Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32639 |
Resumo: | A partir da Marcha Zumbi Contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida em 20 de novembro de 1995, a luta contra o racismo no Brasil desenvolveu uma forma e conteúdo inéditos, em sintonia com a integração do Brasil no capitalismo globalizado e marcada pelas derrotas da classe trabalhadora diante dos governos neoliberais. Neste período de mudança qualitativa no antirracismo contemporâneo brasileiro, o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reconheceu oficialmente a existência do racismo no Brasil, as ações afirmativas foram formuladas, as Organizações Não Governamentais (ONGs) assumiram protagonismo inédito e a categoria “raça” foi reabilitada nas pesquisas sobre desigualdades raciais num contexto de ascensão da teoria social pós-moderna. Este conjunto de determinações delineou uma estratégia antirracista contrarrevolucionária, a qual se nomeou nesta dissertação antirracismo social-liberal. Os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), de 2002 a 2016, executaram com relativo êxito esta estratégia por meio da promoção de políticas de igualdade racial. A crise política intensificada com o golpe jurídico parlamentar de 2016, no entanto, acelerou o processo de curto-circuito do antirracismo social-liberal e lhes abriu uma fissura através da qual a crítica marxista tem problematizado as noções/premissas de ancestralidade africana, política identitária, lugar de fala, anticomunismo e interseccionalidade. O exemplo histórico e atual do antirracismo no estado do Rio Grande do Norte (RN) pode contribuir para elucidar, a partir do conhecimento de suas particularidades, aspectos essenciais do desenvolvimento, consolidação e crise do antirracismo social-liberal no Brasil. |
id |
UFRN_80f2eeae639d955599f09fff0a205f03 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/32639 |
network_acronym_str |
UFRN |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFRN |
repository_id_str |
|
spelling |
Lima, Diogenes Fagner dehttp://lattes.cnpq.br/9767820932336272http://lattes.cnpq.br/9490707517933297Assunção, Luiz Carvalho dehttp://lattes.cnpq.br/6232503538224768Araújo, Patrício Carneirohttp://lattes.cnpq.br/8133102638020375Lindozo, José Antônio Spineli2021-06-10T17:33:27Z2021-06-10T17:33:27Z2020-12-21LIMA, Diogenes Fagner de. Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil. 2020. 120f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32639A partir da Marcha Zumbi Contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida em 20 de novembro de 1995, a luta contra o racismo no Brasil desenvolveu uma forma e conteúdo inéditos, em sintonia com a integração do Brasil no capitalismo globalizado e marcada pelas derrotas da classe trabalhadora diante dos governos neoliberais. Neste período de mudança qualitativa no antirracismo contemporâneo brasileiro, o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reconheceu oficialmente a existência do racismo no Brasil, as ações afirmativas foram formuladas, as Organizações Não Governamentais (ONGs) assumiram protagonismo inédito e a categoria “raça” foi reabilitada nas pesquisas sobre desigualdades raciais num contexto de ascensão da teoria social pós-moderna. Este conjunto de determinações delineou uma estratégia antirracista contrarrevolucionária, a qual se nomeou nesta dissertação antirracismo social-liberal. Os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), de 2002 a 2016, executaram com relativo êxito esta estratégia por meio da promoção de políticas de igualdade racial. A crise política intensificada com o golpe jurídico parlamentar de 2016, no entanto, acelerou o processo de curto-circuito do antirracismo social-liberal e lhes abriu uma fissura através da qual a crítica marxista tem problematizado as noções/premissas de ancestralidade africana, política identitária, lugar de fala, anticomunismo e interseccionalidade. O exemplo histórico e atual do antirracismo no estado do Rio Grande do Norte (RN) pode contribuir para elucidar, a partir do conhecimento de suas particularidades, aspectos essenciais do desenvolvimento, consolidação e crise do antirracismo social-liberal no Brasil.From the Zumbi March, Against Racism, for Equality and Life on November 20, 1995, the fight against racism in Brazil developed an unprecedented form and content, in line with Brazil's integration into globalized capitalism and marked by defeats of the working class in the face of neoliberal governments. In this period of qualitative change in contemporary Brazilian antiracism, the government of Fernando Henrique Cardoso (PSDB) officially recognized the existence of racism in Brazil, affirmative actions were formulated, Non-Governmental Organizations (NGOs) assumed unprecedented prominence and the category “race” it was rehabilitated in research on racial inequalities in the context of the rise of postmodern social theory. This set of determinations outlined a counterrevolutionary anti-racist strategy, which was named in this dissertation on social-liberal anti-racism. The governments of the Workers' Party (PT), from 2002 to 2016, carried out this strategy with relative success through the promotion of racial equality policies. The political crisis intensified with the 2016 parliamentary legal coup, however, accelerated the short-circuit process of socialliberal anti-racism and opened a fissure through which Marxist criticism has problematized the notions / premises of African ancestry, identity politics, place of speech, anti-communism and intersectionality. The historical and current example of anti-racism in the state of Rio Grande do Norte (RN) can contribute to elucidate, from the knowledge of its particularities, essential aspects of the development, consolidation and crisis of social-liberal anti-racism in Brazil.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAISUFRNBrasilOpressão racistaClasses sociaisAntirracismo social-liberalRio Grande do NorteEntre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEntreracascotas_Lima_2020.pdfapplication/pdf1470540https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/32639/1/Entreracascotas_Lima_2020.pdfe178a3ced89125568758f5d25476fde5MD51123456789/326392021-06-10 14:34:16.399oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/32639Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2021-06-10T17:34:16Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
title |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
spellingShingle |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil Lima, Diogenes Fagner de Opressão racista Classes sociais Antirracismo social-liberal Rio Grande do Norte |
title_short |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
title_full |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
title_fullStr |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
title_full_unstemmed |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
title_sort |
Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil |
author |
Lima, Diogenes Fagner de |
author_facet |
Lima, Diogenes Fagner de |
author_role |
author |
dc.contributor.authorID.pt_BR.fl_str_mv |
|
dc.contributor.authorLattes.pt_BR.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/9767820932336272 |
dc.contributor.advisorID.pt_BR.fl_str_mv |
|
dc.contributor.advisorLattes.pt_BR.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/9490707517933297 |
dc.contributor.referees1.none.fl_str_mv |
Assunção, Luiz Carvalho de |
dc.contributor.referees1ID.pt_BR.fl_str_mv |
|
dc.contributor.referees1Lattes.pt_BR.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/6232503538224768 |
dc.contributor.referees2.none.fl_str_mv |
Araújo, Patrício Carneiro |
dc.contributor.referees2ID.pt_BR.fl_str_mv |
|
dc.contributor.referees2Lattes.pt_BR.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/8133102638020375 |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Lima, Diogenes Fagner de |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Lindozo, José Antônio Spineli |
contributor_str_mv |
Lindozo, José Antônio Spineli |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Opressão racista Classes sociais Antirracismo social-liberal Rio Grande do Norte |
topic |
Opressão racista Classes sociais Antirracismo social-liberal Rio Grande do Norte |
description |
A partir da Marcha Zumbi Contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida em 20 de novembro de 1995, a luta contra o racismo no Brasil desenvolveu uma forma e conteúdo inéditos, em sintonia com a integração do Brasil no capitalismo globalizado e marcada pelas derrotas da classe trabalhadora diante dos governos neoliberais. Neste período de mudança qualitativa no antirracismo contemporâneo brasileiro, o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reconheceu oficialmente a existência do racismo no Brasil, as ações afirmativas foram formuladas, as Organizações Não Governamentais (ONGs) assumiram protagonismo inédito e a categoria “raça” foi reabilitada nas pesquisas sobre desigualdades raciais num contexto de ascensão da teoria social pós-moderna. Este conjunto de determinações delineou uma estratégia antirracista contrarrevolucionária, a qual se nomeou nesta dissertação antirracismo social-liberal. Os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), de 2002 a 2016, executaram com relativo êxito esta estratégia por meio da promoção de políticas de igualdade racial. A crise política intensificada com o golpe jurídico parlamentar de 2016, no entanto, acelerou o processo de curto-circuito do antirracismo social-liberal e lhes abriu uma fissura através da qual a crítica marxista tem problematizado as noções/premissas de ancestralidade africana, política identitária, lugar de fala, anticomunismo e interseccionalidade. O exemplo histórico e atual do antirracismo no estado do Rio Grande do Norte (RN) pode contribuir para elucidar, a partir do conhecimento de suas particularidades, aspectos essenciais do desenvolvimento, consolidação e crise do antirracismo social-liberal no Brasil. |
publishDate |
2020 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2020-12-21 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2021-06-10T17:33:27Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2021-06-10T17:33:27Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.citation.fl_str_mv |
LIMA, Diogenes Fagner de. Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil. 2020. 120f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020. |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32639 |
identifier_str_mv |
LIMA, Diogenes Fagner de. Entre "raças", cotas e ONGs: uma crítica do antirracismo social-liberal no Brasil. 2020. 120f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020. |
url |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32639 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFRN |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFRN instname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) instacron:UFRN |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) |
instacron_str |
UFRN |
institution |
UFRN |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFRN |
collection |
Repositório Institucional da UFRN |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/32639/1/Entreracascotas_Lima_2020.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
e178a3ced89125568758f5d25476fde5 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1802117620479033344 |