Aplicação dos íntrons do grupo I do mitogenoma de Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii para identificação de espécies e sua associação com susceptibilidade a antifúngicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Ronald Muryellison Oliveira da Silva
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54835
Resumo: Os complexos de espécies de Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii são compostos por fungos patogênicos que matam mais de 112.000 pessoas anualmente em todo o mundo, sendo a meningoencefalite o principal sintoma da criptococose. Características como virulência e susceptibilidade a antifúngicos podem variar dentro de cada espécie segundo o genótipo fúngico: C. neoformans é dividido nos tipos moleculares VNI, VNII, VNIII e VNIV e C. gattii em VGI, VGII, VGIII e VGIV. Sendo assim, é necessário e urgente um diagnóstico diferencial com marcadores moleculares específicos. Os íntrons autocatalíticos do grupo I podem ser um alvo potencial para distinção entre os tipos moleculares dessas leveduras já que possuem polimorfismos quanto a sua presença e sequência de pares de bases. Além disso, como o auto-splicing destes elementos é vital para a célula fúngica, eles são considerados importantes alvos terapêuticos, uma vez que estão ausentes no genoma humano. Com base nisso, este estudo objetivou avaliar a presença de íntrons do grupo I nos genes mitocondriais cob e cox1 de isolados fúngicos do gênero Cryptococcus, buscar ORFs com genes de endonucleases nas sequências intrônicas, averiguar o potencial uso desses elementos genéticos como marcadores moleculares para diferenciação de genótipos e/ou espécies e analisar sua relação com a susceptibilidade a antifúngicos, além de estudar sua origem, distribuição e evolução através de análises filogenéticas. Os dados obtidos da amplificação de íntrons dos genes cob e cox1 mostraram que o complexo C. neoformans possui em média menos íntrons em seu mitogenoma e que há um grande polimorfismo de presença e de tamanho destes elementos entre e dentro dos genótipos, o que impossibilita o uso de um único marcador intrônico para diferenciar genótipo e/ou espécie nos complexos C. neoformans e C. gattii. Contudo, a diferenciação entre as espécies é possível com combinações de PCRs dos íntrons de mtLSU e cox1 para espécies de C. neoformans e dos íntrons de mtLSU e cob para C. gattii. Aproximadamente 80,5% dos íntrons sequenciados possuíam homing endonucleases e as análises filogenéticas mostraram que íntrons que ocupam o mesmo sítio de inserção formam clados monofiléticos e provavelmente possuem como ancestral comum um íntron que invadiu esse sítio antes da divergência entre as espécies. Houve apenas um caso de invasão heteróloga oriunda provavelmente de transferência horizontal entre um isolado do genótipo VGIV e outros fungos. Quanto aos ensaios de susceptibilidade aos antifúngicos, viu-se que os valores de concentração inibitória mínima do fluconazol, 5-flucitosina e pentamidina se mostraram estatisticamente associados aos complexos de espécies, tendo o C. gattii maiores MICs para o fluconazol e o C. neoformans maiores MICs para 5-flucitosina e pentamidina. A presença de íntrons se mostrou relacionada com a susceptibilidade à anfotericina-B, para a qual uma maior quantidade de íntrons esteve associada a menores valores de MIC e à 5-flucitosina e pentamidina, para as quais a influência da presença de íntrons variou entre os complexos: quanto à 5-flucitosina, a presença de íntrons se relacionou com menor susceptibilidade em C. neoformans e maior em C. gattii, e o cenário oposto foi visto para pentamidina, para a qual os íntrons estiveram associados à maior susceptibilidade em C. neoformans e menor em C. gattii.
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Dissertação (Mestrado em Bioquímica e Biologia Molecular) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54835Os complexos de espécies de Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii são compostos por fungos patogênicos que matam mais de 112.000 pessoas anualmente em todo o mundo, sendo a meningoencefalite o principal sintoma da criptococose. Características como virulência e susceptibilidade a antifúngicos podem variar dentro de cada espécie segundo o genótipo fúngico: C. neoformans é dividido nos tipos moleculares VNI, VNII, VNIII e VNIV e C. gattii em VGI, VGII, VGIII e VGIV. Sendo assim, é necessário e urgente um diagnóstico diferencial com marcadores moleculares específicos. Os íntrons autocatalíticos do grupo I podem ser um alvo potencial para distinção entre os tipos moleculares dessas leveduras já que possuem polimorfismos quanto a sua presença e sequência de pares de bases. Além disso, como o auto-splicing destes elementos é vital para a célula fúngica, eles são considerados importantes alvos terapêuticos, uma vez que estão ausentes no genoma humano. Com base nisso, este estudo objetivou avaliar a presença de íntrons do grupo I nos genes mitocondriais cob e cox1 de isolados fúngicos do gênero Cryptococcus, buscar ORFs com genes de endonucleases nas sequências intrônicas, averiguar o potencial uso desses elementos genéticos como marcadores moleculares para diferenciação de genótipos e/ou espécies e analisar sua relação com a susceptibilidade a antifúngicos, além de estudar sua origem, distribuição e evolução através de análises filogenéticas. Os dados obtidos da amplificação de íntrons dos genes cob e cox1 mostraram que o complexo C. neoformans possui em média menos íntrons em seu mitogenoma e que há um grande polimorfismo de presença e de tamanho destes elementos entre e dentro dos genótipos, o que impossibilita o uso de um único marcador intrônico para diferenciar genótipo e/ou espécie nos complexos C. neoformans e C. gattii. Contudo, a diferenciação entre as espécies é possível com combinações de PCRs dos íntrons de mtLSU e cox1 para espécies de C. neoformans e dos íntrons de mtLSU e cob para C. gattii. Aproximadamente 80,5% dos íntrons sequenciados possuíam homing endonucleases e as análises filogenéticas mostraram que íntrons que ocupam o mesmo sítio de inserção formam clados monofiléticos e provavelmente possuem como ancestral comum um íntron que invadiu esse sítio antes da divergência entre as espécies. Houve apenas um caso de invasão heteróloga oriunda provavelmente de transferência horizontal entre um isolado do genótipo VGIV e outros fungos. Quanto aos ensaios de susceptibilidade aos antifúngicos, viu-se que os valores de concentração inibitória mínima do fluconazol, 5-flucitosina e pentamidina se mostraram estatisticamente associados aos complexos de espécies, tendo o C. gattii maiores MICs para o fluconazol e o C. neoformans maiores MICs para 5-flucitosina e pentamidina. A presença de íntrons se mostrou relacionada com a susceptibilidade à anfotericina-B, para a qual uma maior quantidade de íntrons esteve associada a menores valores de MIC e à 5-flucitosina e pentamidina, para as quais a influência da presença de íntrons variou entre os complexos: quanto à 5-flucitosina, a presença de íntrons se relacionou com menor susceptibilidade em C. neoformans e maior em C. gattii, e o cenário oposto foi visto para pentamidina, para a qual os íntrons estiveram associados à maior susceptibilidade em C. neoformans e menor em C. gattii.The species complexes of Cryptococcus neoformans and Cryptococcus gattii are composed of pathogenic fungi that kill over 112,000 people annually worldwide, having meningoencephalitis as the main symptom of cryptococcosis. Characteristics such as virulence and antifungal susceptibility can vary within each species according to fungal genotype: C. neoformans is divided into molecular types VNI, VNII, VNIII, and VNIV, and C. gattii into VGI, VGII, VGIII, and VGIV. Therefore, specific molecular markers are necessary for differential diagnosis. Autocatalytic group I introns can be a potential target for distinguishing between molecular types of these yeasts, as they have polymorphisms regarding their presence and base pair sequences. Furthermore, since the auto-splicing of these elements is vital for the fungal cell, they are considered important therapeutic targets since they are absent from the human genome. Therefore, this study aimed to evaluate the presence of group I introns in the mitochondrial cob and cox1 genes of Cryptococcus fungal isolates, search for ORFs with endonuclease genes in intronic sequences, investigate the potential use of these genetic elements as molecular markers for differentiation of genotypes and/or species, and analyze their relationship with antifungal susceptibility andin addition to study their origin, distribution, and evolution through phylogenetic analyses. The data obtained from intron amplification of cob and cox1 genes showed that the C. neoformans complex has, on average, fewer introns in its mitogenome, and there is a great polymorphism of presence and size of these elements among and within genotypes, making it impossible to use a single intronic marker to differentiate genotype and/or species in the C. neoformans and C. gattii complexes. However, differentiation between species is possible with combinations of PCRs of mtLSU and cox1 introns for C. neoformans species and mtLSU and cob introns for C. gattii. Approximately 80.5% of the sequenced introns had homing endonucleases, and phylogenetic analyses showed that introns occupying the same insertion site form monophyletic clades and probably have a common ancestor that invaded this site before the species diverged. There was only one case of heterologous invasion, probably originating from horizontal transfer between a VGIV genotype isolate and other fungi. Regarding susceptibility assays to antifungal agents, it was observed that the minimum inhibitory concentration (MIC) values of fluconazole, 5-flucytosine, and pentamidine were statistically associated with species complexes, with C. gattii having higher MICs for fluconazole and C. neoformans having higher MICs for 5-flucytosine and pentamidine. The presence of introns was related to susceptibility to amphotericin B, for which a higher number of introns was associated with lower MIC values, and to 5-flucytosine and pentamidine, for which the influence of the presence of introns varied between complexes: regarding 5-flucytosine, the presence of introns was related to lower susceptibility in C. neoformans and higher in C. gattii, and the opposite scenario was observed for pentamidine, for which introns were associated with higher susceptibility in C. neoformans and lower in C. gattii.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq2025-06-23Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULARUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICASCriptococoseÍntrons do grupoEspécies crípticasCobCox1AntifúngicosAplicação dos íntrons do grupo I do mitogenoma de Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii para identificação de espécies e sua associação com susceptibilidade a antifúngicosApplication of group I introns from the mitogenome of Cryptococcus neoformans and Cryptococcus gattii for species identification and their association with antifungal susceptibilityinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALAplicacaointronsgrupo_Gomes_2023.pdfapplication/pdf2941566https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/54835/1/Aplicacaointronsgrupo_Gomes_2023.pdf9565a3271038bc945452b23f52cd0846MD51123456789/548352024-03-19 01:03:50.544oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/54835Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2024-03-19T04:03:50Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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Gomes, Ronald Muryellison Oliveira da Silva
CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS
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