“A gente precisaria de uma creche inteira só para atender a fila de espera do berçário” - oferta, acesso e matrícula em creches na Baixada Fluminense

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Alessandra Silva da
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRRJ
Texto Completo: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13173
Resumo: A proposta dessa pesquisa é analisar o acesso às vagas em creches. O direito das crianças à creche foi estabelecido como política pública na constituição de 1988 e reforçado na LDB 9394/96, que considerou a Educação Infantil primeira etapa da educação básica, sendo a creche o segmento voltado para bebês e crianças até 3 anos. Ocorre que passados mais de vinte e cinco anos da promulgação desse direito, em 2022, o atendimento em creches não se materializou como um direito para a ampla população brasileira. Essa pesquisa parte da hipótese de que a oferta é menor do que a demanda e, por isso, muitos arranjos são realizados nos contextos das secretarias de educação e das instituições. Conhecer e evidenciar as estratégias para distribuição das vagas é o objetivo dessa investigação. O referencial teórico se constrói na interlocução entre a educação, a sociologia das organizações e a análise de políticas públicas. O acesso às vagas de creches, assim como outras políticas educacionais, se dá em um campo de disputas, nesse sentido, o recorte proposto pela investigação, se volta para as normativas e estratégias das redes na definição da distribuição das vagas, nas ações dos representantes da Educação Infantil e no papel que as diretoras das instituições assumem diante da implementação dessa política. No referencial teórico adotado, as diretoras e esses representantes atuam na camada média da burocracia, sendo nomeados como burocratas de médio escalão. O campo empírico são os municípios da Baixada Fluminense que aceitaram o desafio de atender as crianças com menos de um ano na Educação Infantil. Metodologicamente, trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que, por meio de análise de documentos, de questionários aplicados aos representantes das equipes de Educação Infantil das secretarias de educação e bem como de entrevistas com diretoras de creches públicas, pretende conhecer os embates, desafios e estratégias utilizadas na implementação dessa política. Como resultado, verificamos através dos questionários que embora reconheça-se o esforço dos municípios no cumprimento da legislação, não se pode deixar de considerar que, mesmo cumprindo o que determina os marcos legais, muitas crianças ainda não conseguem conquistar o direito à creche, e aguardam em listas de espera; o número de crianças atendidas aponta que os municípios estão distantes da meta do PNE para as creches. Diante da falta de vagas em creches, os municípios realizam sorteios e procedimentos classificatórios, estratégias que filtram, através de critérios de prioridade, a seleção de crianças. Os dados produzidos através das entrevistas nos indicam o quanto as gestoras, motivadas a contornar os desafios que emergem no seu dia a dia, adotam práticas, por vezes pessoais. Dessa maneira, usam a discricionariedade como meio de organizar as etapas formuladas pela Secretaria de Educação do município, inclusive para dirimir a demanda por vagas. Assim, a partir desses instrumentos metodológicos, foi possível conhecer e evidenciar as estratégias das Secretarias e das direções das creches.
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spelling Costa, Alessandra Silva daNascimento, Anelise Monteiro dohttps://orcid.org/0000-0003-4911-8301http://lattes.cnpq.br/2128109907868856Nascimento, Anelise Monteiro dohttps://orcid.org/0000-0003-4911-8301http://lattes.cnpq.br/2128109907868856Bonamino, Alicia Maria Catalano deAAC328812http://lattes.cnpq.br/8170349662210452Siqueira, Romilson Martins871.390.571-68http://lattes.cnpq.br/97333112150277492023-12-22T02:41:46Z2023-12-22T02:41:46Z2023-03-17COSTA, Alessandra Silva da. “A gente precisaria de uma creche inteira só para atender a fila de espera do berçário” - oferta, acesso e matrícula em creches na Baixada Fluminense. 2023. 160 f . Dissertação (Mestrado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares) - Instituto de Educação/Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica/Nova Iguaçu, RJ, 2023.https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13173A proposta dessa pesquisa é analisar o acesso às vagas em creches. O direito das crianças à creche foi estabelecido como política pública na constituição de 1988 e reforçado na LDB 9394/96, que considerou a Educação Infantil primeira etapa da educação básica, sendo a creche o segmento voltado para bebês e crianças até 3 anos. Ocorre que passados mais de vinte e cinco anos da promulgação desse direito, em 2022, o atendimento em creches não se materializou como um direito para a ampla população brasileira. Essa pesquisa parte da hipótese de que a oferta é menor do que a demanda e, por isso, muitos arranjos são realizados nos contextos das secretarias de educação e das instituições. Conhecer e evidenciar as estratégias para distribuição das vagas é o objetivo dessa investigação. O referencial teórico se constrói na interlocução entre a educação, a sociologia das organizações e a análise de políticas públicas. O acesso às vagas de creches, assim como outras políticas educacionais, se dá em um campo de disputas, nesse sentido, o recorte proposto pela investigação, se volta para as normativas e estratégias das redes na definição da distribuição das vagas, nas ações dos representantes da Educação Infantil e no papel que as diretoras das instituições assumem diante da implementação dessa política. No referencial teórico adotado, as diretoras e esses representantes atuam na camada média da burocracia, sendo nomeados como burocratas de médio escalão. O campo empírico são os municípios da Baixada Fluminense que aceitaram o desafio de atender as crianças com menos de um ano na Educação Infantil. Metodologicamente, trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que, por meio de análise de documentos, de questionários aplicados aos representantes das equipes de Educação Infantil das secretarias de educação e bem como de entrevistas com diretoras de creches públicas, pretende conhecer os embates, desafios e estratégias utilizadas na implementação dessa política. Como resultado, verificamos através dos questionários que embora reconheça-se o esforço dos municípios no cumprimento da legislação, não se pode deixar de considerar que, mesmo cumprindo o que determina os marcos legais, muitas crianças ainda não conseguem conquistar o direito à creche, e aguardam em listas de espera; o número de crianças atendidas aponta que os municípios estão distantes da meta do PNE para as creches. Diante da falta de vagas em creches, os municípios realizam sorteios e procedimentos classificatórios, estratégias que filtram, através de critérios de prioridade, a seleção de crianças. Os dados produzidos através das entrevistas nos indicam o quanto as gestoras, motivadas a contornar os desafios que emergem no seu dia a dia, adotam práticas, por vezes pessoais. Dessa maneira, usam a discricionariedade como meio de organizar as etapas formuladas pela Secretaria de Educação do município, inclusive para dirimir a demanda por vagas. Assim, a partir desses instrumentos metodológicos, foi possível conhecer e evidenciar as estratégias das Secretarias e das direções das creches.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe purpose of this research is to analyze access to vacancies in day care centers. The right of children to daycare was established as a public policy in the 1988 Constitution and reinforced in LDB 9394/96, which considered Early Childhood Education the first stage of basic education, with daycare being the segment aimed at babies and children up to 3 years old. It turns out that more than twenty-five years after the enactment of this right, in 2022, day care services did not materialize as a right for the broad Brazilian population. This research is based on the hypothesis that supply is less than demand and, therefore, many arrangements are carried out in the contexts of education departments and institutions. Knowing these arrangements and highlighting the strategies for distributing vacancies is the objective of this investigation. The theoretical framework is constructed in the interlocution between education, the sociology of organizations and the analysis of public policies. Access to daycare places, as well as other educational policies, takes place in an field of disputes, in this sense, the cut proposed by the investigation, turns to the regulations and strategies of the networks in the definition of the distribution of vacancies, in particular the role that the directors of the institutions assume before the implementation of this policy. In the adopted theoretical framework, the directors work in the middle layer of the bureaucracy, being named as middle-ranking bureaucrats. The empirical field is the municipalities of the Baixada Fluminense that accepted the challenge of serving children under one year old in Early Childhood Education. Methodologically, this is a study with a qualitative approach that, through analysis of documents, questionnaires applied to representatives of the Early Childhood Education teams of the education departments and as well as interviews with directors of public daycare centers, intends to know the clashes, challenges and strategies used in the implementation of this policy. As a result, we checked through the questionnaires that although the efforts of the municipalities in complying with the legislation are recognized, one cannot fail to consider that, even fulfilling what determines the legal frameworks, many children still cannot conquer the right to day care, and wait on waiting lists; the number of children attended indicates that the municipalities are far from the PNE target for day care centers. Faced with the lack of vacancies in day care centers, municipalities carry out raffles and classification procedures, strategies that filter, through priority criteria, the selection of children. The data produced through the interviews indicate how much the managers, motivated to overcome the challenges that emerge in their daily lives, adopt practices, sometimes personal. In this way, they use their discretion as a means of organizing the stages formulated by the municipality's Department of Education, including to resolve the demand for vacancies. Thus, from these methodological instruments, it was possible to know the institutional arrangements and highlight the strategies of the Secretariats and the directorates of the day care centers.application/pdfporUniversidade Federal Rural do Rio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas PopularesUFRRJBrasilInstituto de EducaçãoInstituto Multidisciplinar de Nova IguaçuCrecheAcesso às vagasBaixada FluminenseBurocratas de médio escalãoNurseryAccess to vacanciesBaixada FluminenseMid-level bureaucratsEducação“A gente precisaria de uma creche inteira só para atender a fila de espera do berçário” - oferta, acesso e matrícula em creches na Baixada Fluminense“We would need a whole day care center just to meet the nursery waiting list” - offer, access and enrollment in day care centers of the Baixada Fluminenseinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisABRAMOWICZ, Anete. 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description A proposta dessa pesquisa é analisar o acesso às vagas em creches. O direito das crianças à creche foi estabelecido como política pública na constituição de 1988 e reforçado na LDB 9394/96, que considerou a Educação Infantil primeira etapa da educação básica, sendo a creche o segmento voltado para bebês e crianças até 3 anos. Ocorre que passados mais de vinte e cinco anos da promulgação desse direito, em 2022, o atendimento em creches não se materializou como um direito para a ampla população brasileira. Essa pesquisa parte da hipótese de que a oferta é menor do que a demanda e, por isso, muitos arranjos são realizados nos contextos das secretarias de educação e das instituições. Conhecer e evidenciar as estratégias para distribuição das vagas é o objetivo dessa investigação. O referencial teórico se constrói na interlocução entre a educação, a sociologia das organizações e a análise de políticas públicas. O acesso às vagas de creches, assim como outras políticas educacionais, se dá em um campo de disputas, nesse sentido, o recorte proposto pela investigação, se volta para as normativas e estratégias das redes na definição da distribuição das vagas, nas ações dos representantes da Educação Infantil e no papel que as diretoras das instituições assumem diante da implementação dessa política. No referencial teórico adotado, as diretoras e esses representantes atuam na camada média da burocracia, sendo nomeados como burocratas de médio escalão. O campo empírico são os municípios da Baixada Fluminense que aceitaram o desafio de atender as crianças com menos de um ano na Educação Infantil. Metodologicamente, trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que, por meio de análise de documentos, de questionários aplicados aos representantes das equipes de Educação Infantil das secretarias de educação e bem como de entrevistas com diretoras de creches públicas, pretende conhecer os embates, desafios e estratégias utilizadas na implementação dessa política. Como resultado, verificamos através dos questionários que embora reconheça-se o esforço dos municípios no cumprimento da legislação, não se pode deixar de considerar que, mesmo cumprindo o que determina os marcos legais, muitas crianças ainda não conseguem conquistar o direito à creche, e aguardam em listas de espera; o número de crianças atendidas aponta que os municípios estão distantes da meta do PNE para as creches. Diante da falta de vagas em creches, os municípios realizam sorteios e procedimentos classificatórios, estratégias que filtram, através de critérios de prioridade, a seleção de crianças. Os dados produzidos através das entrevistas nos indicam o quanto as gestoras, motivadas a contornar os desafios que emergem no seu dia a dia, adotam práticas, por vezes pessoais. Dessa maneira, usam a discricionariedade como meio de organizar as etapas formuladas pela Secretaria de Educação do município, inclusive para dirimir a demanda por vagas. Assim, a partir desses instrumentos metodológicos, foi possível conhecer e evidenciar as estratégias das Secretarias e das direções das creches.
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Boletim de Análise Político-Institucional do IPEA, n. 29, pp. 49-59.2021. POLONI, Maria José. Crech
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