Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira Filho, Antônio José
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFS
Texto Completo: https://ri.ufs.br/handle/riufs/1406
Resumo: O princípio moderno de que só podemos conhecer aquilo que fazemos ( verum factum convertuntur) assume na obra de Vico um sentido peculiar. De início, aproximando-se e distanciando se dos filósofos pós-cartesianos, Vico toma o princípio do verum-factum como eixo argumentativo para empreender uma revisão das teses cartesianas frente às criticas céticas. O resultado é a reivindicação de um espaço legítimo de conhecimento no qual o homem torna-se senhor de seus próprios objetos. Na obra mais madura, porém, Vico toma este princípio para se pensar uma “ciência do mundo humano” na sua dimensão própria – a história. É impossível não reconhecer o tom prometeico desta conversão. Porém, diferentemente de outros filósofos modernos, Vico não se vale do princípio do verum-factum como critério de planificação do mundo históricocivil.Aqui topamos com a outra ponta do fio da idéia viquiana de história: a noção de “providência”. Como conciliar as duas afirmações? Se a história é fruto de Deus e não dos homens, com que direito pode-se almejar conhecê-la, uma vez que só se pode conhecer aquilo que se faz? Trata-se de uma contradição flagrante ou de um sinal de prudência? Devemos concluir que Vico afim de salvar o conhecimento histórico, cai numa visão mistificadora, na qual o filósofo que reflete sobre a história, identificando-se plenamente coma mente divina torna-se uma espécie de Deus, sendo capaz de abarcar a história na sua totalidade e, ao mesmo tempo, fazer prognósticos sobre nossa condição futura? Qual o significado do termo “providência” em Vico e em que sentido “os homens fazem a história”? Tem sentido considerar Vico um “filósofo da história” no sentido moderno do termo? O que dizer da separação entre história “sagrada” e “profana” efetuada pelo autor? Teria Vico dado um passo atrás em relação ao processo de laicização moderno? Ou, ao contrário, ele antecipou criticamente as dicotomias deste processo? A fim de responder estas questões, veremos que na verdade as ambivalências de Vico fazem parte de uma estratégia argumentativa que parece encarnar o primeiro movimento em que a modernidade revê seus próprios pressupostos, realiza uma autocrítica, sem contudo abrir mão de uma idéia de humanidade e de razão. Nossa leitura terá como pano de fundo o contexto filosófico da tradição renascentista, da qual Vico é considerado o herdeiro tardio, e as discussões em torno da fundamentação do saber na passagem do século xvii para o século xviii. É entre estes dois momentos que Vico tenta imprimir sem sucesso suas idéias, que não por acaso só frutificariam muito tempo depois. _________________________________________________________________________________________ ABSTRACT: The modern principle according to which we can know what we create ( verum factum convertuntur) has a singular meaning in Vico’s works. In his early works, sometimes far and sometimes close to the post-Cartesian philosophers, Vico takes the principle of verum-factum as the argumentative center to make a review of the Cartesian theses in face of the skeptical critiques. The result is the vindication of a legitimate place for knowledge in which man is the master of his own objects. In his late works, however, Vico considers this principle as the setting-off for thinking about a “science of the human world in its own dimension – history. One cannot help noticing the Promethean route of this conversion. However, differently from other modern philosophers, Vico does not take the principle of verum-factum to be the criterion for planning the civil historical world. Here we find the other part of the Viconian idea of history: the idea of “providence”. How to join these two ideas? If history is God’s act not man’s, how can we wish to know it, since one can only know what one makes? Is it remarkable contradiction or a mark of prudence? Shall we conclude that Vico, in order to protect the historical knowledge, falls into a mystifying view, in which the philosopher, as it identifies himself to the divine mind, becomes a sort of God, being capable to embrace the whole history, and at the same time make prognostics of our future condition? What “providence” stands for, according to Vico ? In which sense “men make history”? Is there a sense in considering Vico as a “philosopher of history” in the modern sense of term? What can we say about the distinction of the “sacred” history and the “profane history” made by the author? Did Vico make a drawback regarding the modern process of laicization? Or, contrary, did he advance critically the dichotomies of this process? In order to answer these questions we shall see that, in fact, Vico’s ambivalences are part of an argumentative strategy that seems to engender the first moment in which modernity make the review of its own assumptions, enacts an auto-critique, without giving up of an idea of humanity an for reason. Our work shall have, as its background, the philosophical context of renaissance, of which Vico is considered a late heir, and the debate of the foundation of knowledge between XVIIth an the XVIIth century. It is between these two moments that Vico manages to establish successfully his ideas, which would bear fruits much later.
id UFS-2_197e1ca05a9ef5328640ce4af1c430c3
oai_identifier_str oai:ufs.br:riufs/1406
network_acronym_str UFS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFS
repository_id_str
spelling Pereira Filho, Antônio JoséSouza, Maria das Graças de2015-01-29T00:06:05Z2015-01-29T00:06:05Z2004PEREIRA FILHO, A. J. Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova. 2004. 208 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. Disponível em: <http://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/posgraduacao/defesas/2005_mes/diss_05_mes_pereira_filho.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2015.https://ri.ufs.br/handle/riufs/1406Direitos autorais pertencentes ao(s) autor(es)O princípio moderno de que só podemos conhecer aquilo que fazemos ( verum factum convertuntur) assume na obra de Vico um sentido peculiar. De início, aproximando-se e distanciando se dos filósofos pós-cartesianos, Vico toma o princípio do verum-factum como eixo argumentativo para empreender uma revisão das teses cartesianas frente às criticas céticas. O resultado é a reivindicação de um espaço legítimo de conhecimento no qual o homem torna-se senhor de seus próprios objetos. Na obra mais madura, porém, Vico toma este princípio para se pensar uma “ciência do mundo humano” na sua dimensão própria – a história. É impossível não reconhecer o tom prometeico desta conversão. Porém, diferentemente de outros filósofos modernos, Vico não se vale do princípio do verum-factum como critério de planificação do mundo históricocivil.Aqui topamos com a outra ponta do fio da idéia viquiana de história: a noção de “providência”. Como conciliar as duas afirmações? Se a história é fruto de Deus e não dos homens, com que direito pode-se almejar conhecê-la, uma vez que só se pode conhecer aquilo que se faz? Trata-se de uma contradição flagrante ou de um sinal de prudência? Devemos concluir que Vico afim de salvar o conhecimento histórico, cai numa visão mistificadora, na qual o filósofo que reflete sobre a história, identificando-se plenamente coma mente divina torna-se uma espécie de Deus, sendo capaz de abarcar a história na sua totalidade e, ao mesmo tempo, fazer prognósticos sobre nossa condição futura? Qual o significado do termo “providência” em Vico e em que sentido “os homens fazem a história”? Tem sentido considerar Vico um “filósofo da história” no sentido moderno do termo? O que dizer da separação entre história “sagrada” e “profana” efetuada pelo autor? Teria Vico dado um passo atrás em relação ao processo de laicização moderno? Ou, ao contrário, ele antecipou criticamente as dicotomias deste processo? A fim de responder estas questões, veremos que na verdade as ambivalências de Vico fazem parte de uma estratégia argumentativa que parece encarnar o primeiro movimento em que a modernidade revê seus próprios pressupostos, realiza uma autocrítica, sem contudo abrir mão de uma idéia de humanidade e de razão. Nossa leitura terá como pano de fundo o contexto filosófico da tradição renascentista, da qual Vico é considerado o herdeiro tardio, e as discussões em torno da fundamentação do saber na passagem do século xvii para o século xviii. É entre estes dois momentos que Vico tenta imprimir sem sucesso suas idéias, que não por acaso só frutificariam muito tempo depois. _________________________________________________________________________________________ ABSTRACT: The modern principle according to which we can know what we create ( verum factum convertuntur) has a singular meaning in Vico’s works. In his early works, sometimes far and sometimes close to the post-Cartesian philosophers, Vico takes the principle of verum-factum as the argumentative center to make a review of the Cartesian theses in face of the skeptical critiques. The result is the vindication of a legitimate place for knowledge in which man is the master of his own objects. In his late works, however, Vico considers this principle as the setting-off for thinking about a “science of the human world in its own dimension – history. One cannot help noticing the Promethean route of this conversion. However, differently from other modern philosophers, Vico does not take the principle of verum-factum to be the criterion for planning the civil historical world. Here we find the other part of the Viconian idea of history: the idea of “providence”. How to join these two ideas? If history is God’s act not man’s, how can we wish to know it, since one can only know what one makes? Is it remarkable contradiction or a mark of prudence? Shall we conclude that Vico, in order to protect the historical knowledge, falls into a mystifying view, in which the philosopher, as it identifies himself to the divine mind, becomes a sort of God, being capable to embrace the whole history, and at the same time make prognostics of our future condition? What “providence” stands for, according to Vico ? In which sense “men make history”? Is there a sense in considering Vico as a “philosopher of history” in the modern sense of term? What can we say about the distinction of the “sacred” history and the “profane history” made by the author? Did Vico make a drawback regarding the modern process of laicization? Or, contrary, did he advance critically the dichotomies of this process? In order to answer these questions we shall see that, in fact, Vico’s ambivalences are part of an argumentative strategy that seems to engender the first moment in which modernity make the review of its own assumptions, enacts an auto-critique, without giving up of an idea of humanity an for reason. Our work shall have, as its background, the philosophical context of renaissance, of which Vico is considered a late heir, and the debate of the foundation of knowledge between XVIIth an the XVIIth century. It is between these two moments that Vico manages to establish successfully his ideas, which would bear fruits much later.CartesianismoFilosofia da históriaProvidênciaModernidadeVico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Novainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisporreponame:Repositório Institucional da UFSinstname:Universidade Federal de Sergipe (UFS)instacron:UFSinfo:eu-repo/semantics/openAccessTHUMBNAILVicoFraturaModerna.pdf.jpgVicoFraturaModerna.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1262https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/6/VicoFraturaModerna.pdf.jpg1ba6ee1c37bd4ce8f7e87473e14bc6edMD56ORIGINALVicoFraturaModerna.pdfVicoFraturaModerna.pdfapplication/pdf1436344https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/4/VicoFraturaModerna.pdf134fe8e1361737a052ce8787c1da4c13MD54LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTVicoeaFraturaModerna.pdf.txtVicoeaFraturaModerna.pdf.txtExtracted texttext/plain0https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/3/VicoeaFraturaModerna.pdf.txtd41d8cd98f00b204e9800998ecf8427eMD53VicoFraturaModerna.pdf.txtVicoFraturaModerna.pdf.txtExtracted texttext/plain571435https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/5/VicoFraturaModerna.pdf.txtb7d03dbefddb77929d0e6b7768243fddMD55riufs/14062015-01-30 02:00:33.143oai:ufs.br:riufs/1406Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://ri.ufs.br/oai/requestrepositorio@academico.ufs.bropendoar:2015-01-30T05:00:33Repositório Institucional da UFS - Universidade Federal de Sergipe (UFS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
title Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
spellingShingle Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
Pereira Filho, Antônio José
Cartesianismo
Filosofia da história
Providência
Modernidade
title_short Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
title_full Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
title_fullStr Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
title_full_unstemmed Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
title_sort Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova
author Pereira Filho, Antônio José
author_facet Pereira Filho, Antônio José
author_role author
dc.contributor.leader.none.fl_str_mv Souza, Maria das Graças de
dc.contributor.author.fl_str_mv Pereira Filho, Antônio José
dc.subject.por.fl_str_mv Cartesianismo
Filosofia da história
Providência
Modernidade
topic Cartesianismo
Filosofia da história
Providência
Modernidade
description O princípio moderno de que só podemos conhecer aquilo que fazemos ( verum factum convertuntur) assume na obra de Vico um sentido peculiar. De início, aproximando-se e distanciando se dos filósofos pós-cartesianos, Vico toma o princípio do verum-factum como eixo argumentativo para empreender uma revisão das teses cartesianas frente às criticas céticas. O resultado é a reivindicação de um espaço legítimo de conhecimento no qual o homem torna-se senhor de seus próprios objetos. Na obra mais madura, porém, Vico toma este princípio para se pensar uma “ciência do mundo humano” na sua dimensão própria – a história. É impossível não reconhecer o tom prometeico desta conversão. Porém, diferentemente de outros filósofos modernos, Vico não se vale do princípio do verum-factum como critério de planificação do mundo históricocivil.Aqui topamos com a outra ponta do fio da idéia viquiana de história: a noção de “providência”. Como conciliar as duas afirmações? Se a história é fruto de Deus e não dos homens, com que direito pode-se almejar conhecê-la, uma vez que só se pode conhecer aquilo que se faz? Trata-se de uma contradição flagrante ou de um sinal de prudência? Devemos concluir que Vico afim de salvar o conhecimento histórico, cai numa visão mistificadora, na qual o filósofo que reflete sobre a história, identificando-se plenamente coma mente divina torna-se uma espécie de Deus, sendo capaz de abarcar a história na sua totalidade e, ao mesmo tempo, fazer prognósticos sobre nossa condição futura? Qual o significado do termo “providência” em Vico e em que sentido “os homens fazem a história”? Tem sentido considerar Vico um “filósofo da história” no sentido moderno do termo? O que dizer da separação entre história “sagrada” e “profana” efetuada pelo autor? Teria Vico dado um passo atrás em relação ao processo de laicização moderno? Ou, ao contrário, ele antecipou criticamente as dicotomias deste processo? A fim de responder estas questões, veremos que na verdade as ambivalências de Vico fazem parte de uma estratégia argumentativa que parece encarnar o primeiro movimento em que a modernidade revê seus próprios pressupostos, realiza uma autocrítica, sem contudo abrir mão de uma idéia de humanidade e de razão. Nossa leitura terá como pano de fundo o contexto filosófico da tradição renascentista, da qual Vico é considerado o herdeiro tardio, e as discussões em torno da fundamentação do saber na passagem do século xvii para o século xviii. É entre estes dois momentos que Vico tenta imprimir sem sucesso suas idéias, que não por acaso só frutificariam muito tempo depois. _________________________________________________________________________________________ ABSTRACT: The modern principle according to which we can know what we create ( verum factum convertuntur) has a singular meaning in Vico’s works. In his early works, sometimes far and sometimes close to the post-Cartesian philosophers, Vico takes the principle of verum-factum as the argumentative center to make a review of the Cartesian theses in face of the skeptical critiques. The result is the vindication of a legitimate place for knowledge in which man is the master of his own objects. In his late works, however, Vico considers this principle as the setting-off for thinking about a “science of the human world in its own dimension – history. One cannot help noticing the Promethean route of this conversion. However, differently from other modern philosophers, Vico does not take the principle of verum-factum to be the criterion for planning the civil historical world. Here we find the other part of the Viconian idea of history: the idea of “providence”. How to join these two ideas? If history is God’s act not man’s, how can we wish to know it, since one can only know what one makes? Is it remarkable contradiction or a mark of prudence? Shall we conclude that Vico, in order to protect the historical knowledge, falls into a mystifying view, in which the philosopher, as it identifies himself to the divine mind, becomes a sort of God, being capable to embrace the whole history, and at the same time make prognostics of our future condition? What “providence” stands for, according to Vico ? In which sense “men make history”? Is there a sense in considering Vico as a “philosopher of history” in the modern sense of term? What can we say about the distinction of the “sacred” history and the “profane history” made by the author? Did Vico make a drawback regarding the modern process of laicization? Or, contrary, did he advance critically the dichotomies of this process? In order to answer these questions we shall see that, in fact, Vico’s ambivalences are part of an argumentative strategy that seems to engender the first moment in which modernity make the review of its own assumptions, enacts an auto-critique, without giving up of an idea of humanity an for reason. Our work shall have, as its background, the philosophical context of renaissance, of which Vico is considered a late heir, and the debate of the foundation of knowledge between XVIIth an the XVIIth century. It is between these two moments that Vico manages to establish successfully his ideas, which would bear fruits much later.
publishDate 2004
dc.date.issued.fl_str_mv 2004
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2015-01-29T00:06:05Z
dc.date.available.fl_str_mv 2015-01-29T00:06:05Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv PEREIRA FILHO, A. J. Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova. 2004. 208 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. Disponível em: <http://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/posgraduacao/defesas/2005_mes/diss_05_mes_pereira_filho.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2015.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://ri.ufs.br/handle/riufs/1406
dc.identifier.license.pt_BR.fl_str_mv Direitos autorais pertencentes ao(s) autor(es)
identifier_str_mv PEREIRA FILHO, A. J. Vico e a fratura moderna: o principio do verum-factum e a idéia de história na Ciência Nova. 2004. 208 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. Disponível em: <http://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/posgraduacao/defesas/2005_mes/diss_05_mes_pereira_filho.pdf>. Acesso em: 28 jan. 2015.
Direitos autorais pertencentes ao(s) autor(es)
url https://ri.ufs.br/handle/riufs/1406
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFS
instname:Universidade Federal de Sergipe (UFS)
instacron:UFS
instname_str Universidade Federal de Sergipe (UFS)
instacron_str UFS
institution UFS
reponame_str Repositório Institucional da UFS
collection Repositório Institucional da UFS
bitstream.url.fl_str_mv https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/6/VicoFraturaModerna.pdf.jpg
https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/4/VicoFraturaModerna.pdf
https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/2/license.txt
https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/3/VicoeaFraturaModerna.pdf.txt
https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/1406/5/VicoFraturaModerna.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 1ba6ee1c37bd4ce8f7e87473e14bc6ed
134fe8e1361737a052ce8787c1da4c13
8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e
b7d03dbefddb77929d0e6b7768243fdd
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFS - Universidade Federal de Sergipe (UFS)
repository.mail.fl_str_mv repositorio@academico.ufs.br
_version_ 1802110723892969472