A literatura como fonte de dados: um olhar sociolinguístico sobre a obra História da Minha Infância, de Gilberto Amado
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFS |
Texto Completo: | https://ri.ufs.br/handle/riufs/5770 |
Resumo: | Este trabalho toma a obra literária História da Minha Infância, do escritor sergipano natural da cidade de Estância Gilberto Amado (farmacêutico, Bacharel e professor de Direito, deputado federal e senador, diplomata, escritor e poeta) como fonte primária para um estudo que, adotando um viés sociolinguístico, estabelece uma interface com a literatura. Para verificar se o texto dispunha da validade e da adequação de que necessitamos para tal intento, fez-se necessária uma busca em outros estudos que também tomaram textos escritos para realizar pesquisas sociolinguísticas semelhantes (Cf. Tavares (2003), Reis (2003) e Generalli (2011)). Certificando-nos da validade da obra para os objetivos pretendidos, o questionamento que fundamenta esta pesquisa é o seguinte: quais as pistas diacrônicas disponibilizadas pelo texto memorialista no qual são relatadas histórias autobiográficas transcorridas no final do século XIX e início do século XX, nas vilas sergipanas de Estância e Itaporanga que nos possibilitam entender a relação língua x sociedade manifestada pela obra? Após o levantamento dos dados, deparamo-nos com domínios de fenômenos variáveis (morfossintáticos e fonéticos). O trabalho perpassa tanto a teoria da variação laboviana a qual toma a variação linguística como diretamente correlacionada a fatores sociais , bem como a noção de persona imagem social que o falante projeta no sentido de fazer com que os demais membros da comunidade, ou mesmo de outras comunidades, interpretem suas ações , trabalhada na Sociolinguística tanto por Penelope Eckert (2001, 2003, 2004, 2005), quanto por Coupland (2001) e mesmo por Irvine (2001). Esses autores defendem que o estilo, definido em termos de formalidade e informalidade, deve ser tomado para além de um contínuo, e ser observado enquanto um modus operandi diverso para a realização de uma mesma tarefa. Irvine (2001) vai mostrar que o estilo deve ser abordado como um fenômeno associado a outros fatores de natureza social, histórica, econômica, cultural, etc. Para tanto, foi necessário nos cercarmos de dados do contexto sócio-histórico da sociedade sergipana de fins do século XIX e início de século XX para a efetivação da análise. Dessa forma, após coligirmos todas as falas de cada personagem, analisamos a correlação entre as pistas que tais usos linguísticos revelam em função do papel social dos personagens no contexto da sociedade retratada, mostrando como a variação está presente na obra em foco. Entre os fenômenos morfossintáticos encontrados estão: o uso variável de você e vosmecê, a variação da colocação pronominal (próclise e ênclise), a variação das formas imperativas (as derivadas do imperativo e do subjuntivo e o decorrente uso variável tu x você), concordâncias verbal e nominal variáveis. Entre os fenômenos fonéticos detectamos metaplasmos por transformação (vocalização, rotacismo, ditongação e monotongação) e por supressão (aférese e apócope). Mediante tais domínios de fenômenos realizamos uma análise de cada um deles de maneira mais panorâmica, de modo a comprovar como tais variações linguísticas que oscilam entre formas menos e mais marcadas estão presentes e correlacionadas diretamente ao papel social dos personagens no contexto da sociedade retratada. Em razão de não dispormos de uma quantidade de dados que permitisse uma análise quantitativa, efetivamos uma análise qualitativa, visando à identificação da correlação dos papéis sociais dos personagens aos usos linguísticos a eles atribuídos, além das relações hierárquicas travadas entres os personagens. |
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