Atividade tripanocida de compostos bioativos oriundos de algas e cianobactérias: uma revisão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moura, Yanara Alessandra Santana
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE)
Texto Completo: https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/3094
Resumo: A doença de Chagas (DC) é enfermidade tropical negligenciada causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi que possui três formas evolutivas, sendo as tripomastigotas e amastigotas as de interesse clínico. A DC possui duas fases clínicas, a fase aguda (assintomática na maioria dos casos) e a fase crônica (pode afetar os sistemas cardiovascular, digestório ou nervoso). As drogas disponíveis como tratamento contra a DC, benznidazol (BZN) e nifurtimox (NFX), possuem alta citotoxicidade, especialmente o NFX. O BZN, o tratamento de primeira linha, possui eficácia limitada na fase crônica da DC além de estar associada a mecanismos de resistência por parte dos parasitos. Assim, novos compostos com atividade tripanocida são necessários para agir como tratamento clínico contra DC. Vários compostos naturais são descritos como potenciais alternativas antichagásicas. Dentre eles, algas e cianobactérias são fontes promissoras desses compostos visto que eles realizam várias atividades biológicas relatadas na literatura, incluindo atividade anti-T. cruzi. Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão sistemática de estudos envolvendo a ação tripanocida in vitro, in vivo ou in silico de algas e cianobactérias frente a formas tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. Para realizar as buscas, foram utilizadas as bases de dados Science Direct, Web of Science, Springer Link, Wiley Online Library, Scielo e MDPI. No total, 15 estudos foram incluídos, e os filos Rhodophyta e Ochrophyta foram os mais estudados e promissores para atividade anti-T. cruzi. As macroalgas Dictyota dichotoma e Ulva lactuca foram a mais estudadas. Contudo, as maiores atividades antiparasitárias foram apresentadas pelo extrato da macroalga Stypopodium zonale, baseado na concentração do extrato capaz de inibir os parasitos em 50% (IC50), enquanto Tetraselmis suecica e Nostoc commune exibiram os melhores valores de IC50 entre microalgas e cianobactérias, respectivamente. Entre todos os estudos, apenas quatro princípios ativos foram identificados, sendo o elatol, obtido de Laurencia dendroidea, o mais promissor baseado no índice de seletividade para tripomastigotas (IS = 19,56) e amastigotas (IS = 26,73). O único estudo in vivo mostrou que Arthrospira maxima pode ser efetiva em ratos infectados com T. cruzi, como tratamento ou profilaxia. Apesar da atividade anti-T. cruzi de compostos bioativos de algas e cianobactérias ser promissora, estudos futuros devem explorar os mecanismos de ação dos compostos, bem como novos estudos in vivo são necessários para viabilizar futuras aplicações desses compostos para ensaios clínicos no tratamento da DC.
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Vários compostos naturais são descritos como potenciais alternativas antichagásicas. Dentre eles, algas e cianobactérias são fontes promissoras desses compostos visto que eles realizam várias atividades biológicas relatadas na literatura, incluindo atividade anti-T. cruzi. Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão sistemática de estudos envolvendo a ação tripanocida in vitro, in vivo ou in silico de algas e cianobactérias frente a formas tripomastigotas e amastigotas de T. cruzi. Para realizar as buscas, foram utilizadas as bases de dados Science Direct, Web of Science, Springer Link, Wiley Online Library, Scielo e MDPI. No total, 15 estudos foram incluídos, e os filos Rhodophyta e Ochrophyta foram os mais estudados e promissores para atividade anti-T. cruzi. As macroalgas Dictyota dichotoma e Ulva lactuca foram a mais estudadas. Contudo, as maiores atividades antiparasitárias foram apresentadas pelo extrato da macroalga Stypopodium zonale, baseado na concentração do extrato capaz de inibir os parasitos em 50% (IC50), enquanto Tetraselmis suecica e Nostoc commune exibiram os melhores valores de IC50 entre microalgas e cianobactérias, respectivamente. Entre todos os estudos, apenas quatro princípios ativos foram identificados, sendo o elatol, obtido de Laurencia dendroidea, o mais promissor baseado no índice de seletividade para tripomastigotas (IS = 19,56) e amastigotas (IS = 26,73). O único estudo in vivo mostrou que Arthrospira maxima pode ser efetiva em ratos infectados com T. cruzi, como tratamento ou profilaxia. Apesar da atividade anti-T. cruzi de compostos bioativos de algas e cianobactérias ser promissora, estudos futuros devem explorar os mecanismos de ação dos compostos, bem como novos estudos in vivo são necessários para viabilizar futuras aplicações desses compostos para ensaios clínicos no tratamento da DC.Chagas disease (CD), classified as a neglected tropical disease second to World Health Organization, is caused by the parasite Trypanosoma cruzi, which can assume two evolutive forms in the human host: trypomastigote and amastigote. DC possesses two clinical phases, the acute phase (generally asymptomatic) and the chronic phase (which can affect the cardiovascular, digestive and/or nervous systems). The currently available drugs to treat CD, benznidazole (BZN) and nifurtimox (NFX), are known for their high toxic profile, especially NFX. BZN, the first-line treatment, possesses limited efficacy in the chronic phase of CD and mechanisms of resistance had been associated to it. Thus, new compounds with trypanocidal activity are necessary to act as an alternative treatment against CD. Natural compounds are described as promising alternative for antiparasitic treatment. Algae and cyanobacteria are promising sources of bioactive compounds since they perform various biological activities reported in the literature, including antiparasitic activity. Therefore, this work aimed to make a review exploiting the antiparasitic activity of the biocompounds from algae and cyanobacteria against both trypomastigote and amastigote forms of T. cruzi. For this, it was conducted a search in Science Direct, Medline (PubMed), Web of Science (WoS), Springer Link, Wiley Online Library, Scielo, and MDPI. In total, 15 studies were included and the Rhodophyta and Ochrophyta phyla are the more studied and more promising for anti-T cruzi activity. The macroalgae Dictyota dichotoma and Ulva lactuca were the most studied. However, the highest antiparasitic activity was presented by the extract from macroalgae Stypopodium zonale, based on the extract concentration that can inhibit the parasites by 50% (IC50), while the species Tetraselmis suecica and Nostoc commune exhibited the best IC50 values among microalgae and cyanobacteria, respectively. Among all studies, only four active principles were identified, being elatol compound from Laurencia dendroidea the most promising based on its SI values for trypomastigotes (SI = 19.56) and amastigotes (SI = 26.73). The only in vivo study showed that microalgae Arthrospira maxima can be effective in T. cruzi-infected mice as treatment or prophylaxis. Although anti-T. cruzi activity of algal and cyanobacterial biocompounds is promising, further studies should exploit the mechanisms of action of the compounds, as well as new in vivo studies are required to make feasible future applications of these compounds for clinical trials in the treatment of CD.BrasilMarques, Daniela de Araújo Vianahttp://lattes.cnpq.br/1018762976201930http://lattes.cnpq.br/0788548123321981Moura, Yanara Alessandra Santana2022-07-04T22:05:20Z2022-07-04T22:05:20Z2021-12-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesis58 f.application/pdfMOURA, Yanara Alessandra Santana. Atividade tripanocida de compostos bioativos oriundos de algas e cianobactérias: uma revisão. 2021. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) – Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2021.https://repository.ufrpe.br/handle/123456789/3094porAtribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.ptopenAccessinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE)instname:Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)instacron:UFRPE2022-07-04T22:05:59Zoai:dspace:123456789/3094Repositório InstitucionalPUBhttps://repository.ufrpe.br/oai/requestrepositorio.sib@ufrpe.bropendoar:https://v2.sherpa.ac.uk/id/repository/106122022-07-04T22:05:59Repositório institucional da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (RI-UFRPE) - Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)false
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