongados que os da Caatinga, demonstrando que o hábitat utilizado pelas espécies influencia na sua morfologia. |
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Furtado, Olyana da Silvahttp://lattes.cnpq.br/4222542127790160https://orcid.org/0000-0001-9486-6347http://lattes.cnpq.br/6388455734228621Sales, Raul Fernandes Dantas deNunes, Pedro Murilo SalesÁvila, Robson WaldemarFreire, Eliza Maria Xavier2024-04-10T20:06:25Z2023-11-24FURTADO, Olyana da Silva. Ecologia comparativa e ecomorfologia de espécies de Gymnodactylus (Squamata: Phyllodactylidae) em áreas de Mata Atlântica e Caatinga de região setentrional do nordeste brasileiro. Orientadora: Dra. Eliza Maria Xavier Freire. 2023. 94f. Dissertação (Mestrado em Sistemática e Evolução) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/58089O gênero Gymnodactylus é endêmico do Brasil e compreende atualmente cinco espécies, duas destas registradas para o estado do Rio Grande do Norte, Gymnodactylus geckoides, predominante na Caatinga, e Gymnodactylus sp. nov., endêmica da Mata Atlântica nordestina. Em algumas áreas do Nordeste brasileiro, a exemplo dos ecossistemas de dunas e restingas do Domínio Atlântico no Rio Grande do Norte, essas espécies ocorrem em simpatria, o que torna relevante conhecer como estas coexistem e/ou segregam seus nichos ecológicos, comparativamente ao uso desses nichos em áreas onde ocorre apenas uma destas espécies. Nesse sentido, analisou-se a ecologia alimentar e uso de hábitats de G. geckoides e de Gymnodactylus sp. nov. em duas áreas do Domínio da Mata Atlântica e uma de Caatinga. Em uma das áreas de Mata Atlântica (Parque Estadual Dunas do Natal - PEDN), as espécies ocorrem em simpatria, enquanto na outra, Área de Proteção Ambiental Jenipabu (APAJ) ocorre apenas G. geckoides, à semelhança da área de Caatinga da Estação Ecológica Seridó (ESEC Seridó). Por utilizarem diferentes hábitats nessas áreas, analisou-se a influência dos hábitats na morfologia de G. geckoides. Os espécimes foram capturados manualmente para análise do conteúdo estomacal, e registrados dados sobre o hábitat e microhábitat onde foram primeiramente avistados. Para conhecer a dieta, foram analisados 105 estômagos, 37 de G. geckoides da ESEC Seridó, 23 de G. geckoides da APAJ, 14 de Gymnodactylus sp. nov. e 31 de G. geckoides do PEDN. Para análise de variação ecomorfológica, foram utilizadas 10 variáveis morfométricas das populações de G. geckoides. Na ESEC Seridó e APAJ, térmitas (Isoptera) foram as presas mais importantes na dieta de G. geckoides. Já no PEDN, a dieta de G. geckoides foi composta principalmente por Hemiptera, enquanto para Gymnodactylus sp. nov., Isoptera e Formicidae. Quanto à eletividade, das 27 categorias de presas disponíveis na ESEC Seridó, as preferidas pela população de G. geckoides foram Dermaptera, Diplopoda e Isopoda; as outras categorias foram consideradas rejeitadas. Para a população da APAJ, de 20 categorias de presas disponíveis, Blattodea, Coleoptera, Isoptera, Larvas de Insetos, Pseudoscorpiones e Scorpiones foram preferidas; Araneae e Hemiptera foram preferidas levemente e as demais foram rejeitadas. Para o PEDN, dentre as 20 categorias disponíveis, a população de G. geckoides demonstrou preferência por Hemiptera, Larvas de Insetos e Lepidoptera, enquanto Gymnodactylus sp. nov. demonstrou preferir presas como Coleoptera, Dermaptera, Diptera e Isoptera. Constatou-se alto índice de sobreposição quanto ao nicho alimentar e total segregação no nicho espacial entre as duas espécies em simpatria no PEDN: Gymnodactylus sp. nov. habita áreas de mata alta e mata baixa, enquanto G. geckoides esteve restrito às áreas abertas de dunas da praia. A população de G. geckoides da APAJ foi registrada na vegetação de restinga e em áreas antropizadas, enquanto na ESEC Seridó a vegetação arbóreo-arbustiva e afloramentos rochosos foram os hábitats mais utilizados. Devido à ocorrência restrita a microhábitats associados ao solo, ambas as espécies foram consideradas terrícolas, mas, em simpatria, segregam quanto ao uso dos habitats. Constataram-se variações morfológicas entre as populações de G. geckoides da Caatinga e da Mata Atlântica; para o PEDN e APAJ, os perfis morfométricos demonstraram similaridade. Os membros posteriores das populações de Mata Atlântica são mais alongados que os da Caatinga, demonstrando que o hábitat utilizado pelas espécies influencia na sua morfologia.The genus Gymnodactylus is endemic to Brazil and currently comprises five species, two of which are recorded for the state of Rio Grande do Norte, Gymnodactylus geckoides, predominant in the Caatinga, and Gymnodactylus sp. nov., endemic to the northeastern Atlantic Forest. In some areas of the Brazilian Northeast, such as the dune and restinga ecosystems of the Atlantic Domain in Rio Grande do Norte, these species occur in sympatry, which makes it important to know how they coexist and/or segregate their ecological niches, compared to the use of these niches in areas where only one of these species occurs. In this sense, the feeding ecology and habitat use of G. geckoides and Gymnodactylus sp. nov. were analyzed in two areas of the Atlantic Forest Domain and one of Caatinga. In one of the Atlantic Forest areas (Parque Estadual Dunas do Natal - PEDN), the species occur in sympatry, while in the other, Area de Proteção Ambiental Jenipabu (APAJ), only G. geckoides occurs, similar to the Caatinga area of Estação Ecológica Seridó (ESEC Seridó). As they use different habitats in these areas, the influence of habitats on the morphology of G. geckoides was analyzed. The specimens were captured manually for analysis of stomach contents, and data about the habitat and microhabitat where they were first sighted were recorded. To find out the diet, 105 stomachs were analyzed, 37 from G. geckoides from ESEC Seridó, 23 from G. geckoides from APAJ, 14 from Gymnodactylus sp. nov. and 31 from G. geckoides from PEDN. For analysis of ecomorphological variation, 10 morphometric variables of G. geckoides populations were used. At ESEC Seridó and APAJ, termites (Isoptera) were the most important prey in the diet of G. geckoides. At PEDN, the diet of G. geckoides was mainly composed of Hemiptera, while for Gymnodactylus sp. nov., Isoptera and Formicidae. Regarding electivity, of the 27 categories of prey available at ESEC Seridó, those preferred by the G. geckoides population were Dermaptera, Diplopoda and Isopoda; the other categories were considered rejected. For the APAJ population, out of 20 available prey categories, Blattodea, Coleoptera, Isoptera, Insect Larvae, Pseudoscorpiones and Scorpiones were preferred; Araneae and Hemiptera were slightly preferred and the others were rejected. For the PEDN, among the 20 available categories, the G. geckoides population demonstrated a preference for Hemiptera, Insect Larvae and Lepidoptera, while Gymnodactylus sp. nov. demonstrated to prefer prey such as Coleoptera, Dermaptera, Diptera and Isoptera. A high level of overlap in terms of food niche and total segregation in the spatial niche was found between the two species in sympatry in the PEDN: Gymnodactylus sp. nov. it inhabits areas of high forest and low forest, while G. geckoides was restricted to open areas of beach dunes. The population of G. geckoides in APAJ was recorded in restinga vegetation and in anthropic areas, while in ESEC Seridó, arboreal-shrub vegetation and rocky outcrops were the most used habitats. Due to their restricted occurrence in soilassociated microhabitats, both species were considered terrestrial, but, in sympatry, they segregate in terms of habitat use. Morphological variations were found between populations of G. geckoides from the Caatinga and the Atlantic Forest; for PEDN and APAJ, the morphometric profiles demonstrated similarity. The hind limbs of Atlantic Forest populations are more elongated than those of the Caatinga, demonstrating that the habitat used by the species influences their morphology.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES2027-12-31Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃOUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICASLagartosDietaSobreposição de nichoEcomorfologiaMorfometriaEcologia comparativa e ecomorfologia de espécies de Gymnodactylus (Squamata: Phyllodactylidae) em áreas de Mata Atlântica e Caatinga de região setentrional do nordeste brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEcologiacomparativaecomorfologia_Furtado_2023.pdfapplication/pdf2215303https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/58089/1/Ecologiacomparativaecomorfologia_Furtado_2023.pdffb1fb6f8b488a7f4c447632a4edf1ae5MD51123456789/580892024-04-10 17:07:00.323oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/58089Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2024-04-10T20:07Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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O gênero Gymnodactylus é endêmico do Brasil e compreende atualmente cinco espécies, duas destas registradas para o estado do Rio Grande do Norte, Gymnodactylus geckoides, predominante na Caatinga, e Gymnodactylus sp. nov., endêmica da Mata Atlântica nordestina. Em algumas áreas do Nordeste brasileiro, a exemplo dos ecossistemas de dunas e restingas do Domínio Atlântico no Rio Grande do Norte, essas espécies ocorrem em simpatria, o que torna relevante conhecer como estas coexistem e/ou segregam seus nichos ecológicos, comparativamente ao uso desses nichos em áreas onde ocorre apenas uma destas espécies. Nesse sentido, analisou-se a ecologia alimentar e uso de hábitats de G. geckoides e de Gymnodactylus sp. nov. em duas áreas do Domínio da Mata Atlântica e uma de Caatinga. Em uma das áreas de Mata Atlântica (Parque Estadual Dunas do Natal - PEDN), as espécies ocorrem em simpatria, enquanto na outra, Área de Proteção Ambiental Jenipabu (APAJ) ocorre apenas G. geckoides, à semelhança da área de Caatinga da Estação Ecológica Seridó (ESEC Seridó). Por utilizarem diferentes hábitats nessas áreas, analisou-se a influência dos hábitats na morfologia de G. geckoides. Os espécimes foram capturados manualmente para análise do conteúdo estomacal, e registrados dados sobre o hábitat e microhábitat onde foram primeiramente avistados. Para conhecer a dieta, foram analisados 105 estômagos, 37 de G. geckoides da ESEC Seridó, 23 de G. geckoides da APAJ, 14 de Gymnodactylus sp. nov. e 31 de G. geckoides do PEDN. Para análise de variação ecomorfológica, foram utilizadas 10 variáveis morfométricas das populações de G. geckoides. Na ESEC Seridó e APAJ, térmitas (Isoptera) foram as presas mais importantes na dieta de G. geckoides. Já no PEDN, a dieta de G. geckoides foi composta principalmente por Hemiptera, enquanto para Gymnodactylus sp. nov., Isoptera e Formicidae. Quanto à eletividade, das 27 categorias de presas disponíveis na ESEC Seridó, as preferidas pela população de G. geckoides foram Dermaptera, Diplopoda e Isopoda; as outras categorias foram consideradas rejeitadas. Para a população da APAJ, de 20 categorias de presas disponíveis, Blattodea, Coleoptera, Isoptera, Larvas de Insetos, Pseudoscorpiones e Scorpiones foram preferidas; Araneae e Hemiptera foram preferidas levemente e as demais foram rejeitadas. Para o PEDN, dentre as 20 categorias disponíveis, a população de G. geckoides demonstrou preferência por Hemiptera, Larvas de Insetos e Lepidoptera, enquanto Gymnodactylus sp. nov. demonstrou preferir presas como Coleoptera, Dermaptera, Diptera e Isoptera. Constatou-se alto índice de sobreposição quanto ao nicho alimentar e total segregação no nicho espacial entre as duas espécies em simpatria no PEDN: Gymnodactylus sp. nov. habita áreas de mata alta e mata baixa, enquanto G. geckoides esteve restrito às áreas abertas de dunas da praia. A população de G. geckoides da APAJ foi registrada na vegetação de restinga e em áreas antropizadas, enquanto na ESEC Seridó a vegetação arbóreo-arbustiva e afloramentos rochosos foram os hábitats mais utilizados. Devido à ocorrência restrita a microhábitats associados ao solo, ambas as espécies foram consideradas terrícolas, mas, em simpatria, segregam quanto ao uso dos habitats. Constataram-se variações morfológicas entre as populações de G. geckoides da Caatinga e da Mata Atlântica; para o PEDN e APAJ, os perfis morfométricos demonstraram similaridade. Os membros posteriores das populações de Mata Atlântica são mais alongados que os da Caatinga, demonstrando que o hábitat utilizado pelas espécies influencia na sua morfologia. |
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