A formação de um novo mercado global de terras no Brasil: land grabbing e “última fronteira agrícola” - MATOPIBA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Carla Morsch Porto
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRRJ
Texto Completo: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9525
Resumo: Desde 2007-08, quando se fez sentir globalmente os efeitos e desdobramentos da crise multidimensional do capitalismo, muitos investidores migraram para o já aquecido setor extrativo (agropecuário, energético e mineral), devido ao chamado “boom” dos preços internacionais das commodities, iniciado em 2000. Essa dinâmica representou um ajuste abrupto nos padrões globais de investimento que teve e, ainda tem, como um dos eixos centrais, a compra/arrendamento de terras em escala mundial, conformando um fenômeno que se convencionou chamar de Global Land Grabbing, Acaparamiento de Terras, Land Rush e, no contexto brasileiro, “Estrangeirização” de Terras. A magnitude dos investimentos levaram à formação de um “mercado global de terras” (e recursos naturais) que têm produzido alterações profundas na economia política da terra e dos recursos naturais dos países do chamado Sul Global, mas também por reforçar uma divisão internacional do trabalho que há muito tempo tem elaborado um “destino” agroexportador e dependente econômica e politicamente para muitos desses países, deslocando massivamente a disputa territorial, historicamente circunscrita ao território nacional, à escala global. O Brasil tem sido apontado como o quinto destino global desse tipo de investimento. Frente a essas questões e à complexidade dos processos em curso, o objeto de análise desta tese centra-se no funcionamento do atual mercado global de terras no Brasil, procurando compreender a maneira com que esse mercado se estrutura, quais são os seus principais drives e as estratégias de cooperação (e conflitos) com as elites agroexportadoras locais, utilizando a região denominada MATOPIBA (acrônimo das iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) como estudo de caso. O MATOPIBA nos mostra uma representação muito importante das consequências do funcionamento do mercado global de terras e do land grabbing em uma região em expansão; são mais de 1,700 milhões de hectares nas mãos de estrangeiros, ou seja, parte importante da expansão dessa fronteira é estimulada por agentes financeiros e grandes empresas transnacionais do setor agrícola. Durante a pesquisa de campo, não observamos nenhuma contradição importante entre os interesses das empresas agrícolas e financeiras internacionais e da elite agroexportadora local. Ao contrário, esses atores estão inseridos e assessorados pela mesma rede e mecanismos de grilagem de terras, exploração do trabalho e a violência contra as populações do campo.
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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2020.https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9525Desde 2007-08, quando se fez sentir globalmente os efeitos e desdobramentos da crise multidimensional do capitalismo, muitos investidores migraram para o já aquecido setor extrativo (agropecuário, energético e mineral), devido ao chamado “boom” dos preços internacionais das commodities, iniciado em 2000. Essa dinâmica representou um ajuste abrupto nos padrões globais de investimento que teve e, ainda tem, como um dos eixos centrais, a compra/arrendamento de terras em escala mundial, conformando um fenômeno que se convencionou chamar de Global Land Grabbing, Acaparamiento de Terras, Land Rush e, no contexto brasileiro, “Estrangeirização” de Terras. A magnitude dos investimentos levaram à formação de um “mercado global de terras” (e recursos naturais) que têm produzido alterações profundas na economia política da terra e dos recursos naturais dos países do chamado Sul Global, mas também por reforçar uma divisão internacional do trabalho que há muito tempo tem elaborado um “destino” agroexportador e dependente econômica e politicamente para muitos desses países, deslocando massivamente a disputa territorial, historicamente circunscrita ao território nacional, à escala global. O Brasil tem sido apontado como o quinto destino global desse tipo de investimento. Frente a essas questões e à complexidade dos processos em curso, o objeto de análise desta tese centra-se no funcionamento do atual mercado global de terras no Brasil, procurando compreender a maneira com que esse mercado se estrutura, quais são os seus principais drives e as estratégias de cooperação (e conflitos) com as elites agroexportadoras locais, utilizando a região denominada MATOPIBA (acrônimo das iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) como estudo de caso. O MATOPIBA nos mostra uma representação muito importante das consequências do funcionamento do mercado global de terras e do land grabbing em uma região em expansão; são mais de 1,700 milhões de hectares nas mãos de estrangeiros, ou seja, parte importante da expansão dessa fronteira é estimulada por agentes financeiros e grandes empresas transnacionais do setor agrícola. Durante a pesquisa de campo, não observamos nenhuma contradição importante entre os interesses das empresas agrícolas e financeiras internacionais e da elite agroexportadora local. Ao contrário, esses atores estão inseridos e assessorados pela mesma rede e mecanismos de grilagem de terras, exploração do trabalho e a violência contra as populações do campo.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorSince 2007-08, when the effects and consequences of the multidimensional crisis of capitalism were felt globally many investors migrated to the already heated extractive sector (agriculture, energy and mineral), due to the so-called “boom” of international commodity prices, started in 2000. This dynamic represented an abrupt adjustment in the global investment patterns that had and still has, as one of the central axes, the purchase / lease of land on a global scale, forming a phenomenon that was conventionally called Global Land Grabbing, Land Rush and, in the Brazilian context, “Estrangeirização” de Terras. The magnitude of the investments led to the formation of a “global market for land” (and natural resources) that has produced profound changes in the political economy of land and natural resources in the countries of the so-called Global South, not only for reinforcing an international division of labor that has long worked out an agro-export and economically and politically dependent “destination” for many of these countries massively displacing the territorial dispute historically circumscribed to the national territory on a global scale. Brazil has been identified as the fifth global destination for this type of investment Faced with these issues and the complexity of the ongoing processes, the object of analysis of this thesis focuses on the functioning of the current global land market in Brazil, seeking to understand the way in which this market is structured, what are its main drives and the cooperation strategies (and conflicts) with local agro-exporting elites, using the region called MATOPIBA (acronym for the initials of the states of Maranhão, Tocantins, Piauí and Bahia) as a case study. The MATOPIBA region shows us a very important representation of the global land market and land grabbing functioning in an expanding region; there are more than 1.700 million hectares in the hands of foreigners, that is, an important part of the expansion of this frontier is stimulated by financial agents and large transnational companies in the agricultural sector. During the field research, we did not see any major contradiction between the interests of international agricultural and financial companies and the local agroexporting elite. On the contrary, these actors are inserted and advised by the same network and mechanisms of land grabbing, labor exploitation and violence against rural populations.application/pdfporUniversidade Federal Rural do Rio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e SociedadeUFRRJBrasilInstituto de Ciências Humanas e Sociaisland grabbingfinanceirização da terraagronegócioMATOPIBAÁrea do conhecimentoSociologiaLand financializationagribusinessBrazilField of knowledgeSocial sciencesCiências SociaisA formação de um novo mercado global de terras no Brasil: land grabbing e “última fronteira agrícola” - MATOPIBAA new global land market in Brazil: land grabbing and the “last agricultural frontier” - MATOPIBAinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisACTION AID. Impactos da expansão do agronegócio no MATOPIBA: COMUNIDADES E MEIO AMBIENTE. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Action Aid, 2017. v. 1. 82p. ADECOAGRO. 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description Desde 2007-08, quando se fez sentir globalmente os efeitos e desdobramentos da crise multidimensional do capitalismo, muitos investidores migraram para o já aquecido setor extrativo (agropecuário, energético e mineral), devido ao chamado “boom” dos preços internacionais das commodities, iniciado em 2000. Essa dinâmica representou um ajuste abrupto nos padrões globais de investimento que teve e, ainda tem, como um dos eixos centrais, a compra/arrendamento de terras em escala mundial, conformando um fenômeno que se convencionou chamar de Global Land Grabbing, Acaparamiento de Terras, Land Rush e, no contexto brasileiro, “Estrangeirização” de Terras. A magnitude dos investimentos levaram à formação de um “mercado global de terras” (e recursos naturais) que têm produzido alterações profundas na economia política da terra e dos recursos naturais dos países do chamado Sul Global, mas também por reforçar uma divisão internacional do trabalho que há muito tempo tem elaborado um “destino” agroexportador e dependente econômica e politicamente para muitos desses países, deslocando massivamente a disputa territorial, historicamente circunscrita ao território nacional, à escala global. O Brasil tem sido apontado como o quinto destino global desse tipo de investimento. Frente a essas questões e à complexidade dos processos em curso, o objeto de análise desta tese centra-se no funcionamento do atual mercado global de terras no Brasil, procurando compreender a maneira com que esse mercado se estrutura, quais são os seus principais drives e as estratégias de cooperação (e conflitos) com as elites agroexportadoras locais, utilizando a região denominada MATOPIBA (acrônimo das iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) como estudo de caso. O MATOPIBA nos mostra uma representação muito importante das consequências do funcionamento do mercado global de terras e do land grabbing em uma região em expansão; são mais de 1,700 milhões de hectares nas mãos de estrangeiros, ou seja, parte importante da expansão dessa fronteira é estimulada por agentes financeiros e grandes empresas transnacionais do setor agrícola. Durante a pesquisa de campo, não observamos nenhuma contradição importante entre os interesses das empresas agrícolas e financeiras internacionais e da elite agroexportadora local. Ao contrário, esses atores estão inseridos e assessorados pela mesma rede e mecanismos de grilagem de terras, exploração do trabalho e a violência contra as populações do campo.
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