BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CARNEIRO, João Paulo Jeannine Andrade
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Acta Geográfica (Online)
Texto Completo: http://revista.ufrr.br/actageo/article/view/221
Resumo: Historicamente, a vegetação existente no nordeste de Roraima ficou conhecida, nos mapas e relatórios portugueses do século XVIII, como “campos”, acompanhada do elemento geográfico referencializador: o rio Branco. Com o passar do tempo, outros termos foram introduzidos, especialmente pelos colonizadores, para designar a fitogeografia da região, tais como Cerrados, Savanas e Lavrados. Nenhum dos termos empregados levou em consideração as nomenclaturas indígenas para caracterizar tal bioma. Pretendemos, com o presente estudo, trazer à luz essas terminologias. Os Wapixana, grupo de filiação lingüística Arawak, são habitantes por excelência desses domínios campestres. Iremos analisar, portanto, na perspectiva etnolíngüística, as diferentes terminologias utilizadas pelos Wapixana para caracterizar as diferentes paisagens campestres do nordeste de Roraima. Para os Wapixana, os campos, baaraznau, são frutos da geografia mítica, onde antigos homens interferiram no elemento natural, através da derrubada da grande árvore ou pela morte de imensos animais, para construir uma paisagem cultural, que até os dias de hoje é transformada pelos Wapixana. Neste contexto, podemos supor que a dispersão dos extensos campos de Roraima tem uma forte contribuição dos povos nativos que por ele passaram e que nele habitam. Assim, concluímos que a análise etnolinguística fitogeográfica Wapixana revelou paisagens culturais repletas de significados que desvelaram, em parte, a visão de mundo do grupo denominador. Palavras-Chave: Etnolinguística, Fitogeografia, Wapixana, Geografia Mítica. RÉSUMÉ Historiquement, la végétation existante dans le Nord-Est de l'Etat de Roraima est devenue connue, dans les cartes et les rapports portugais du XVIIIe siècle, comme « campos », accompagnée de l'élément géographique de référence : le fleuve Branco. Avec le temps, d'autres termes furent introduits, spécialement par les colonisateurs, pour désigner la phitogéographie de la région, tels que « Cerrados », Savanes et « Lavrados ». Aucun des termes utilisés n'a pris en considération les nomenclatures indigènes pour caractériser un tel biome. Je prétends, avec ce travail, éclaircir ces terminologies. Les Wapixana, groupe d'affiliation lingüistique Arawak, sont les habitans par excelence dans ces domaines campesins. J'envisage analyser, donc, dans une perspective ethnolingüistique, les différentes terminologies utilisées par les Wapixana afin de caractériser les différents paysages du Nord-Est de l'Etat de Roraima. Pour les Wapixana, les champs, baaraznau, sont fruits de la géographie mythique, où d'anciens hommes auraient intéragi dans l'élément naturel, à travers la mise à bas du grand arbre ou par le moyen de la mort d'immenses animaux, pour construire un paysage culturel, lequel jusqu'à nos jours est transformé par les Wapixana. Dans ce contexte, il est possible de supposer que la dispersion des grands champs de Roraima a une forte contribution des peuples natifs qui les ont traversés et qui l'ont habités. Alors, je conclus que l'analyse ethnolingüistique phitogéographique Wapixana révèle des paysages culturels pleins de significations qui dévoilent, en partie, la vision de monde du groupe dénominateur. Mots-Clè: Ethnolingüistique, Phitogéographie, Wapixana, Géographie mythique. DOI: 10.5654/actageo2009.0306.0002
id UFRR-3_bd853961aa009a4498767ecfc0cce919
oai_identifier_str oai:oai.revista.ufrr.br:article/221
network_acronym_str UFRR-3
network_name_str Acta Geográfica (Online)
repository_id_str
spelling BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica WapixanaHistoricamente, a vegetação existente no nordeste de Roraima ficou conhecida, nos mapas e relatórios portugueses do século XVIII, como “campos”, acompanhada do elemento geográfico referencializador: o rio Branco. Com o passar do tempo, outros termos foram introduzidos, especialmente pelos colonizadores, para designar a fitogeografia da região, tais como Cerrados, Savanas e Lavrados. Nenhum dos termos empregados levou em consideração as nomenclaturas indígenas para caracterizar tal bioma. Pretendemos, com o presente estudo, trazer à luz essas terminologias. Os Wapixana, grupo de filiação lingüística Arawak, são habitantes por excelência desses domínios campestres. Iremos analisar, portanto, na perspectiva etnolíngüística, as diferentes terminologias utilizadas pelos Wapixana para caracterizar as diferentes paisagens campestres do nordeste de Roraima. Para os Wapixana, os campos, baaraznau, são frutos da geografia mítica, onde antigos homens interferiram no elemento natural, através da derrubada da grande árvore ou pela morte de imensos animais, para construir uma paisagem cultural, que até os dias de hoje é transformada pelos Wapixana. Neste contexto, podemos supor que a dispersão dos extensos campos de Roraima tem uma forte contribuição dos povos nativos que por ele passaram e que nele habitam. Assim, concluímos que a análise etnolinguística fitogeográfica Wapixana revelou paisagens culturais repletas de significados que desvelaram, em parte, a visão de mundo do grupo denominador. Palavras-Chave: Etnolinguística, Fitogeografia, Wapixana, Geografia Mítica. RÉSUMÉ Historiquement, la végétation existante dans le Nord-Est de l'Etat de Roraima est devenue connue, dans les cartes et les rapports portugais du XVIIIe siècle, comme « campos », accompagnée de l'élément géographique de référence : le fleuve Branco. Avec le temps, d'autres termes furent introduits, spécialement par les colonisateurs, pour désigner la phitogéographie de la région, tels que « Cerrados », Savanes et « Lavrados ». Aucun des termes utilisés n'a pris en considération les nomenclatures indigènes pour caractériser un tel biome. Je prétends, avec ce travail, éclaircir ces terminologies. Les Wapixana, groupe d'affiliation lingüistique Arawak, sont les habitans par excelence dans ces domaines campesins. J'envisage analyser, donc, dans une perspective ethnolingüistique, les différentes terminologies utilisées par les Wapixana afin de caractériser les différents paysages du Nord-Est de l'Etat de Roraima. Pour les Wapixana, les champs, baaraznau, sont fruits de la géographie mythique, où d'anciens hommes auraient intéragi dans l'élément naturel, à travers la mise à bas du grand arbre ou par le moyen de la mort d'immenses animaux, pour construire un paysage culturel, lequel jusqu'à nos jours est transformé par les Wapixana. Dans ce contexte, il est possible de supposer que la dispersion des grands champs de Roraima a une forte contribution des peuples natifs qui les ont traversés et qui l'ont habités. Alors, je conclus que l'analyse ethnolingüistique phitogéographique Wapixana révèle des paysages culturels pleins de significations qui dévoilent, en partie, la vision de monde du groupe dénominateur. Mots-Clè: Ethnolingüistique, Phitogéographie, Wapixana, Géographie mythique. DOI: 10.5654/actageo2009.0306.0002Universidade Federal de Roraima2010-03-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://revista.ufrr.br/actageo/article/view/22110.5654/acta.v3i6.221ACTA GEOGRÁFICA; v. 3 n. 6 (2009): jul./dez.; 17-252177-43071980-5772reponame:Acta Geográfica (Online)instname:Universidade Federal de Roraima (UFRR)instacron:UFRRporhttp://revista.ufrr.br/actageo/article/view/221/381CARNEIRO, João Paulo Jeannine Andradeinfo:eu-repo/semantics/openAccess2011-03-23T04:44:32Zoai:oai.revista.ufrr.br:article/221Revistahttps://revista.ufrr.br/actageoPUBhttp://revista.ufrr.br/index.php/actageo/oai||actageografica@gmail.com|| rafasolufrr@gmail.com2177-43071980-5772opendoar:2011-03-23T04:44:32Acta Geográfica (Online) - Universidade Federal de Roraima (UFRR)false
dc.title.none.fl_str_mv BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
title BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
spellingShingle BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
CARNEIRO, João Paulo Jeannine Andrade
title_short BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
title_full BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
title_fullStr BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
title_full_unstemmed BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
title_sort BAARAZNAU WAPICHAN: etnolinguística fitogeográfica Wapixana
author CARNEIRO, João Paulo Jeannine Andrade
author_facet CARNEIRO, João Paulo Jeannine Andrade
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv CARNEIRO, João Paulo Jeannine Andrade
description Historicamente, a vegetação existente no nordeste de Roraima ficou conhecida, nos mapas e relatórios portugueses do século XVIII, como “campos”, acompanhada do elemento geográfico referencializador: o rio Branco. Com o passar do tempo, outros termos foram introduzidos, especialmente pelos colonizadores, para designar a fitogeografia da região, tais como Cerrados, Savanas e Lavrados. Nenhum dos termos empregados levou em consideração as nomenclaturas indígenas para caracterizar tal bioma. Pretendemos, com o presente estudo, trazer à luz essas terminologias. Os Wapixana, grupo de filiação lingüística Arawak, são habitantes por excelência desses domínios campestres. Iremos analisar, portanto, na perspectiva etnolíngüística, as diferentes terminologias utilizadas pelos Wapixana para caracterizar as diferentes paisagens campestres do nordeste de Roraima. Para os Wapixana, os campos, baaraznau, são frutos da geografia mítica, onde antigos homens interferiram no elemento natural, através da derrubada da grande árvore ou pela morte de imensos animais, para construir uma paisagem cultural, que até os dias de hoje é transformada pelos Wapixana. Neste contexto, podemos supor que a dispersão dos extensos campos de Roraima tem uma forte contribuição dos povos nativos que por ele passaram e que nele habitam. Assim, concluímos que a análise etnolinguística fitogeográfica Wapixana revelou paisagens culturais repletas de significados que desvelaram, em parte, a visão de mundo do grupo denominador. Palavras-Chave: Etnolinguística, Fitogeografia, Wapixana, Geografia Mítica. RÉSUMÉ Historiquement, la végétation existante dans le Nord-Est de l'Etat de Roraima est devenue connue, dans les cartes et les rapports portugais du XVIIIe siècle, comme « campos », accompagnée de l'élément géographique de référence : le fleuve Branco. Avec le temps, d'autres termes furent introduits, spécialement par les colonisateurs, pour désigner la phitogéographie de la région, tels que « Cerrados », Savanes et « Lavrados ». Aucun des termes utilisés n'a pris en considération les nomenclatures indigènes pour caractériser un tel biome. Je prétends, avec ce travail, éclaircir ces terminologies. Les Wapixana, groupe d'affiliation lingüistique Arawak, sont les habitans par excelence dans ces domaines campesins. J'envisage analyser, donc, dans une perspective ethnolingüistique, les différentes terminologies utilisées par les Wapixana afin de caractériser les différents paysages du Nord-Est de l'Etat de Roraima. Pour les Wapixana, les champs, baaraznau, sont fruits de la géographie mythique, où d'anciens hommes auraient intéragi dans l'élément naturel, à travers la mise à bas du grand arbre ou par le moyen de la mort d'immenses animaux, pour construire un paysage culturel, lequel jusqu'à nos jours est transformé par les Wapixana. Dans ce contexte, il est possible de supposer que la dispersion des grands champs de Roraima a une forte contribution des peuples natifs qui les ont traversés et qui l'ont habités. Alors, je conclus que l'analyse ethnolingüistique phitogéographique Wapixana révèle des paysages culturels pleins de significations qui dévoilent, en partie, la vision de monde du groupe dénominateur. Mots-Clè: Ethnolingüistique, Phitogéographie, Wapixana, Géographie mythique. DOI: 10.5654/actageo2009.0306.0002
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-03-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://revista.ufrr.br/actageo/article/view/221
10.5654/acta.v3i6.221
url http://revista.ufrr.br/actageo/article/view/221
identifier_str_mv 10.5654/acta.v3i6.221
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv http://revista.ufrr.br/actageo/article/view/221/381
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Roraima
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Roraima
dc.source.none.fl_str_mv ACTA GEOGRÁFICA; v. 3 n. 6 (2009): jul./dez.; 17-25
2177-4307
1980-5772
reponame:Acta Geográfica (Online)
instname:Universidade Federal de Roraima (UFRR)
instacron:UFRR
instname_str Universidade Federal de Roraima (UFRR)
instacron_str UFRR
institution UFRR
reponame_str Acta Geográfica (Online)
collection Acta Geográfica (Online)
repository.name.fl_str_mv Acta Geográfica (Online) - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
repository.mail.fl_str_mv ||actageografica@gmail.com|| rafasolufrr@gmail.com
_version_ 1799769934875590656