As formas da função acusativa em cartas de amor do Sertão Pernambucano: entre variação e tradição discursiva
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE) |
Texto Completo: | https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/2383 |
Resumo: | O presente trabalho objetiva investigar as formas de referência ao interlocutor na função acusativa, em cartas amorosas escritas na década de 50, do século XX. Quanto ao material de análise, utilizamos um corpus composto por 22 cartas de amor escritas por pessoas não ilustres do sertão pernambucano, sendo 21 missivas narradas por um missivista masculino e 1 carta redigida por uma missivista feminina, já previamente coletadas pelos membros do projeto Para a História do Português Brasileiro – Equipe Regional de Pernambuco. Para tanto, nos baseamos nas orientações teórico-metodológicas da Sociolinguística Histórica e do conceito de Tradições Discursivas. Metodologicamente, realizamos a identificação dos contextos de ocorrência das formas acusativas de referência ao interlocutor, obtendo um total de 64 dados, distribuídos da seguinte maneira: 58 ocorrências do clítico te, 4 dados de lhe e 2 registro de você. No que se refere aos fatores selecionados, a saber, relação entre o acusativo e o sujeito, bem como a posição do acusativo, obtivemos os seguintes resultados quanto ao primeiro fator: i) em relação às cartas em que o tu figurou como estratégia exclusiva, o clítico te foi categórico, com 18 dados; ii) nas missivas com uso exclusivo de você foram registradas as formas alternantes acusativas te, lhe e você apresentando 9, 3 e 2 dados, respectivamente; iii) nas cartas com uso variável de tu e você, o clítico te também foi a estratégia mais produtiva, com 24 dados em detrimento de 1 ocorrência do clítico lhe; iv) nos contextos sem referência à segunda pessoa, o clítico te figurou como estratégia categórica, apresentando 7 dados. No que se refere à colocação pronominal, obtivemos 50 dados de próclise e 14 dados de ênclise. Quanto aos contextos favoráveis à colocação pronominal do acusativo posposto ao verbo, registramos os seguintes casos: i) início de sentença; ii) verbo no infinitivo. Dessa forma, nossa pesquisa vai ao encontro do que Lopes et al. (2018) afirmam, ao observarem que o você entrou no paradigma de 2ª pessoa efetivamente como sujeito, porém, nas demais funções sintáticas, ele sofre certa resistência, posto que observamos a predominância do clítico te nas missivas analisadas, independentemente do tipo de sujeito empregado. Além disso, observamos a preferência pela colocação do acusativo na posição pré-verbal, o que vai ao encontro de resultados obtidos em estudos realizados em outras regiões brasileiras (SOUZA, 2014). |
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Metodologicamente, realizamos a identificação dos contextos de ocorrência das formas acusativas de referência ao interlocutor, obtendo um total de 64 dados, distribuídos da seguinte maneira: 58 ocorrências do clítico te, 4 dados de lhe e 2 registro de você. No que se refere aos fatores selecionados, a saber, relação entre o acusativo e o sujeito, bem como a posição do acusativo, obtivemos os seguintes resultados quanto ao primeiro fator: i) em relação às cartas em que o tu figurou como estratégia exclusiva, o clítico te foi categórico, com 18 dados; ii) nas missivas com uso exclusivo de você foram registradas as formas alternantes acusativas te, lhe e você apresentando 9, 3 e 2 dados, respectivamente; iii) nas cartas com uso variável de tu e você, o clítico te também foi a estratégia mais produtiva, com 24 dados em detrimento de 1 ocorrência do clítico lhe; iv) nos contextos sem referência à segunda pessoa, o clítico te figurou como estratégia categórica, apresentando 7 dados. No que se refere à colocação pronominal, obtivemos 50 dados de próclise e 14 dados de ênclise. Quanto aos contextos favoráveis à colocação pronominal do acusativo posposto ao verbo, registramos os seguintes casos: i) início de sentença; ii) verbo no infinitivo. Dessa forma, nossa pesquisa vai ao encontro do que Lopes et al. (2018) afirmam, ao observarem que o você entrou no paradigma de 2ª pessoa efetivamente como sujeito, porém, nas demais funções sintáticas, ele sofre certa resistência, posto que observamos a predominância do clítico te nas missivas analisadas, independentemente do tipo de sujeito empregado. Além disso, observamos a preferência pela colocação do acusativo na posição pré-verbal, o que vai ao encontro de resultados obtidos em estudos realizados em outras regiões brasileiras (SOUZA, 2014).This paper aims to investigate the forms of reference to the interlocutor in the accusative function, in love letters written in the 1950s. As for the analysis material, we used a corpus composed of 22 love letters written by non-illustrious people of the Pernambuco hinterland, 21 missives narrated by a male letter writer and 1 letter written by a female letter writer, previously collected by the members of the project Para a da History of Brazilian Portuguese - Pernambuco Regional Team. For that, we are based on the theoretical-methodological orientations of Historical Sociolinguistics and the concept of Discursive Traditions. Methodologically, we identified the contexts of occurrence of accusative forms of reference to the interlocutor, obtaining a total of 64 data, distributed as follows: 58 occurrences of the clitic, 4 data of him and 2 record of you. Regarding the selected factors, namely, the relation between the accusative and the subject, as well as the position of the accusative, we obtained the following results regarding the first factor: i) in relation to the letters in which the tu appeared as an exclusive strategy, the clitic was categorical with 18 dice; ii) the missives with exclusive use of you were recorded alternating forms accusative te, you and you presenting 9, 3 and 2 data, respectively; iii) in the cards with variable use of you and you, the clitic te was also the most productive strategy, with 24 dice rather than one occurrence of the clitic him; iv) in contexts without reference to the second person, the clitic figured you as a categorical strategy, presenting 7 data. Regarding pronominal placement, we obtained 50 data on proclysis and 14 data on enclysis. Regarding the contexts favorable to the pronominal placement of the accusative postponed to the verb, we recorded the following cases: i) beginning of sentence; ii) infinitive verb. Thus, our research meets what Lopes et al. (2018) state that, observing that you entered the 2nd person paradigm effectively as a subject, however, in the other syntactic functions, it suffers some resistance, since we observe the predominance of the clitic in the analyzed missives, regardless of the type of subject employed. In addition, we observed the preference for placing the accusative in the pre-verbal position, which meets the results obtained in studies on the same phenomenon (SOUZA, 2014).BrasilAtaíde, Cleber Alves dehttp://lattes.cnpq.br/3875671872212548http://lattes.cnpq.br/4301066659702331Silva, Antonia Caroline Alves da2020-06-23T18:36:40Z2020-06-23T18:36:40Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesis48 f.application/pdfSILVA, Antonia Caroline Alves da. As formas da função acusativa em cartas de amor do Sertão Pernambucano: entre variação e tradição discursiva. 2019. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Letras) – Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Serra Talhada, 2019.https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/2383porAtribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA 4.0)https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/deed.pt_BRopenAccessinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE)instname:Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)instacron:UFRPE2022-05-13T19:44:20Zoai:dspace:123456789/2383Repositório InstitucionalPUBhttps://repository.ufrpe.br/oai/requestrepositorio.sib@ufrpe.bropendoar:https://v2.sherpa.ac.uk/id/repository/106122022-05-13T19:44:20Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE) - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)false |
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