Saberes e sentires do agente comunitário de saúde no combate à pandemia da Covid-19: o encharcar-se de realidades de uma nutricionista residente em Currais Novos/RN

• Autor(a) principal: Medeiros, Maria Rita Garcia de
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/47021
• topic: Agentes Comunitários de Saúde; COVID-19; Atenção Primária à Saúde; Health Community Agents; Health Primary Care

O Sistema Único de Saúde (SUS) possui os níveis de atenção que sugerem assistência à população por meio de promoção, proteção, tratamento e reabilitação da saúde de forma integral, universal e equânime. Diante da pandemia da COVID-19, o trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS) foi necessário para o enfrentamento dessa crise sanitária. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) e os residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no município de Currais Novos no Rio Grande do Norte (RN), atuaram em conjunto na APS, no contexto de pandemia. Os processos de trabalho tiveram que ser reorganizados, havendo a reformulação de atividades e ações na APS de acordo com o novo contexto. Este estudo tem o objetivo de descrever a experiência de uma nutricionista residente que atuou com os ACS, destacando as contribuições deles nesse cenário, as limitações e potencialidades verificadas nos processos de trabalho, as relações interprofissionais e a qualificação profissional da autora. Trata-se de um relato de experiência baseado nas conversas informais, registros livres, resgate de memória e reflexões do cotidiano de trabalho entre uma nutricionista residente e os ACS de duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Currais Novos – RN no ano de 2020. No desenvolvimento desse relato, descreveu-se como se deram as reorganizações das UBS nas quais a nutricionista trabalhou durante o primeiro ano da residência (R1), como a mudança do fluxo de pessoas e realização de teleatendimentos. Quanto aos desafios enfrentados pelos ACS, foram visualizadas a escassez ou pouco recebimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), ausência de transporte e combustível para a realização das visitas domiciliares, falta de capacitação profissional, desfalque e rotatividade de recursos humanos que culminavam em sobrecarga de trabalho, gerando adoecimento físico e psíquico, também potencializados pela pandemia. Em relação às potencialidades identificadas, foram destacadas a incorporação de tecnologias para otimização do tempo de trabalho e protagonismo de alguns ACS na tomada de decisões importantes entre equipe. No que concerne às relações interprofissionais entre residentes e ACS, algumas delas foram rasas e/ou comprometidas devido a inexperiência e falta de tempo para a realização de matriciamento e discussões de casos. A não realização de educação permanente aos ACS por parte do município foi um fator que levou os residentes a idealizarem e executarem a Capacitação para Agentes Comunitários de Saúde (CACS) com temáticas escolhidas por eles mesmos, no intuito de estreitar vínculos e construir conhecimento de forma interprofissional. Apesar das dificuldades, a relação ACS-residente agregou de forma significativa na qualificação profissional da nutricionista. As informações expostas permitem uma maior compreensão da realidade vivenciada pelos ACS no cenário de pandemia e a fragilidade do trabalho interprofissional, sendo necessário haver uma maior valorização dessa categoria profissional através de estratégias da gestão municipal, estadual e federal de modo a ofertar condições dignas de trabalho, efetividade do cuidado e consolidação do SUS. A residência mostrou-se influente para apontar essas questões relacionadas ao trabalho do ACS.