Compreendendo a vivência do parto domiciliar planejado e as implicações para um cuidado humanizado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Borges, Michele Nobre
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/24721
Resumo: No Brasil, cerca de 98% dos nascimentos acontecem em instituições de saúde e uma parcela da pequena quantidade de partos que ocorrem fora dessas instituições são provenientes de nascimentos de urgência. Mas existe também uma crescente quantidade de partos domiciliares planejados no qual as mulheres buscam resgatar nessa experiência uma assistência e cuidado focados na autonomia, protagonismo, individualidade e privacidade de cada mulher. No Brasil, essa modalidade de parto ainda é tratada com muito preconceito, tanto por profissionais da saúde quanto pela sociedade. Diante desse contexto, essa dissertação teve como objetivo principal compreender a experiência de mulheres que optaram pelo parto domiciliar planejado na cidade de Natal/RN a fim de subsidiar contribuições para um cuidado humanizado. Essa pesquisa é de natureza qualitativa e para compreensão do fenômeno estudado teve como aporte teórico-metodológico a Hermenêutica Gadameriana. As participantes do estudo foram 5 mulheres e tivemos como instrumentos de acesso ao universo das colaboradoras a entrevista narrativa e a oficina com uso de cenas e brasões. Para análise e interpretação das narrativas recorreremos ao método de interpretação de sentidos baseando-se em princípios hermenêuticos-dialéticos. A partir do diálogo com as narrativas chegamos a quatro capítulos: 1) “A escolha pelo parto domiciliar planejado: Entre o desejo de um parto humanizado aos medos e apoios” no qual foi possível identificar que essa decisão está ancorada principalmente no desejo de vivenciar um parto humanizado, que para elas significa obter o respeito em todo o processo da escolha, que por sua vez implica na construção de conhecimentos e protagonismos da mulher, do casal e de uma rede de apoio. 2) “Os preparativos para a boa hora” onde elas narraram alguns medos e dificuldades relacionados à escolha pelo parto domiciliar no que diz respeito à questão financeira, medo da equipe hospitalar e da reação familiar com essa decisão. Ainda sobre esses preparativos foi possível conhecer de que maneira se deu a escolha da equipe que as acompanharam durante parto, evidenciando que tal escolha foi motivada por questões relacionadas à formação técnica e envolvimento afetivo, 3) “Chegou a hora: A vivência do parto” capítulo no qual as colaboradoras retratam a vivência do parto expondo os sentimentos vivenciados, dores físicas e emocionais, os recursos utilizados no cuidado direcionado a elas, a convivência com a equipe escolhida, assim como a expressão da gratidão por ter vivido essa experiência e 4)“Os aprendizados/ensinamentos demasiadamente humanos” no qual trazemos a concepção das mulheres a respeito de seus partos terem sido humanizados ou não, explicitando também os aprendizados delas em forma de recados para outras mulheres que estão buscando um parto humanizado. Foi possível compreender que a maioria das mulheres consideraram que seus partos foram humanizados e o enfoque dos recados se deu principalmente na importância de buscar informações para uma decisão bem pensada, assim como a necessidade de um cuidado com as emoções ainda na gestação. Acompanhar as narrativas dessas mulheres possibilitou a compreensão do quanto os sofrimentos emocionais agregados ao processo dizem respeito à luta que travam quanto aos preconceitos em torno do PDP. A busca pela humanização do cuidado no parto domiciliar, ou não, passa pelo resgate da autonomia das mulheres, a associação da ciência à sabedoria feminina, portanto, um cuidado que alie saberes científicos, sagrados e humanos, onde a escuta respeitosa e responsável sejam os guias, de modo que as mulheres sejam acolhidas e estimuladas também a buscarem essa forma de cuidar-se e serem cuidadas. Tal cuidado é focado nas emoções e no resgate dos aspectos femininos, espirituais e intuitivos. O pré-natal psicológico, associado ao pré-natal tradicional, que propicie a realização desse cuidado interior, capaz de lidar com suas questões emocionais e espirituais pode ser um lugar para esse cuidar, além da promoção de espaços diversos que possibilitem acolhimento e apoio à mulher. Sugere-se, ainda, um processo educativo que inclua os homens nesse caminhar. Por fim, espera-se que esse estudo possa contribuir nesse caminhar e que a Psicologia possa ser mais um lugar capaz de a(m)parar o parir de quem pari e está se parindo no processo de parturição de forma mais humana e amorosa.
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Mas existe também uma crescente quantidade de partos domiciliares planejados no qual as mulheres buscam resgatar nessa experiência uma assistência e cuidado focados na autonomia, protagonismo, individualidade e privacidade de cada mulher. No Brasil, essa modalidade de parto ainda é tratada com muito preconceito, tanto por profissionais da saúde quanto pela sociedade. Diante desse contexto, essa dissertação teve como objetivo principal compreender a experiência de mulheres que optaram pelo parto domiciliar planejado na cidade de Natal/RN a fim de subsidiar contribuições para um cuidado humanizado. Essa pesquisa é de natureza qualitativa e para compreensão do fenômeno estudado teve como aporte teórico-metodológico a Hermenêutica Gadameriana. As participantes do estudo foram 5 mulheres e tivemos como instrumentos de acesso ao universo das colaboradoras a entrevista narrativa e a oficina com uso de cenas e brasões. Para análise e interpretação das narrativas recorreremos ao método de interpretação de sentidos baseando-se em princípios hermenêuticos-dialéticos. A partir do diálogo com as narrativas chegamos a quatro capítulos: 1) “A escolha pelo parto domiciliar planejado: Entre o desejo de um parto humanizado aos medos e apoios” no qual foi possível identificar que essa decisão está ancorada principalmente no desejo de vivenciar um parto humanizado, que para elas significa obter o respeito em todo o processo da escolha, que por sua vez implica na construção de conhecimentos e protagonismos da mulher, do casal e de uma rede de apoio. 2) “Os preparativos para a boa hora” onde elas narraram alguns medos e dificuldades relacionados à escolha pelo parto domiciliar no que diz respeito à questão financeira, medo da equipe hospitalar e da reação familiar com essa decisão. Ainda sobre esses preparativos foi possível conhecer de que maneira se deu a escolha da equipe que as acompanharam durante parto, evidenciando que tal escolha foi motivada por questões relacionadas à formação técnica e envolvimento afetivo, 3) “Chegou a hora: A vivência do parto” capítulo no qual as colaboradoras retratam a vivência do parto expondo os sentimentos vivenciados, dores físicas e emocionais, os recursos utilizados no cuidado direcionado a elas, a convivência com a equipe escolhida, assim como a expressão da gratidão por ter vivido essa experiência e 4)“Os aprendizados/ensinamentos demasiadamente humanos” no qual trazemos a concepção das mulheres a respeito de seus partos terem sido humanizados ou não, explicitando também os aprendizados delas em forma de recados para outras mulheres que estão buscando um parto humanizado. Foi possível compreender que a maioria das mulheres consideraram que seus partos foram humanizados e o enfoque dos recados se deu principalmente na importância de buscar informações para uma decisão bem pensada, assim como a necessidade de um cuidado com as emoções ainda na gestação. Acompanhar as narrativas dessas mulheres possibilitou a compreensão do quanto os sofrimentos emocionais agregados ao processo dizem respeito à luta que travam quanto aos preconceitos em torno do PDP. A busca pela humanização do cuidado no parto domiciliar, ou não, passa pelo resgate da autonomia das mulheres, a associação da ciência à sabedoria feminina, portanto, um cuidado que alie saberes científicos, sagrados e humanos, onde a escuta respeitosa e responsável sejam os guias, de modo que as mulheres sejam acolhidas e estimuladas também a buscarem essa forma de cuidar-se e serem cuidadas. Tal cuidado é focado nas emoções e no resgate dos aspectos femininos, espirituais e intuitivos. O pré-natal psicológico, associado ao pré-natal tradicional, que propicie a realização desse cuidado interior, capaz de lidar com suas questões emocionais e espirituais pode ser um lugar para esse cuidar, além da promoção de espaços diversos que possibilitem acolhimento e apoio à mulher. Sugere-se, ainda, um processo educativo que inclua os homens nesse caminhar. Por fim, espera-se que esse estudo possa contribuir nesse caminhar e que a Psicologia possa ser mais um lugar capaz de a(m)parar o parir de quem pari e está se parindo no processo de parturição de forma mais humana e amorosa.In Brazil, about 98% of births take place in health institutions and a portion of the small number of births that occur outside these institutions come from emergency births. But there is also a growing number of planned home births in which women seek to rescue in this experience a care and care focused on the autonomy, protagonism, individuality and privacy of each woman. In Brazil, this mode of delivery is still treated with much prejudice, both by health professionals and by society. In view of this context, this dissertation had as main objective to understand the experience of women who opted for home birth planned in the city of Natal / RN in order to subsidize contributions to a humanized care. This research is of a qualitative nature and to understand the phenomenon studied was the theoretical-methodological contribution to Gadamerian Hermeneutics. The participants of the study were 5 women and we had as instruments of access to the universe of the collaborators the narrative interview and the workshop with scenes and coats of arms. For analysis and interpretation of the narratives we will use the method of interpretation of meanings based on hermeneutic-dialectical principles. From the dialogue with the narratives we arrive at four chapters: 1) "The choice for planned home delivery: between the desire for a humanized delivery to the fears and supports" in which it was possible to identify that this decision is anchored mainly in the desire to experience a humanized delivery, which for them means to obtain respect in the whole process of choice, which in turn implies the construction of knowledge and protagonism of the woman, the couple and a support network. 2) "Preparations for the Good Hour" where they narrated some fears and difficulties related to the choice of home birth in regard to the financial issue, fear of the hospital staff and the family reaction to this decision. Still on these preparations it was possible to know in what way the team was chosen that accompanied them during childbirth, evidencing that such choice was motivated by questions related to technical formation and affective involvement, 3) "The time has come: The experience of childbirth" chapter in which the collaborators portray the experience of childbirth exposing the feelings experienced, physical and emotional pain, resources used in care directed to them, coexistence with the chosen team, as well as the expression of gratitude for having experienced this experience, and 4) The overly human learnings / teachings in which we bring the conception of women about their births have been humanized or not, also explaining their learning in the form of messages for other women who are seeking a humanized birth. It was possible to understand that most of the women considered that their deliveries were humanized and the focus of the messages was mainly on the importance of seeking information for a well thought out decision, as well as the need for a care with the emotions still in the gestation. Accompanying the narratives of these women has made it possible to understand how much the emotional sufferings added to the process are related to the struggle they face regarding the prejudices around the PDP. The search for the humanization of care in home birth, or not, involves the recovery of the autonomy of women, the association of science with feminine wisdom, and therefore a care that combines scientific, sacred and human knowledge, where respectful and responsible listening are the guides, so that women are welcomed and encouraged also to seek this way of taking care of themselves and being cared for. Such care is focused on the emotions and the rescue of the feminine, spiritual and intuitive aspects. Psychological prenatal care, coupled with traditional prenatal care, that allows the realization of this inner care, capable of dealing with their emotional and spiritual issues, can be a place for this care, as well as the promotion of diverse spaces that allow the reception and support of the woman. It is also suggested an educational process that includes men in this walk. Finally, it is hoped that this study can contribute to this journey and that Psychology may be another place capable of stopping the birth of the person who gave birth and is giving birth in the process of parturition in a more humane and loving way.porCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIAParto domiciliar planejadoCuidadoHumanizaçãoProtagonismoEspiritualidadeCompreendendo a vivência do parto domiciliar planejado e as implicações para um cuidado humanizadoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIAUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTEXTMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.txtMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.txtExtracted texttext/plain435032https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24721/2/MicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.txte90568048d45204a00e9efe3c75e08cdMD52THUMBNAILMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.jpgMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg6078https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24721/3/MicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.jpg79585f9e5f2ca852265eb8ea497e7cfaMD53TEXTMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.txtMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.txtExtracted texttext/plain435032https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24721/2/MicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.txte90568048d45204a00e9efe3c75e08cdMD52THUMBNAILMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.jpgMicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg6078https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24721/3/MicheleNobreBorges_DISSERT.pdf.jpg79585f9e5f2ca852265eb8ea497e7cfaMD53ORIGINALMicheleNobreBorges_DISSERT.pdfMicheleNobreBorges_DISSERT.pdfapplication/pdf3253748https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/24721/1/MicheleNobreBorges_DISSERT.pdffcf730ae3a4242a2c94eb3982a0a1d4cMD51123456789/247212022-10-06 18:08:51.642oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/24721Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-10-06T21:08:51Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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