Campanhas políticas de solidariedade: movimentos sociais e doação de alimentos na pandemia de Covid-19

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silveira, Vicente Carvalho Azevedo da
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRRJ
Texto Completo: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/17623
Resumo: A pandemia de Covid-19 desembarcou no Brasil em um cenário de extrema polarização política e de aprofundamento da crise econômica vigente desde 2015, da qual um dos efeitos mais visíveis foi o recrudescimento da fome entre as famílias mais pobres, em grande parte residentes nas favelas e periferias dos grandes centros urbanos. Imediatamente, um grande movimento social se espalhou por todo o país, no qual indivíduos, coletivos e organizações de naturezas variadas estruturaram redes de apoio para distribuir recursos na forma de dinheiro, alimentos e materiais de primeira necessidade. Por meio de diferentes arranjos de campanha, vínculos econômicos e políticos foram criados ou atualizados entre os agentes heterogêneos que compõem o universo abrangente da sociedade civil, ao mesmo tempo em que, nas arenas públicas, os significados e práticas legítimas da solidariedade tornavam-se objeto de disputa. Neste trabalho, realizamos uma etnografia de duas campanhas de doação de alimentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ambas coordenadas por movimentos sociais organizados: a primeira foi coordenada pelo Movimenta Caxias, articulação entre diversos coletivos de juventude periférica da Baixada Fluminense; e a segunda pelo Movimento dos Pequenos Agricultores, organização de caráter nacional, vinculada aos movimentos camponeses e agroecológicos. Através da participação engajada do pesquisador nas campanhas, das observações de campo, entrevistas semiestruturadas e de extensa pesquisa virtual, investigamos e analisamos os diferentes arranjos de campanha criados por seus coordenadores, no intuito de mobilizar pessoas, recursos e narrativas em torno do alimento e do combate à fome. As diferentes identidades coletivas, trajetórias políticas e repertórios de ação coletiva das organizações envolvidas aportaram características específicas a cada uma das iniciativas, com ênfase em campanhas de doação anteriores, programas sociais governamentais e a construção de circuitos alternativos para a comercialização de alimentos agroecológicos, além dos acúmulos políticos em torno do tema dos alimentos, das experiências de seus militantes e ativistas em territórios dominados por grupos paramilitares e das diversas interações com agentes da sociedade civil e do terceiro setor. Por outro lado, as duas campanhas estiveram conectadas por alguns de seus atores centrais, de modo que a investigação dos fluxos de alimentos e de recursos financeiros nos levou a descobertas sobre a teia de vínculos políticos e econômicos construída a partir delas, levantando debates importantes sobre a conjuntura política brasileira no período pós-pandemia, na qual diferentes projetos políticos e econômicos disputam as interações legítimas entre Estado, sociedade civil e mercados no enfrentamento aos principais problemas sociais brasileiros.
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Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Seropédica, 2022.https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/17623A pandemia de Covid-19 desembarcou no Brasil em um cenário de extrema polarização política e de aprofundamento da crise econômica vigente desde 2015, da qual um dos efeitos mais visíveis foi o recrudescimento da fome entre as famílias mais pobres, em grande parte residentes nas favelas e periferias dos grandes centros urbanos. Imediatamente, um grande movimento social se espalhou por todo o país, no qual indivíduos, coletivos e organizações de naturezas variadas estruturaram redes de apoio para distribuir recursos na forma de dinheiro, alimentos e materiais de primeira necessidade. Por meio de diferentes arranjos de campanha, vínculos econômicos e políticos foram criados ou atualizados entre os agentes heterogêneos que compõem o universo abrangente da sociedade civil, ao mesmo tempo em que, nas arenas públicas, os significados e práticas legítimas da solidariedade tornavam-se objeto de disputa. Neste trabalho, realizamos uma etnografia de duas campanhas de doação de alimentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ambas coordenadas por movimentos sociais organizados: a primeira foi coordenada pelo Movimenta Caxias, articulação entre diversos coletivos de juventude periférica da Baixada Fluminense; e a segunda pelo Movimento dos Pequenos Agricultores, organização de caráter nacional, vinculada aos movimentos camponeses e agroecológicos. Através da participação engajada do pesquisador nas campanhas, das observações de campo, entrevistas semiestruturadas e de extensa pesquisa virtual, investigamos e analisamos os diferentes arranjos de campanha criados por seus coordenadores, no intuito de mobilizar pessoas, recursos e narrativas em torno do alimento e do combate à fome. As diferentes identidades coletivas, trajetórias políticas e repertórios de ação coletiva das organizações envolvidas aportaram características específicas a cada uma das iniciativas, com ênfase em campanhas de doação anteriores, programas sociais governamentais e a construção de circuitos alternativos para a comercialização de alimentos agroecológicos, além dos acúmulos políticos em torno do tema dos alimentos, das experiências de seus militantes e ativistas em territórios dominados por grupos paramilitares e das diversas interações com agentes da sociedade civil e do terceiro setor. Por outro lado, as duas campanhas estiveram conectadas por alguns de seus atores centrais, de modo que a investigação dos fluxos de alimentos e de recursos financeiros nos levou a descobertas sobre a teia de vínculos políticos e econômicos construída a partir delas, levantando debates importantes sobre a conjuntura política brasileira no período pós-pandemia, na qual diferentes projetos políticos e econômicos disputam as interações legítimas entre Estado, sociedade civil e mercados no enfrentamento aos principais problemas sociais brasileiros.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESThe Covid-19 pandemic landed in Brazil in a scene of extreme political polarization and a deepening of the economic crisis in force since 2015, which one of its most visible effects was the resurgence of hunger among the poorest families, largely residing in the slums and outskirts of large urban centers. Immediately, a great social movement spread throughout the country, in which individuals, collectives and organizations of varied natures articulated in support networks to distribute resources in the form of money, food or essential goods. Through different campaign arrangements, economic and political links were created or updated between heterogeneous agents that constitute the large universe of civil society, at the same time as they disputed in the public arena the meanings and legitimate practices of solidarity. In this work, we carried out an ethnography of two food donation campaigns in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro, both coordinated by organized social movements: the first was coordinated by Movimenta Caxias, an articulation between several groups of peripheral youth at Baixada Fluminense; while the second was coordinated by the Movimento dos Pequenos Agricultores, a national organization linked to the peasant and agroecological movements. Through the researcher's engaged participation in the campaigns, field observations, semi-structured interviews and extensive virtual research, we investigated and analyzed the different arrangements created by their coordinators in order to mobilize people, resources and narratives around food and the fight against hungry. The different collective identities, political trajectories and collective action repertoires of the organizations involved brought specific characteristics to each of the initiatives, at the same time that the two campaigns were connected by some of their central actors, so that the investigation of food flows and financial resources led us to interesting discoveries about the web of political and economic ties built from them, raising important debates about the Brazilian political situation after the pandemics, in wich different political and economic projects dispute the legitimate interactions between State, civil society and markets facing the main brazilian social problems.porUniversidade Federal Rural do Rio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e SociedadeUFRRJBrasilInstituto de Ciências Humanas e SociaisSociologiacampanhas de movimentos sociaisação coletivadoação de alimentospandemia de Covid-19combate à fomeRio de Janeirosocial movementscollective actionfood donationpandemicsfight against hungerCampanhas políticas de solidariedade: movimentos sociais e doação de alimentos na pandemia de Covid-19Solidarity political campaigns: social movements and food donation on Covid-19 pandemicsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisABRAHÃO, Jorge. 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description A pandemia de Covid-19 desembarcou no Brasil em um cenário de extrema polarização política e de aprofundamento da crise econômica vigente desde 2015, da qual um dos efeitos mais visíveis foi o recrudescimento da fome entre as famílias mais pobres, em grande parte residentes nas favelas e periferias dos grandes centros urbanos. Imediatamente, um grande movimento social se espalhou por todo o país, no qual indivíduos, coletivos e organizações de naturezas variadas estruturaram redes de apoio para distribuir recursos na forma de dinheiro, alimentos e materiais de primeira necessidade. Por meio de diferentes arranjos de campanha, vínculos econômicos e políticos foram criados ou atualizados entre os agentes heterogêneos que compõem o universo abrangente da sociedade civil, ao mesmo tempo em que, nas arenas públicas, os significados e práticas legítimas da solidariedade tornavam-se objeto de disputa. Neste trabalho, realizamos uma etnografia de duas campanhas de doação de alimentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ambas coordenadas por movimentos sociais organizados: a primeira foi coordenada pelo Movimenta Caxias, articulação entre diversos coletivos de juventude periférica da Baixada Fluminense; e a segunda pelo Movimento dos Pequenos Agricultores, organização de caráter nacional, vinculada aos movimentos camponeses e agroecológicos. Através da participação engajada do pesquisador nas campanhas, das observações de campo, entrevistas semiestruturadas e de extensa pesquisa virtual, investigamos e analisamos os diferentes arranjos de campanha criados por seus coordenadores, no intuito de mobilizar pessoas, recursos e narrativas em torno do alimento e do combate à fome. As diferentes identidades coletivas, trajetórias políticas e repertórios de ação coletiva das organizações envolvidas aportaram características específicas a cada uma das iniciativas, com ênfase em campanhas de doação anteriores, programas sociais governamentais e a construção de circuitos alternativos para a comercialização de alimentos agroecológicos, além dos acúmulos políticos em torno do tema dos alimentos, das experiências de seus militantes e ativistas em territórios dominados por grupos paramilitares e das diversas interações com agentes da sociedade civil e do terceiro setor. Por outro lado, as duas campanhas estiveram conectadas por alguns de seus atores centrais, de modo que a investigação dos fluxos de alimentos e de recursos financeiros nos levou a descobertas sobre a teia de vínculos políticos e econômicos construída a partir delas, levantando debates importantes sobre a conjuntura política brasileira no período pós-pandemia, na qual diferentes projetos políticos e econômicos disputam as interações legítimas entre Estado, sociedade civil e mercados no enfrentamento aos principais problemas sociais brasileiros.
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