Leibniz e a retomada das formas substanciais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Targa, Dante Carvalho
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Peri
Texto Completo: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/peri/article/view/810
Resumo: Considerando o percurso total do pensamento de G. W. Leibniz, o presente trabalho remete ao período da escrita do Discurso de Metafísica (1686), que antecede ao estado final de sua filosofia, popularmente conhecido como o “sistema das mônadas”. Embora esta obra inaugure a maturidade do pensamento leibniziano, expondo boa parte dos pressupostos fundamentais de sua metafísica, a formulação do conceito de substância simples ou mônada ainda não se faz presente. Todavia, suas origens e a direção na qual avançam as indagações de Leibniz sobre a determinação ontológica do real são sugeridas pela restauração do conceito de forma substancial, que o autor retoma da filosofia escolástica num sentido específico, simultaneamente integrando-o à sua teoria da substância e convertendo-o num ícone de sua oposição à filosofia cartesiana. Tendo encontrado a ocasião oportuna para fazer chegar suas idéias ao afamado teólogo e intelectual francês Antonie Arnauld, Leibniz sintetiza nos artigos do Discurso os principais aspectos de sua filosofia, agregando às considerações sobre a fé, o bem e a liberdade algumas posições peculiares em relação ao contexto filosófico do final do séc. XVII. Dentre elas, a retomada do antigo conceito escolástico de forma substancial consistirá numa ousada reivindicação pela prioridade da metafísica frente à envolvente influência do mecanicismo nas modernas concepções filosóficas sobre a natureza e as substâncias corpóreas. Se, por um lado, Leibniz é conhecido pelo seu ímpeto de harmonização das diferentes tendências filosóficas de sua época, por outro, suas apropriações dos diferentes conceitos e pontos de vista oriundos destas vertentes sempre resultaram em algo novo e mais profundo, distinguindo-se por fim de sua origem. Com relação ao tema da forma substancial não é diferente, uma vez que, embora constitua um marco de sua oposição à primazia do mecanicismo na filosofia, a recuperação deste conceito tão rechaçado por seus contemporâneos não implica nem na recusa do autor à física moderna, tampouco numa proposta de retorno à mentalidade escolástica, senão que aparece totalmente inserida em sua teoria da substância cumprindo um papel vital na arquitetônica de seu sistema filosófico. Trata-se, portanto, de retomar brevemente o contexto da teoria da substância, tal como se apresenta no Discurso de metafísica, e, em seguida, tentar compreender os passos desta retomada das formas substanciais no interior do pensamento leibniziano.
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