Desenvolvimento e sustentabilidade na Bacia Hidrográfica do Rio Guajiru/RN: uma contribuição ao planejamento ambiental a partir do uso da terra e da água

• Autor(a) principal: Rocha, Michele Barbosa da
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54449
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Degradação ambiental; Uso e cobertura da terra; qualidade da água; disponibilidade hídrica

O crescimento das cidades de forma desordenada, atrelado ao processo de industrialização e expansão da atividade agropecuária, contribuiu ao longo do tempo para o surgimento e agravamento de problemas ambientais em bacias hidrográficas. Esta pesquisa teve como objeto de estudo a Bacia Hidrográfica do Rio Guajiru (BHRG), situada no litoral leste do Rio Grande do Norte, com uma área total de 120 km², abrangendo partes dos municípios de Natal, Ceará-Mirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante e Ielmo Marinho. Essa bacia foi selecionada para estudos pela sua importância ambiental e socioeconômica, com potencial para o desenvolvimento da agricultura irrigada nas áreas rurais, e por drenar para um dos reservatórios mais importante do leste potiguar, utilizado para abastecimento público, que é a Lagoa de Extremoz. O objetivo geral foi mapear e caracterizar a ocupação do território e a extensão e qualidade das águas superficiais e subterrâneas como subsídio ao planejamento ambiental. Os procedimentos metodológicos abrangeram a revisão da literatura, o levantamento de dados espaciais e de informações cartográficas, a seleção e o processamento de cena Sentinel 2, o levantamento de dados de poços, o registro de observações de campo e a coleta de amostras para análises de águas, em etapas de campo que também serviram para georreferenciar, descrever e registrar dados e informações. Os dados foram processados e geraram mapas de uso e cobertura da terra, de APPs e conflitos legais e de extensão de lâminas de águas de mananciais superficiais, por meio dos aplicativos Terrahidro/Terraview 086x e o Qgis na versão 3.16.11. Com o mapa de uso e cobertura da terra, foi constatado que as pastagens recobrem 30% da área da bacia, seguida da caatinga arbóreo-arbustiva aberta, com 21,9%. Os campos antropizados, ocupados por atividades agrícolas, representam 19%, e as lâminas de corpos d’água recobrem apenas 0,9% da superfície dos terrenos. O mapa de uso e cobertura da terra nas APPs mostrou que 32,9% dessas áreas são ocupadas por pastagens, e 8,1% por atividades antrópicas, estando essas áreas de proteção degradadas devido à ausência da vegetação nativa, em descumprimento das normas da legislação ambiental. Dados e informações de campo validaram os resultados e atestaram que os conflitos legais e a degradação ambiental na bacia estão amplamente distribuídos, com maiores impactos nas áreas de nascentes, e estritamente associados à ocupação humana desordenada. Dos 164 poços cadastrados na bacia, sobre 132 deles não há informação sobre a situação. Do total de poços cadastrados, 149 são de natureza privada com profundidade que varia de 3 a 160 metros; de 46, não constam as profundidades; e sobre apenas 3 poços privados há informações acerca da qualidade da água. Dos poços públicos, 14 são tubulares, com profundidades que variam de 18 a 85 metros, e apenas três apresentam informações completas sobre qualidade da água. Os resultados das análises mostraram que as três coletas realizadas em cacimbas atualmente se encontram impróprias para consumo humano, conforme a Portaria nº 888 de 2021 do Ministério da Saúde. Do total de 9 amostras de mananciais superficiais, apenas uma apresentou valores dentro dos padrões referência estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357 de 2005, demonstrando qualidade satisfatória para consumo humano, desde que submetida a tratamento prévio. Para dessedentação animal, as amostras dos pontos MB006 e MB007 apresentam qualidade satisfatória. Os resultados desta pesquisa indicaram que a ocupação humana de forma desordenada e o desmatamento são os principais fatores que vêm contribuindo para impactar e degradar os recursos naturais, sobretudo os mananciais superficiais. Concluiu-se, portanto, pela necessidade de novas pesquisas com o fim de gerar mais informações que contribuam para o adequado planejamento do uso da terra e da água, com foco na recuperação ambiental e no reordenamento territorial de áreas de preservação permanente.