Acerca do elemento diferencial na Genealogia de Nietzsche na interpretação de Deleuze

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rickli, Tiago
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Journal of Lean Systems
Texto Completo: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/839
Resumo: Na primeira parte da obra Nietzsche e a Filosofia intitulada “O Trágico”, Deleuze abre sua leitura do pensamento de Nietzsche interrogando o conceito de genealogia. A escolha feita pelo pensador transparece uma tentativa de elucidação preliminar do método nietzschiano: nas suas incursões pela busca da proveniência das diversas morais, “das condições e circunstâncias nas quais nasceram”, Nietzsche desenvolve um método para escrutar os solos nos quais os valores são gerados e avaliá-los em seu preciso ponto de criação e ulterior desenvolvimento: “sob que condições o homem inventou para si os juízos de valor “bom” e “mal”? E que valor têm eles? Obstruíram ou promoveram até agora o crescimento do homem?”. Enfatizando a iniciativa nietzschiana de importar os conceitos de sentido e valor à filosofia, Deleuze investiga, nos primeiros movimentos do seu ensaio, a problemática dos valores, ruminando como Nietzsche inaugura uma filosofia dos valores até então sem precedentes e realiza uma “crítica total”. Para que se compreenda o alcance que os valores envergam como componentes elementares na investigação, um esclarecimento de sua natureza é promovido: como são esses valores mesmos? De acordo com Deleuze, por um lado, os valores fundamentam princípios, componentes essenciais a partir dos quais uma apreciação compõe-se, pontuando uma perspectiva de estimação. Todavia, esses valores têm procedência de uma avaliação da qual eles mesmos derivam seus respectivos valores. Em uma relação mais profunda, os valores referentes a uma respectiva apreciação são eles mesmos oriundos de uma criação crítica (avaliativa), que agrega um valor ao fenômeno avaliado. Eis que se mostra a nós a questão que procuramos: perguntar-se pelo valor dos valores é interrogar a proveniência dos valores, perscrutar seu momento de emergência. Em sua criação, há o ato de concepção de uma perspectiva crítica da qual o valor de seus valores correspondentes é determinado, uma avaliação criativa que se define como o elemento diferencial dos valores. Aquilo a partir de que o valor é concebido Deleuze nomeia de elemento diferencial: o valor dos valores encontra sua procedência nesse elemento diferencial. O que quer dizer Deleuze ao caracterizar o elemento diferencial como “sentimento de diferença ou de distância”, ou ainda, que “distância é o elemento diferencial compreendido em cada força”? Em suma, eis nosso objeto de análise que buscaremos questionar e desdobrar.
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