Autonomia da Justiça do Trabalho: o papel institucional da Justiça do Trabalho na construção sustentável da paz e justiça social

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Noronha Neto, Silvério de Souza
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31371
Resumo: A presente dissertação tem por objeto demostrar que a intervenção institucional da Justiça do Trabalho constitui-se em uma práxis no sentido clássico da análise dialética marxista, e o seu comportamento decisional, relativamente autônomo e independente, é efetivamente capaz de transformar a realidade social, através de um contramovimento de desmercantilização da força de trabalho, o que é demonstrado pela possibilidade real de resistência às inovações legislativas de orientação mercadológica trazidas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 (Reforma Trabalhista), que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A partir do conceito de modo de produção e dos conceitos correlatos de formação social, de estruturas regionais, autonomia relativa, instância dominante e de determinação em última instância do econômico, conceitos fundamentais do pensamento marxista desenvolvidos por Nicos Poulantzas (1936-1979), demonstramos que a Justiça do Trabalho, como instância regional e autônoma do modo de produção capitalista, não obstante a dupla institucionalização que estrutura, integrando a reprodução da exploração produtiva da força de trabalho e a proteção social do trabalhador, possui não apenas independência estrutural com relação aos demais poderes da União, mas também autonomia e independência funcional para a alocação autorizada e a defesa dos valores sociais do trabalho, em detrimento das tendências de orientação liberal de mercantilização das forças de produção, o que consubstancia, na análise dialética, uma práxis emancipatória, capaz de resistir as mudanças e definir o curso de inovações legislativas e de seus efeitos políticos imediatos. Para o conhecimento e análise da práxis emancipatória da Justiça do Trabalho, empregamos no presente trabalho o método de análise dialético fundamentado em Benson (1977) integrado à abordagem neoinstitucionalita, para estudar o poder de transformação da realidade social da práxis institucional da Justiça do Trabalho. A aplicação dos quatro princípios da análise dialética de Benson (1977) permitiu-nos demonstrar que as restrições institucionais criadas pela intervenção da Justiça do Trabalho sobre as mudanças legislativas tendentes à implementação de processos de produção, estruturas e relações supostamente mais eficientes e eficazes, sem examinar criticamente os impactos sobre as condições de vida do trabalhador e seus efeitos paralelos na desestruturação de toda sociedade, representa uma práxis crítica e emancipatória para guiar as regras, procedimentos, discursos, práticas e esquemas interpretativos que compõem o campo jurídico de proteção social do trabalho, e, assim, representa um grande obstáculo aos defensores da ideologia do livre mercado.
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Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31371A presente dissertação tem por objeto demostrar que a intervenção institucional da Justiça do Trabalho constitui-se em uma práxis no sentido clássico da análise dialética marxista, e o seu comportamento decisional, relativamente autônomo e independente, é efetivamente capaz de transformar a realidade social, através de um contramovimento de desmercantilização da força de trabalho, o que é demonstrado pela possibilidade real de resistência às inovações legislativas de orientação mercadológica trazidas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 (Reforma Trabalhista), que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A partir do conceito de modo de produção e dos conceitos correlatos de formação social, de estruturas regionais, autonomia relativa, instância dominante e de determinação em última instância do econômico, conceitos fundamentais do pensamento marxista desenvolvidos por Nicos Poulantzas (1936-1979), demonstramos que a Justiça do Trabalho, como instância regional e autônoma do modo de produção capitalista, não obstante a dupla institucionalização que estrutura, integrando a reprodução da exploração produtiva da força de trabalho e a proteção social do trabalhador, possui não apenas independência estrutural com relação aos demais poderes da União, mas também autonomia e independência funcional para a alocação autorizada e a defesa dos valores sociais do trabalho, em detrimento das tendências de orientação liberal de mercantilização das forças de produção, o que consubstancia, na análise dialética, uma práxis emancipatória, capaz de resistir as mudanças e definir o curso de inovações legislativas e de seus efeitos políticos imediatos. Para o conhecimento e análise da práxis emancipatória da Justiça do Trabalho, empregamos no presente trabalho o método de análise dialético fundamentado em Benson (1977) integrado à abordagem neoinstitucionalita, para estudar o poder de transformação da realidade social da práxis institucional da Justiça do Trabalho. A aplicação dos quatro princípios da análise dialética de Benson (1977) permitiu-nos demonstrar que as restrições institucionais criadas pela intervenção da Justiça do Trabalho sobre as mudanças legislativas tendentes à implementação de processos de produção, estruturas e relações supostamente mais eficientes e eficazes, sem examinar criticamente os impactos sobre as condições de vida do trabalhador e seus efeitos paralelos na desestruturação de toda sociedade, representa uma práxis crítica e emancipatória para guiar as regras, procedimentos, discursos, práticas e esquemas interpretativos que compõem o campo jurídico de proteção social do trabalho, e, assim, representa um grande obstáculo aos defensores da ideologia do livre mercado.The purpose of this dissertation is to demonstrate that the institutional intervention of labor tribunals is a praxis in the classic sense of Marxist dialectical analysis, and its decision-making behavior, relatively autonomous and independent, is effectively capable of transforming social reality, through a countermovement of demercantilization of the workforce, which is demonstrated by the real possibility of resistance to legislative innovations of market orientation brought by Act No. 13,467 (Labor Reform) of July 13, 2017, which amended Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Based on the concept of mode of production and the related concepts of social formation, regional structures, relative autonomy, structure in dominance and determination in the last instance by the economic base, fundamental concepts of Marxist thought developed by Nicos Poulantzas (1936-1979), we demonstrate that the labor tribunals, as a regional and autonomous instance of the capitalist mode of production, despite the double institutionalization it structures, integrating the reproduction of the productive exploitation of the labor force and the social protection of the worker, has not only structural independence in relation to the other powers of the Union, but also autonomy and functional independence for the authorized allocation and the defense of the social values of work, to the detriment of liberally oriented tendencies towards the commodification of the forces of production, which, in the dialectical analysis, constitutes an emancipatory praxis, capable of resisting changes and define the course of legislative innovations and their immediate political effects. For the analysis of the emancipatory praxis of labor courts, in this work we use the method of dialectic analysis based on Benson (1977) integrated with the neoinstitutional approach, to study the power of transformation of the social reality of the institutional praxis of labor tribunals. The application of the four principles of Benson's dialectical analysis allowed us to demonstrate that the institutional restrictions created by the intervention of the labor tribunals on legislative changes aimed at the implementation of production processes, structures and relations supposedly more efficient and effective, without critically examining the impacts on workers' living conditions and their parallel effects on the disruption of the whole society, represents a critical and emancipatory praxis to guide the rules, procedures, speeches, practices and interpretative schemes that make up the legal field of social protection of work , and thus represents a major obstacle to defenders of free market ideology.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAISUFRNBrasilNeoinstitucionalismoAutonomia relativa do EstadoJustiça do TrabalhoAutonomia da Justiça do Trabalho: o papel institucional da Justiça do Trabalho na construção sustentável da paz e justiça socialinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALAutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdfapplication/pdf1644807https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/31371/1/AutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdfeef8cb3f65412a6dd76bed6c005b40e7MD51TEXTAutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdf.txtAutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdf.txtExtracted texttext/plain453648https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/31371/2/AutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdf.txt017f948ca894331576fd649ad49b7e69MD52THUMBNAILAutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdf.jpgAutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1255https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/31371/3/AutonomiaJusticaTrabalho_NoronhaNeto_2020.pdf.jpg6b23a6b394d352b1feb9d5f13b501de5MD53123456789/313712021-02-07 05:26:35.156oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/31371Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2021-02-07T08:26:35Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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