Movimentos de contextualização e descontextualização entre as dimensões empírica e abstrata no ensino de propriedades coligativas e suas relações com as representações semióticas de Peirce

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Joeliton Chagas
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFS
Texto Completo: https://ri.ufs.br/handle/riufs/5167
Resumo: Esta pesquisa teve como principal objetivo analisar os movimentos de contextualização e descontextualização, por entre as dimensões empírica e abstrata do conhecimento químico, no discurso de um professor em uma sala de aula do nível médio, verificando as relações de tais movimentos com o uso de representações semióticas e as características dessas representações. Tendo em vista que a relação dialética entre empiria e teoria, assim como o uso de representações são constitutivas do conhecimento químico, consideramos relevante verificar como tais aspectos são articulados na introdução e desenvolvimento dos conteúdos por um professor junto aos seus alunos. A fim de alcançarmos esse objetivo, lançamo-nos mão de uma pesquisa do tipo estudo de caso, referente à análise da atuação de um professor conceituado em uma turma do 2º ano do ensino médio, durante o desenvolvimento da sequência temática Propriedades Coligativas das Soluções , em uma escola do agreste sergipano. A opção pela referida escola se deu como forma de descentralizar as pesquisas em educação do estado voltadas para a discussão das relações de ensino e aprendizagem de Química, em que na maioria dos casos estão destinadas a investigar o contexto da capital. Como principal método de coleta de dados, utilizamos a gravação das aulas em vídeo. Estas foram categorizadas utilizando o software Videograph®, o qual possibilita, na medida em que a aula progride na tela do computador, que sejam selecionadas as categorias analíticas desejadas, as quais ficam registradas nas respectivas linhas de tempo disponíveis. Por meio deste software, obtivemos percentuais de tempo relativos ao emprego das categorias, constituindo assim a dimensão quantitativa da pesquisa. A dimensão qualitativa se deu por meio da análise dos mapas de episódio, sequências discursivas e segmentos epistêmicos e de transcrições de episódios representativos do movimento discursivo do professor. A ferramenta analítica usada para a análise dos dados se baseou nas categorias epistêmicas discutidas em Silva (2008) e Silva e Mortimer (2009), as quais se organizam em três conjuntos: modelagem, níveis de referencialidade e operações epistêmicas. Tais categorias deram visibilidade ao modo pelo qual o professor organizou de forma gradual a construção dos conhecimentos com os alunos. Nesse sentido, nos interessamos em caracterizar os movimentos de contextualização e descontextualização, focalizando a dinâmica entre as categorias epistêmicas, de modo a mostrar como aconteceu a passagem de uma à outra ao longo do desenvolvimento das ideias construídas em sala de aula. A visualização desse movimento foi facilitada através do mapa de segmentos epistêmicos. Além das categorias epistêmicas, adotamos concomitantemente em nosso trabalho as categorias triádicas estabelecidas por Peirce para caracterizar as representações semióticas usadas pelo professor na relação signo-objeto (ícone, índice e símbolo) dentro de cada segmento epistêmico. Os resultados apresentados evidenciam a habilidade do professor em articular o discurso que se volta para referentes específicos, envolvendo descrições e explicações, com aquele voltado para referentes abstratos e classes referentes, envolvendo generalizações. Desse modo, ao tempo em que apresenta generalizações, o professor busca dar sentido a estas por meio de descrições e explicações de fenômenos e eventos específicos. Consideramos que isto é um aspecto que favorece a aprendizagem e, possivelmente, ele é um dos responsáveis pela boa reputação que este professor goza diante de seus alunos. Por outro lado, o limitado uso de modelos icônicos certamente compromete uma percepção mais elaborada dos fenômenos discutidos.
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Tais categorias deram visibilidade ao modo pelo qual o professor organizou de forma gradual a construção dos conhecimentos com os alunos. Nesse sentido, nos interessamos em caracterizar os movimentos de contextualização e descontextualização, focalizando a dinâmica entre as categorias epistêmicas, de modo a mostrar como aconteceu a passagem de uma à outra ao longo do desenvolvimento das ideias construídas em sala de aula. A visualização desse movimento foi facilitada através do mapa de segmentos epistêmicos. Além das categorias epistêmicas, adotamos concomitantemente em nosso trabalho as categorias triádicas estabelecidas por Peirce para caracterizar as representações semióticas usadas pelo professor na relação signo-objeto (ícone, índice e símbolo) dentro de cada segmento epistêmico. Os resultados apresentados evidenciam a habilidade do professor em articular o discurso que se volta para referentes específicos, envolvendo descrições e explicações, com aquele voltado para referentes abstratos e classes referentes, envolvendo generalizações. Desse modo, ao tempo em que apresenta generalizações, o professor busca dar sentido a estas por meio de descrições e explicações de fenômenos e eventos específicos. Consideramos que isto é um aspecto que favorece a aprendizagem e, possivelmente, ele é um dos responsáveis pela boa reputação que este professor goza diante de seus alunos. 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