Branqueamento massivo de corais causado pela onda de calor de 2020 no nordeste brasileiro
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55232 |
Resumo: | As ondas de calor marinhas estão se tornando mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas globais, sendo consideradas entre as maiores causas de degradação nos recifes. Apesar de os recifes de corais do Atlântico Sudoeste terem sido afetados por menos eventos de branqueamento em comparação com os do Indo-Pacífico e o Caribe, esse cenário mudou na última década quando a região foi atingida por pelo menos três grandes eventos. Em 2020, o nordeste brasileiro foi afetado pela maior onda de calor desde que se iniciaram os registros em 1985, causando um branqueamento de corais jamais visto anteriormente na região. Monitoramos a saúde dos corais nos recifes rasos de Rio do Fogo – RN durante o ano de 2020, compreendendo momentos antes, durante e depois da onda de calor. Nosso objetivo foi entender se os impactos causados pela onda de calor variam entre espécies de corais e se são influenciados por atributos morfológicos, como o tamanho das colônias. Avaliamos a saúde dos corais utilizando o Coral Health Chart (Coral Watch) em foto-quadrados realizados ao longo de 5 transectos. Nessas fotos, avaliamos a saúde dos corais escleractínios Agaricia agaricites, Favia gravida, Porites astreoides, e Siderastrea stellata, e dos zoantídeos Palythoa caribaeorum, Palythoa grandiflora, Palythoa variabilis e Zoanthus sociatus. Observamos que os corais escleractínios apresentaram alta incidência de branqueamento, 77% em abril e 64% em maio, quando a onda de calor esteve mais intensa. A espécie dominante, S. stellata (99,2% da cobertura total de corais), e P. astreoides, conseguiram recuperar a coloração saudável em cerca de dois meses, porém A. agaricites e F. gravida tiveram perdas na cobertura de 100% e 90%, respectivamente. No caso dos zoantídeos, as espécies se mantiveram estáveis com pouca perda de coloração no período de maior estresse. Colônias de S. stellata de área menor que 5 cm² apresentaram maior sensibilidade, branqueando antes das colônias maiores, potencialmente causando menos prejuízos demográficos à espécie uma vez que colônias maiores têm um maior aporte reprodutivo. No período em que a onda de calor foi mais severa, 85% das colônias de S. stellata apresentaram sinal de branqueamento, independente de sua classe de tamanho, com o declínio desse valor com a redução do estresse térmico. A cobertura dos corais dominantes se manteve estável após o evento de branqueamento, porém, espécies menos abundantes não se recuperaram, causando perdas na diversidade de corais e não necessariamente na cobertura. Estes resultados ressaltam a importância do monitoramento em nível de espécie e após o pico dos eventos de branqueamento, a fim de compreender as reais perdas ocasionadas por esses fenômenos. |
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Nascimento, Wildna Fernandes dohttp://lattes.cnpq.br/9167783824517592http://orcid.org/0000-0003-2033-7439http://lattes.cnpq.br/3947302863354812Garrido, Amana GuedesMies, MiguelLongo, Guilherme Ortigara2023-11-08T20:43:42Z2023-11-08T20:43:42Z2023-04-24NASCIMENTO, Wildna Fernandes do. Branqueamento massivo de corais causado pela onda de calor de 2020 no nordeste brasileiro. Orientador: Dr. Guilherme Ortigara Longo. 2023. 35f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55232As ondas de calor marinhas estão se tornando mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas globais, sendo consideradas entre as maiores causas de degradação nos recifes. Apesar de os recifes de corais do Atlântico Sudoeste terem sido afetados por menos eventos de branqueamento em comparação com os do Indo-Pacífico e o Caribe, esse cenário mudou na última década quando a região foi atingida por pelo menos três grandes eventos. Em 2020, o nordeste brasileiro foi afetado pela maior onda de calor desde que se iniciaram os registros em 1985, causando um branqueamento de corais jamais visto anteriormente na região. Monitoramos a saúde dos corais nos recifes rasos de Rio do Fogo – RN durante o ano de 2020, compreendendo momentos antes, durante e depois da onda de calor. Nosso objetivo foi entender se os impactos causados pela onda de calor variam entre espécies de corais e se são influenciados por atributos morfológicos, como o tamanho das colônias. Avaliamos a saúde dos corais utilizando o Coral Health Chart (Coral Watch) em foto-quadrados realizados ao longo de 5 transectos. Nessas fotos, avaliamos a saúde dos corais escleractínios Agaricia agaricites, Favia gravida, Porites astreoides, e Siderastrea stellata, e dos zoantídeos Palythoa caribaeorum, Palythoa grandiflora, Palythoa variabilis e Zoanthus sociatus. Observamos que os corais escleractínios apresentaram alta incidência de branqueamento, 77% em abril e 64% em maio, quando a onda de calor esteve mais intensa. A espécie dominante, S. stellata (99,2% da cobertura total de corais), e P. astreoides, conseguiram recuperar a coloração saudável em cerca de dois meses, porém A. agaricites e F. gravida tiveram perdas na cobertura de 100% e 90%, respectivamente. No caso dos zoantídeos, as espécies se mantiveram estáveis com pouca perda de coloração no período de maior estresse. Colônias de S. stellata de área menor que 5 cm² apresentaram maior sensibilidade, branqueando antes das colônias maiores, potencialmente causando menos prejuízos demográficos à espécie uma vez que colônias maiores têm um maior aporte reprodutivo. No período em que a onda de calor foi mais severa, 85% das colônias de S. stellata apresentaram sinal de branqueamento, independente de sua classe de tamanho, com o declínio desse valor com a redução do estresse térmico. A cobertura dos corais dominantes se manteve estável após o evento de branqueamento, porém, espécies menos abundantes não se recuperaram, causando perdas na diversidade de corais e não necessariamente na cobertura. Estes resultados ressaltam a importância do monitoramento em nível de espécie e após o pico dos eventos de branqueamento, a fim de compreender as reais perdas ocasionadas por esses fenômenos.Marine heatwaves are becoming more frequent and intense due to global climate change, and are considered among the major causes of reef degradation. Although coral reefs in the Southwest Atlantic were less affected by bleaching events compared to those in the Indo-Pacific and Caribbean, this scenario changed in the last decade when the region was hit by at least 3 major events. In 2020, the Brazilian northeast was affected by the biggest heatwave since records began in 1985, causing a bleaching event as never seen before in this region. We monitored the health of corals in the shallow reefs of Rio do Fogo - RN during the year 2020, including moments before, during, and after the marine heatwave. Our goal was to understand if the impacts caused by the heatwave vary between coral species and if they are influenced by morphological attributes such as the size of the colonies. We assessed coral health using the Coral Health Chart (Coral Watch) in photo quadrats taken along 5 transects. In these photos, we evaluated the health of the scleractinian corals Agaricia agaricites, Favia gravida, Porites astreoides, and Siderastrea stellata, and the zoanthids Palythoa caribaeorum, Palythoa grandiflora, Palythoa variabilis, and Zoanthus sociatus. We observed that scleractinian corals showed high bleaching (77% and 64%) when the heat wave was more intense (April and May, respectively). The dominant species S. stellata (99.2% of the total coral cover) and P. astreoides were able to recover the healthy color in about two months, however A. agaricites and F. gravida presented coverage losses of 100% and 90%, respectively. In the case of zoanthids, these species remained stable with little color loss in the period of greatest stress. Colonies of S. stellata with an area smaller than 5 cm² showed greater sensitivity, bleaching before larger colonies, potentially causing less demographic damage to the species since larger colonies have a greater reproductive contribution. In the period when the heat wave was more severe, 85% of the colonies showed a bleaching signal, regardless of their size class, with a decline in this value with the reduction of thermal stress. Coverage of dominant corals remained stable after the bleaching event, but less abundant species did not recover, causing losses in coral diversity and not necessarily in cover. These results underscore the importance of monitoring at the species level and after the peak of bleaching events to understand the real losses caused by these phenomena.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIAUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIAMudanças climáticasEstresse térmicoResistênciaResiliência de coraisBranqueamento massivo de corais causado pela onda de calor de 2020 no nordeste brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALBranqueamentomassivocorais_Nascimento_2023.pdfapplication/pdf1448930https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/55232/1/Branqueamentomassivocorais_Nascimento_2023.pdf3c9d9352c5ba736bdcae290511d9f4e2MD51123456789/552322023-11-08 17:44:26.412oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/55232Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2023-11-08T20:44:26Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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