Estudo do efeito agudo dos compostos ativos do chá de Ayahuasca (Banisteriopsis Caapi e Psychotria Viridi), em saguis (Callithrix jacchus) como modelo animal de depressão juvenil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Flávia Santos da
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/24855
Resumo: O Transtorno de Depressão Maior (TDM) é um distúrbio de humor de alcance global, atingindo aproximadamente 350 milhões de pessoas em todo o mundo, capaz de induzir prejuízos psicológicos, sociais e fisiológicos, que podem em alguns casos, levar à morte por suicídio. 14 % dos jovens entre 15-18 anos apresentam TDM, o que desperta atenção e preocupação, já que esta fase constitui um período ontogenético de grandes modificações cerebrais que perduram por toda a vida. Atualmente, o tratamento antidepressivo mais empregado em todas as faixas etárias é o farmacológico. Embora as classes mais modernas de antidepressivos sejam mais específicas em sua ação, ainda apresentam efeitos colaterais consideráveis, demoram até duas semanas para iniciar os efeitos terapêuticos desejados e induzem baixa taxa de remissão. Sendo assim, há a necessidade de se buscar novos tratamentos farmacológicos para essa doença, nesse cenário algumas substâncias psicodélicas serotoninérgicas vêm sendo testadas. O chá de ayahuasca, tradicional da Amazônia, tem particularmente chamado a atenção por seus efeitos positivos na saúde, tanto na população geral de usuários quanto em pacientes com transtornos de humor e viciados em drogas de abuso. Para testar a ação antidepressiva aguda da ayahuasca utilizamos o Callithrix jacchus, um primata não-humano que já vem sendo considerado um importante modelo em estudos biomédicos, inclusive de desordens mentais, pois apresenta maior proximidade filogenética aos humanos, possui um etograma bem definido, técnicas não invasivas para medição de cortisol em fezes, boa adaptação em cativeiro e alta taxa de fecundidade. Entretanto, inicialmente foi necessário proceder com a validação da espécie como modelo translacional de depressão juvenil. Para isso foram utilizados dois procedimentos experimentais de isolamento social crônico, em machos e fêmeas de C. jacchus juvenis, que induziu um estado fisiológico e comportamental característico de depressão em primatas não-humanos, o qual foi em grande parte revertido pelo tratamento com um antidepressivo clássico, a nortriptilina, inoculada por 7 dias, e não por um veículo (salina; 7 dias). Esse estudo e seus respectivos resultados estão descritos no artigo I intitulado “Common marmosets: A potential translational animal model of juvenile depression”, publicado no periódico Frontiers in Psychiatry. Em seguida, testamos o potencial antidepressivo agudo do chá de ayahuasca, no modelo translacional previamente validad. Assim, originou-se o artigo II intitulado “Acute antidepressant effect of ayahuasca in juvenile non-human primate model of depression”, submetido no periódico Frontiers in Pharmacology. Observamos que uma dose única de ayahuasca, e não do veículo (salina), induziu melhoras em parte dos sintomas depressivos por até 14 dias e reestabeleceu, de forma rápida, 24 horas após a ingestão, os níveis de cortisol aos valores basais, encontrados quando os animais habitavam a gaiola familiar. Sendo assim, observa-se que o chá de ayahuasca apresentou resultados antidepressivos mais interessantes que a nortriptilina, uma vez que a ayahuasca induziu a reversão dos sintomas mais rapidamente, de maneira mais ajustada e duradoura que a nortriptilina. Ambos os estudos aqui apresentados são de grande relevância para área, uma vez que de maneira inédita um modelo animal translacional de depressão com primatas não-humanos atendeu a todos os critérios de validação, tanto os tradicionais, como; o etiológico, de face, funcional e preditivo, quanto os critérios mais recentes: o inter-relacional, evolutivo e populacional, possibilitando assim a sua utilização em áreas complementares de investigações. Adicionalmente, foi apresentado não apenas ações antidepressivas aguda do chá da ayahuasca, mais também ações mais eficazes quando comparado com um antidepressivo clássico, nortriptilina, corroborando assim no processo de validação desta substância como antidepressivo, estimulando novas investigações farmacologicas, inclusive em adolescentes, que possibilitem a consolidação do chá como antidepressivo, uma vez que ela não tem demonstrado tolerancia à doses, nem efeitos colaterias de longo prazo em usuários recreacionais.
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Dissertação (Mestrado em Psicobiologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/24855O Transtorno de Depressão Maior (TDM) é um distúrbio de humor de alcance global, atingindo aproximadamente 350 milhões de pessoas em todo o mundo, capaz de induzir prejuízos psicológicos, sociais e fisiológicos, que podem em alguns casos, levar à morte por suicídio. 14 % dos jovens entre 15-18 anos apresentam TDM, o que desperta atenção e preocupação, já que esta fase constitui um período ontogenético de grandes modificações cerebrais que perduram por toda a vida. Atualmente, o tratamento antidepressivo mais empregado em todas as faixas etárias é o farmacológico. Embora as classes mais modernas de antidepressivos sejam mais específicas em sua ação, ainda apresentam efeitos colaterais consideráveis, demoram até duas semanas para iniciar os efeitos terapêuticos desejados e induzem baixa taxa de remissão. Sendo assim, há a necessidade de se buscar novos tratamentos farmacológicos para essa doença, nesse cenário algumas substâncias psicodélicas serotoninérgicas vêm sendo testadas. O chá de ayahuasca, tradicional da Amazônia, tem particularmente chamado a atenção por seus efeitos positivos na saúde, tanto na população geral de usuários quanto em pacientes com transtornos de humor e viciados em drogas de abuso. Para testar a ação antidepressiva aguda da ayahuasca utilizamos o Callithrix jacchus, um primata não-humano que já vem sendo considerado um importante modelo em estudos biomédicos, inclusive de desordens mentais, pois apresenta maior proximidade filogenética aos humanos, possui um etograma bem definido, técnicas não invasivas para medição de cortisol em fezes, boa adaptação em cativeiro e alta taxa de fecundidade. Entretanto, inicialmente foi necessário proceder com a validação da espécie como modelo translacional de depressão juvenil. Para isso foram utilizados dois procedimentos experimentais de isolamento social crônico, em machos e fêmeas de C. jacchus juvenis, que induziu um estado fisiológico e comportamental característico de depressão em primatas não-humanos, o qual foi em grande parte revertido pelo tratamento com um antidepressivo clássico, a nortriptilina, inoculada por 7 dias, e não por um veículo (salina; 7 dias). Esse estudo e seus respectivos resultados estão descritos no artigo I intitulado “Common marmosets: A potential translational animal model of juvenile depression”, publicado no periódico Frontiers in Psychiatry. Em seguida, testamos o potencial antidepressivo agudo do chá de ayahuasca, no modelo translacional previamente validad. Assim, originou-se o artigo II intitulado “Acute antidepressant effect of ayahuasca in juvenile non-human primate model of depression”, submetido no periódico Frontiers in Pharmacology. Observamos que uma dose única de ayahuasca, e não do veículo (salina), induziu melhoras em parte dos sintomas depressivos por até 14 dias e reestabeleceu, de forma rápida, 24 horas após a ingestão, os níveis de cortisol aos valores basais, encontrados quando os animais habitavam a gaiola familiar. Sendo assim, observa-se que o chá de ayahuasca apresentou resultados antidepressivos mais interessantes que a nortriptilina, uma vez que a ayahuasca induziu a reversão dos sintomas mais rapidamente, de maneira mais ajustada e duradoura que a nortriptilina. Ambos os estudos aqui apresentados são de grande relevância para área, uma vez que de maneira inédita um modelo animal translacional de depressão com primatas não-humanos atendeu a todos os critérios de validação, tanto os tradicionais, como; o etiológico, de face, funcional e preditivo, quanto os critérios mais recentes: o inter-relacional, evolutivo e populacional, possibilitando assim a sua utilização em áreas complementares de investigações. Adicionalmente, foi apresentado não apenas ações antidepressivas aguda do chá da ayahuasca, mais também ações mais eficazes quando comparado com um antidepressivo clássico, nortriptilina, corroborando assim no processo de validação desta substância como antidepressivo, estimulando novas investigações farmacologicas, inclusive em adolescentes, que possibilitem a consolidação do chá como antidepressivo, uma vez que ela não tem demonstrado tolerancia à doses, nem efeitos colaterias de longo prazo em usuários recreacionais.The Major Depression Disorder (MDD) is a mood disorder of global reach, reaching approximately 350 million people, capable to induce psychological, social and physiological impair, which in some cases can lead to death by suicide. 14% of young people aged 15-18 have MDD that provoke attention and apprehension, since this phase consist an ontogenetic period of major brain modifications that last for the all lives. Currently, the most commonly used antidepressant treatment in all age groups is the pharmacological treatment. Although the newer classes of antidepressants are more specific in their action, they still have considerable side effects, take up to two weeks to initiate the desired therapeutic effects and induce low rate of remission. Thereby, there is a necessity to seek new pharmacological treatments for this disease. In this scenario, have been tested some psychedelic serotonergic substances. The ayahuasca tea, a traditional Amazonian tea, has particularly drawn attention by its positive effects on health, both in the general population of users and in patients with mood disorders and drug addicts. To test the acute antidepressant action of ayahuasca was used Callithrix jacchus, a non-human primate that has already been considered an important model in biomedical studies, including mental disorders, because it´s more phylogenetic proximity to humans, has a well-defined etogram, invasive methods for measuring cortisol in feces, good adaptation in captivity and high fecundity rate. However, it was initially necessary to validate the species as a translational model of juvenile depression. For this purpose, two experimental procedures of chronic social isolation were used in males and females of C. jacchus juveniles, which induced a physiological and behavioral state characteristic of depression in nonhuman primates, which was largely reversed by treatment with an antidepressant nortriptyline, inoculated for 7 days, rather than vehicle (vehicle, 7 days). This study and its results are described in article I entitled " Common marmosets: A potential translational animal model of juvenile depression", published in the Journal Frontiers in Psychiatry. We then tested the acute antidepressant potential of ayahuasca tea in the previously validated translational model. Thus, was originated the article II entitled "Acute antidepressant effect of Ayahuasca in juvenile non-human primate model of depression", which was submitted in the journal Frontiers in Pharmacology . We observed that a single dose of ayahuasca, not vehicle (saline), induced improvements in part of depressive-like symptoms for up to 14 days and quickly restored 24 hours after ingestion to cortisol levels at baseline, when the animals inhabited the family cage. Thus, it is observed that ayahuasca tea presented more interesting antidepressant results than nortriptyline, since ayahuasca induced the reversal of symptoms more quickly, in a more adjusted and lasting way that nortriptyline. Both studies presented here are of great relevance to the area, since in an unpublished way a translational animal model of depression with nonhuman primates met all validation criteria, both traditional, the etiological, face, functional and predictive, as well as the most recent criteria: the inter-relational, evolutionary and population, thus enabling its use in complementary areas of investigation. In addition, not only acute antidepressant actions of ayahuasca tea were presented, but also more affective actions when compared with a classic antidepressant, nortriptyline, thus corroborating in the validation process of this drug as antidepressant, stimulating new pharmacological investigations, including in adolescents, that make possible the consolidation of tea as an antidepressant, since it has not shown tolerance to doses, nor long-term side effects in recreational users.porCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS: PSICOBIOLOGIAModelo animal translacionalPrimata não-humanoNeuroendocrinologiaDepressão juvenilSubstâncias psicodélicasEstudo do efeito agudo dos compostos ativos do chá de Ayahuasca (Banisteriopsis Caapi e Psychotria Viridi), em saguis (Callithrix jacchus) como modelo animal de depressão juvenilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIAUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTEXTFlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf.txtFlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf.txtExtracted texttext/plain194496https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24855/2/FlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf.txte9a19004287b42fb7873fcbd7b3c9923MD52THUMBNAILFlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf.jpgFlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg4622https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24855/3/FlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf.jpg2f84ad784e50a8a847c8151177686c09MD53ORIGINALFlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdfFlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdfapplication/pdf2698434https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24855/1/FlaviaSantosDaSilva_DISSERT.pdf601aee1964858857a998e43aebd620e9MD51123456789/248552019-01-30 16:03:52.944oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/24855Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2019-01-30T19:03:52Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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