Escaladas da contracultura: Natal, década de 1980
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/24663 |
Resumo: | A contracultura é conhecida como um fenômeno da segunda metade do século XX. Suas origens remontam ao final da década de 1940, com os “uivos” da geração beat, cuja visibilidade começa na década de 1950. Todavia, o que se considera como sendo o estouro desse fenômeno acontece, de fato, durante os anos de 1960, tendo, como principal vitrine, o Maio de 1968 na França, com desdobramentos na segunda metade da década de 1960 e durante a década de 1970, em alguns países da Europa e nos EUA, com a explosão do rock’in roll e do movimento hippie, influenciando gerações de jovens no mundo inteiro. No Brasil, alcança seu auge na década de 1970, com repercussões na década de 1980. Em ambos os contextos, a contracultura valeu-se da arte e da literatura, nas quais encontrou o ambiente mais fértil de expressão. Esta tese versa sobre alguns aspectos do ativismo intelectual e artístico em Natal, na década de 1980, como um fenômeno que se insere no contexto da expressão contracultural. Na construção de seu arcabouço teórico, toma-se como principal referência o conceito de contracultura em Roszack (1972), para quem a contracultura foi uma forma de contestar a racionalização da sociedade tecnocrata que se consolida depois da Segunda Guerra Mundial, apresentando como traço mais marcante a excessiva racionalidade das relações econômicas e socioculturais, em todos os âmbitos da vida, nas Sociedades Ocidentais. Também se ancora, teoricamente, nos postulados de Goffman e Joy (2007), que reconhecem o período acima referenciado como o mais significativo, embora optem por analisar a contracultura como um fenômeno próprio da cultura, independentemente do tempo e do espaço e deem preferência ao uso do termo “contraculturas” para designar as inúmeras experiências de contestação e de negação às estruturas do establishment, em diversas experiências históricas, chegando mesmo a considerá-las como uma tradição de ruptura. A narrativa das expressões contraculturais na cidade de Natal, na década de 1980, procura trazer à luz algumas manifestações da contracultura, quem eram os sujeitos que as protagonizaram, como estes se expressavam e interagiam, enfim quais os grupos de artistas que fizeram parte dessas manifestações na cidade de Natal durante a década de 1980. Para isso, recorreu-se à pesquisa ivestigativa, fazendo ancoragem em parte significativa da produção artística e literária de alguns desses sujeitos, tanto aqueles de representação individual quanto aqueles que compunham/representavam um coletivo, situados, todos eles, no circuito contracultural da cidade, no período em destaque. Numa complementação necessária, ainda se apoia na concepção moriniana de acontecimento-de-caráter-modificador (MORIN, 2005), para narrar como essa experiência da contracultura constituiu-se em um fenômeno que incorpora a busca de expressão de uma cultura-revolta (KRISTEVA, 2000). Além do mais, também adota, como centralidade teórica, a noção sloterdjikiana da antropotécnica, a partir da metáfora da escalada do monte improvável da cultura pelo estabelecimento das tensões verticais (SLOTERDJIK, 2013). Tomando-se, em particular, a narrativa da experiência contracultural natalense, no período focalizado, conclui-se, em caráter provisório, que tal experiência pode, com legitimidade, ser considerada como uma manifestação contracultural e, não obstante – como tantas outras em diferentes lugares –, faz parte de um movimento de transformação da cultura, que se pode situar nos marcos das teses defendidas pelos autores, isto é, como acontecimento-de-caráter-modificador, vez que constitui parte de uma cultura-revolta que pode ser compreendida à luz do processo de ressubjetivação dos sujeitos em seu exercício de ascese individual, que acaba por determinar as transformações na cultura. |
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Todavia, o que se considera como sendo o estouro desse fenômeno acontece, de fato, durante os anos de 1960, tendo, como principal vitrine, o Maio de 1968 na França, com desdobramentos na segunda metade da década de 1960 e durante a década de 1970, em alguns países da Europa e nos EUA, com a explosão do rock’in roll e do movimento hippie, influenciando gerações de jovens no mundo inteiro. No Brasil, alcança seu auge na década de 1970, com repercussões na década de 1980. Em ambos os contextos, a contracultura valeu-se da arte e da literatura, nas quais encontrou o ambiente mais fértil de expressão. Esta tese versa sobre alguns aspectos do ativismo intelectual e artístico em Natal, na década de 1980, como um fenômeno que se insere no contexto da expressão contracultural. Na construção de seu arcabouço teórico, toma-se como principal referência o conceito de contracultura em Roszack (1972), para quem a contracultura foi uma forma de contestar a racionalização da sociedade tecnocrata que se consolida depois da Segunda Guerra Mundial, apresentando como traço mais marcante a excessiva racionalidade das relações econômicas e socioculturais, em todos os âmbitos da vida, nas Sociedades Ocidentais. Também se ancora, teoricamente, nos postulados de Goffman e Joy (2007), que reconhecem o período acima referenciado como o mais significativo, embora optem por analisar a contracultura como um fenômeno próprio da cultura, independentemente do tempo e do espaço e deem preferência ao uso do termo “contraculturas” para designar as inúmeras experiências de contestação e de negação às estruturas do establishment, em diversas experiências históricas, chegando mesmo a considerá-las como uma tradição de ruptura. A narrativa das expressões contraculturais na cidade de Natal, na década de 1980, procura trazer à luz algumas manifestações da contracultura, quem eram os sujeitos que as protagonizaram, como estes se expressavam e interagiam, enfim quais os grupos de artistas que fizeram parte dessas manifestações na cidade de Natal durante a década de 1980. Para isso, recorreu-se à pesquisa ivestigativa, fazendo ancoragem em parte significativa da produção artística e literária de alguns desses sujeitos, tanto aqueles de representação individual quanto aqueles que compunham/representavam um coletivo, situados, todos eles, no circuito contracultural da cidade, no período em destaque. Numa complementação necessária, ainda se apoia na concepção moriniana de acontecimento-de-caráter-modificador (MORIN, 2005), para narrar como essa experiência da contracultura constituiu-se em um fenômeno que incorpora a busca de expressão de uma cultura-revolta (KRISTEVA, 2000). Além do mais, também adota, como centralidade teórica, a noção sloterdjikiana da antropotécnica, a partir da metáfora da escalada do monte improvável da cultura pelo estabelecimento das tensões verticais (SLOTERDJIK, 2013). Tomando-se, em particular, a narrativa da experiência contracultural natalense, no período focalizado, conclui-se, em caráter provisório, que tal experiência pode, com legitimidade, ser considerada como uma manifestação contracultural e, não obstante – como tantas outras em diferentes lugares –, faz parte de um movimento de transformação da cultura, que se pode situar nos marcos das teses defendidas pelos autores, isto é, como acontecimento-de-caráter-modificador, vez que constitui parte de uma cultura-revolta que pode ser compreendida à luz do processo de ressubjetivação dos sujeitos em seu exercício de ascese individual, que acaba por determinar as transformações na cultura.The counterculture is known as a phenomenon of the second half of the twentieth century. Its origins date back to the late 1940s, with the "howls" of the beat generation, whose visibility began in the 1950s. But what is considered to be the overflow of this phenomenon, which takes place during the 1960s, the main showcase, the May 1968 in France, unfolding in the second half of the 1960s in the 1970s in some countries of Europe and the USA, with the explosion of rock'in roll and hippie movement, influencing generations of young people In the whole world. In Brazil, the counterculture had its culmination in the 1970s, with repercussions in the 1980s. In both contexts, the counterculture made use of art and literature, where it found the most fertile environment of expression. This thesis deals with some aspects of intellectual and artistic activism in Natal, in the 1980s, as a phenomenon that is inserted in the context of countercultural expression. I took as a main reference the concept of counterculture in Roszack (1972), for whom the counterculture was the form of contestation to the rationalization of the technocratic society that consolidates after the Second World War, whose main feature is the excessive rationality of economic and socio-cultural relations in all spheres of life in Western societies, and also in Goffman and Joy (2007), who recognize the period referred to above as the most significant; However, they choose to analyze counterculture as a culture-specific phenomenon, regardless of time and space, and use the term "countercultures" to denote the innumerable experiences of contestation and denial of establishment structures in various historical experiences. consider it a tradition of rupture. The narrative of countercultural expressions in the city of Natal in the 1980s seeks to bring to light some manifestations of the counterculture, who were the subjects, as expressed and interacted with the groups of artists who were part of the counterculture in the city of Natal during the decade 1980. To this end, research is used, making an anchorage in a significant part of the artistic and literary production of some subjects represented by the individual, as well as by the collective, located in the countercultural circuit of the city in the period in focus. It is based on Morin's conception of a character-event-modifier (Morin, 2005), to narrate how this experience of the counterculture constitutes a phenomenon that incorporates the search for expression of a culture-revolt (KRISTEVA, 2000). Also adopts as theoretical centrality the sloterdjikian notion of anthropotechnician, from the metaphor of improbable mountain climbing of the culture by the establishment of vertical tensions Sloterdjik (2013). As a narrative of the countercultural experience in the Focal Period, he tentatively concludes that such an experience can legitimately be regarded as a counter-cultural manifestation, and yet, like so many others in different places, it is part of a movement of transformation of culture, which we can situate within the framework of the theses defended by the authors, that is, as a character-event-modifier, is part of a culture-revolt that can be understood in the light of the resubjectivation process of the subjects in their exercise of individual asceticism, which ultimately determines the transformations in culture.porCNPQ::OUTROS::CIENCIAS SOCIAISContraculturaNatalCultura-revoltaTensões verticaisAcontecimento de caráter modificadorEscaladas da contracultura: Natal, década de 1980info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAISUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTEXTEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.txtEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.txtExtracted texttext/plain552763https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24663/2/EscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.txt8447c70410b809ac92a2cf8753ed7abeMD52THUMBNAILEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.jpgEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg18348https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24663/3/EscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.jpg5c63964b4b894d7836b6cfa5b8659942MD53TEXTEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.txtEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.txtExtracted texttext/plain552763https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24663/2/EscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.txt8447c70410b809ac92a2cf8753ed7abeMD52THUMBNAILEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.jpgEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg18348https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24663/3/EscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf.jpg5c63964b4b894d7836b6cfa5b8659942MD53ORIGINALEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdfEscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdfapplication/pdf13058175https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24663/1/EscaladascontraculturaNatal_Lima_2017.pdf682578697be54b260c856a1c39332e73MD51123456789/246632022-10-04 19:24:56.236oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/24663Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-10-04T22:24:56Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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