A constituição da concepção do ensino de leitura da BNCC (ensino fundamental) – anos finais: uma análise linguístico-discursiva

• Autor(a) principal: Rocha, Álvaro Lopes Silva da
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57000
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA::TEORIA E ANALISE LINGUISTICA; BNCC; Ensino de leitura; Vozes

A Base Nacional Comum Curricular possui como filiação de linguagem a enunciativo-discursiva e é um dos principais documentos normativos que rege o ensino da educação básica no país, servindo como material de consulta para que o professor possa orientar sua prática em sala de aula. Sendo assim, questionamos: Como está constituída a concepção do ensino de leitura presente na Base Nacional Comum Curricular (Ensino Fundamental) - Anos Finais? Elencamos ainda outras questões: Quais são as vozes que sustentam a proposta do ensino de leitura presente na BNCC? Como elas estão materializadas no texto e quais os efeitos de sentido que essas vozes causam? Quais as incongruências do modo como as vozes que sustentam a concepção de leitura é abordada na BNCC em relação à perspectiva enunciativo-discursiva de linguagem que o documento adota? Com base nisso, o presente trabalho tem como objetivo geral investigar como está constituída a concepção do ensino de leitura presente na Base Nacional Comum Curricular (Ensino Fundamental) - Anos Finais. Objetivamos ainda: a)identificar quais as vozes que sustentam a proposta do ensino de leitura presente na BNCC Ensino Fundamental - Anos Finais; b) analisar como as vozes identificadas estão materializadas no texto e postular possíveis efeitos de sentido; c) apontar possíveis incongruências do modo como as vozes que sustentam a concepção de leitura é abordada na BNCC em relação à perspectiva enunciativo-discursiva de linguagem que o documento adota. Para isso, buscamos subsídio teórico, dentre os autores consultados, nas postulações de Authier-Revuz (1990; 1998; 2004) e sua teoria da heterogeneidade enunciativa; Orlandi (1987; 2008; 2012) e suas contribuições da análise do discurso, principalmente da concepção de leitura e Guimarães (2022) e Lima (2022) que nortearam nosso olhar sobre a investigação de um documento normativo do caráter da BNCC. A pesquisa é de natureza qualitativa com objetivos exploratórios e segue a perspectiva do paradigma indiciário proposto por Ginzburg (1989) somado às categorias de heterogeneidade constitutiva e mostrada (marcada e não-marcada) propostas por Authier-Revuz (2004). O corpus do trabalho é composto pela subseção da BNCC: 4.1.1. Língua Portuguesa. Por fim, como resultados da pesquisa, constatamos por meio de indícios linguístico-discursivos, a presença dos discursos tecnicista e neoliberal como vozes que atravessam e constituem a concepção de ensino de leitura da BNCC de maneira mostrada não-marcada, além da presença da voz de Bakhtin materializada de maneira diluída ao decorrer de todo o texto, mas não mencionado devidamente, o que corrobora para um processo de esvaziamento de sua voz devido a falta de clareza em sua autoria como teórico responsável pelas postulações que o documento se ampara.