Relatório antropológico da comunidade quilombola de Boa Vista (RN)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Livro |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49642 |
Resumo: | A comunidade quilombola de Boa Vista é situada no sertão do Rio Grande do Norte, no município de Parelhas. O grupo mantém uma longa memória genealógica que remonta aos meados do século XVIII, época em que a "retirante" Tereza veio se instalar nas terras do coronel Gurjão. A pesquisa documental comprove a ancestralidade da ocupação do território. A memória do grupo é composta pela rememoração dos laços genealógicos fundados nos inter-casamentos, tem, como principal função de determinar a divisão das terras coletivas entre as famílias. O sentimento de identidade é mantido através a reafirmação das relações de parentesco, o compartilhamento de uma narrativa de fundação e de uma história comum e o pertencimento à Irmandade do Rosário. Apesar das mudanças ocorridas na organização econômica e social do grupo, constatamos que as principais formas de solidariedade foram mantidas, mesmo se ressignificadas: as relações de parentesco, a Irmandade do Rosário, a dança do Espontão e a devoção à santa. Ao longo dos anos, a comunidade sofreu vários esbulhos das terras por parte dos proprietários vizinhos. Com o processo de desertificação se agravando e com a crise do algodão, a partir dos anos 1970-80, os moradores tiveram que abandonar gradativamente as atividades agrícolas, empregando-se nas cerâmicas ou tendo que migrar para cidades a procura de emprego. O trabalho agrícola continuou a ser uma atividade de subsistência, apesar das dificuldades encontradas. O território atualmente ocupado pelas famílias que encontra-se na área mais crítica de desertificação da região, tornou-se insuficiente para a manutenção do grupo: as atividades agrícolas encontram-se reduzidas, os mais jovens tem que sair da Boa Vista para procurar empregos nas cerâmicas circunvizinhas, nas cidades da região ou fora do Estado. As mulheres assumem um papel central na vida cotidiana e política do grupo, pois são elas que se projetam como lideranças e que sustem os projetos de desenvolvimento (melhorias da infra-estrutura, artesanato, pesca). |
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Cavignac, Julie2022-10-27T16:57:05Z2022-10-27T16:57:05Z2007-12-20Cavignac, Julie Antoinette (Coord.). Relatório antropológico da comunidade quilombola de Boa Vista (RN). Natal: UFRN; INCRA-RN, 2007.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49642Relatório AntropológicoQuilomboBoa Vista RNRio Grande do NorteRelatório antropológico da comunidade quilombola de Boa Vista (RN)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bookA comunidade quilombola de Boa Vista é situada no sertão do Rio Grande do Norte, no município de Parelhas. O grupo mantém uma longa memória genealógica que remonta aos meados do século XVIII, época em que a "retirante" Tereza veio se instalar nas terras do coronel Gurjão. A pesquisa documental comprove a ancestralidade da ocupação do território. A memória do grupo é composta pela rememoração dos laços genealógicos fundados nos inter-casamentos, tem, como principal função de determinar a divisão das terras coletivas entre as famílias. O sentimento de identidade é mantido através a reafirmação das relações de parentesco, o compartilhamento de uma narrativa de fundação e de uma história comum e o pertencimento à Irmandade do Rosário. Apesar das mudanças ocorridas na organização econômica e social do grupo, constatamos que as principais formas de solidariedade foram mantidas, mesmo se ressignificadas: as relações de parentesco, a Irmandade do Rosário, a dança do Espontão e a devoção à santa. Ao longo dos anos, a comunidade sofreu vários esbulhos das terras por parte dos proprietários vizinhos. Com o processo de desertificação se agravando e com a crise do algodão, a partir dos anos 1970-80, os moradores tiveram que abandonar gradativamente as atividades agrícolas, empregando-se nas cerâmicas ou tendo que migrar para cidades a procura de emprego. O trabalho agrícola continuou a ser uma atividade de subsistência, apesar das dificuldades encontradas. 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