“People are scattered...”: the de-territorialization process experienced by Quilombola people in Bocaina, Mato Grosso, Brazil: “O povo está esparramado...”: o processo de desterritorialização vivenciado pelos quilombolas da Bocaina, Mato Grosso

• Autor(a) principal: Santos, Thaís Aparecida Coelho
• Data de Publicação: 2016
• Outros Autores: Barros, Flávio Bezerra
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Estudos Sociedade e Agricultura (Online)
• Texto Completo: https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/673

O processo de modernização, com vistas a incorporar a agricultura ao setor industrial, tem promovido choques territoriais junto aos povos tradicionais, uma vez que estes estão perdendo seus territórios para os grandes empreendimentos. Os objetivos deste estudo foram retratar o processo de desterritorialização vivenciado pelos povos quilombolas da Bocaina (Porto Estrela-MT), analisar de que forma a expulsão afetou a reprodução material e simbólica das famílias e, ainda, descrever as estratégias de resistência empreendidas. A coleta de dados foi realizada por meio de técnicas como entrevistas estruturadas e semiestruturadas, história de vida e observação participante. O estudo evidenciou que a comunidade foi expropriada de sua terra de diversas formas, como coação, traição e até assassinato. A violência vivenciada pelas famílias deixou irremediáveis sequelas em seu modo de vida, uma vez que, expulsas do território, passaram a trabalhar para os fazendeiros da região, espalhadas por vários lugares do Mato Grosso, não sendo mais possível reproduzir plenamente suas práticas culturais. Mesmo diante das adversidades, resistem, pois cultivam, ainda que em espaços de tamanho ínfimo, uma rocinha para as despesas, associando, também, plantas medicinais e ornamentais, sendo algumas das sementes do tempo da Bocaina, evidenciando a persistência de uma cultura pautada na relação com a natureza. Os bons tempos vividos na Bocaina são rememorados com saudosismo. Hoje, reconhecidos como povos remanescentes de quilombo, lutam para retornar ao território que foi tomado deles de maneira injusta e cruel.