0 tratamento em Curitiba: o pronome zero
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 1988 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Ilha do Desterro |
Texto Completo: | https://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/view/8920 |
Resumo: | Ao longo de 1986, realizamos em Curitiba uma sondagem sobre o uso das formas de tratamento em situações de abordagem face a face. Além de suscitar problemas metodológicos, essa investigação conduziu a algumas constatações até certo ponto surpreendentes. É o que procuraremos mostrar nas páginas que seguem. A Coleta de Dados 0 estudo sociolinguístico do tratamento é dificultado pela própria natureza do fenômeno em exame.Diferente de um fonema ou de uma estrutura sintática, que podem ocorrer inúmeras vezes ao longo do depoimento de um mesmo informante, o tratamento e de baixa frequência, visto que se restringe, usualmente, as eventuais referências ao interlocutor. Assim, não se colhem dados significativos junto a um informante tornado isoladamente, que se, podera conferir tratamento ou ao pesquisador ou a pessoas citadas no discurso. No primeiro caso, a pessoa é sempre a mesma o inquiridor, frustrando assim o exame da variação do tratamento segundo as características do interlocutor; no segundo, os alvos podem ser desconhecidos do inquiridor, de sorte que a interação escapa a possibilidade de controle. Ou ainda, o informante reproduz ou simula cenas de abordagem, o que não equivale a situações reais, pois nessas simulações o falante diz o que julga que teria dito ou diria, e não o que efetivamente disse ou diria. 0 recurso ao informante em dialogo com o inquiridor produz, portanto, resultados de escassa importância, seja em quantidade seja em naturalidade. A primeira vista, a solução estaria em portar-se o pesquisador na condição de mero observador, acompanhando diversas situações naturais de interação entre dois ou mais informantes. Mas, quando se tenta esse caminho, logo se percebe sua inviabilidade em termos práticos. |
id |
UFSC-9_6c91173d0e9ad79f9cfd43ed4931e1bc |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:periodicos.ufsc.br:article/8920 |
network_acronym_str |
UFSC-9 |
network_name_str |
Ilha do Desterro |
repository_id_str |
|
spelling |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zeroAo longo de 1986, realizamos em Curitiba uma sondagem sobre o uso das formas de tratamento em situações de abordagem face a face. Além de suscitar problemas metodológicos, essa investigação conduziu a algumas constatações até certo ponto surpreendentes. É o que procuraremos mostrar nas páginas que seguem. A Coleta de Dados 0 estudo sociolinguístico do tratamento é dificultado pela própria natureza do fenômeno em exame.Diferente de um fonema ou de uma estrutura sintática, que podem ocorrer inúmeras vezes ao longo do depoimento de um mesmo informante, o tratamento e de baixa frequência, visto que se restringe, usualmente, as eventuais referências ao interlocutor. Assim, não se colhem dados significativos junto a um informante tornado isoladamente, que se, podera conferir tratamento ou ao pesquisador ou a pessoas citadas no discurso. No primeiro caso, a pessoa é sempre a mesma o inquiridor, frustrando assim o exame da variação do tratamento segundo as características do interlocutor; no segundo, os alvos podem ser desconhecidos do inquiridor, de sorte que a interação escapa a possibilidade de controle. Ou ainda, o informante reproduz ou simula cenas de abordagem, o que não equivale a situações reais, pois nessas simulações o falante diz o que julga que teria dito ou diria, e não o que efetivamente disse ou diria. 0 recurso ao informante em dialogo com o inquiridor produz, portanto, resultados de escassa importância, seja em quantidade seja em naturalidade. A primeira vista, a solução estaria em portar-se o pesquisador na condição de mero observador, acompanhando diversas situações naturais de interação entre dois ou mais informantes. Mas, quando se tenta esse caminho, logo se percebe sua inviabilidade em termos práticos.UFSC1988-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/view/8920Ilha do Desterro A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies; No. 20 (1988); 019-030Ilha do Desterro A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies; n. 20 (1988); 019-0302175-80260101-4846reponame:Ilha do Desterroinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCporhttps://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/view/8920/8270Copyright (c) 1988 Maria Thereza dos Santos Abreu, Jose Luiz da Veiga Mercerhttp://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessAbreu, Maria Thereza dos SantosMercer, Jose Luiz da Veiga2022-12-06T13:14:45Zoai:periodicos.ufsc.br:article/8920Revistahttp://www.periodicos.ufsc.br/index.php/desterroPUBhttps://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/oaiilha@cce.ufsc.br||corseuil@cce.ufsc.br||ilhadodesterro@gmail.com2175-80260101-4846opendoar:2022-12-06T13:14:45Ilha do Desterro - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
title |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
spellingShingle |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero Abreu, Maria Thereza dos Santos |
title_short |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
title_full |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
title_fullStr |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
title_full_unstemmed |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
title_sort |
0 tratamento em Curitiba: o pronome zero |
author |
Abreu, Maria Thereza dos Santos |
author_facet |
Abreu, Maria Thereza dos Santos Mercer, Jose Luiz da Veiga |
author_role |
author |
author2 |
Mercer, Jose Luiz da Veiga |
author2_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Abreu, Maria Thereza dos Santos Mercer, Jose Luiz da Veiga |
description |
Ao longo de 1986, realizamos em Curitiba uma sondagem sobre o uso das formas de tratamento em situações de abordagem face a face. Além de suscitar problemas metodológicos, essa investigação conduziu a algumas constatações até certo ponto surpreendentes. É o que procuraremos mostrar nas páginas que seguem. A Coleta de Dados 0 estudo sociolinguístico do tratamento é dificultado pela própria natureza do fenômeno em exame.Diferente de um fonema ou de uma estrutura sintática, que podem ocorrer inúmeras vezes ao longo do depoimento de um mesmo informante, o tratamento e de baixa frequência, visto que se restringe, usualmente, as eventuais referências ao interlocutor. Assim, não se colhem dados significativos junto a um informante tornado isoladamente, que se, podera conferir tratamento ou ao pesquisador ou a pessoas citadas no discurso. No primeiro caso, a pessoa é sempre a mesma o inquiridor, frustrando assim o exame da variação do tratamento segundo as características do interlocutor; no segundo, os alvos podem ser desconhecidos do inquiridor, de sorte que a interação escapa a possibilidade de controle. Ou ainda, o informante reproduz ou simula cenas de abordagem, o que não equivale a situações reais, pois nessas simulações o falante diz o que julga que teria dito ou diria, e não o que efetivamente disse ou diria. 0 recurso ao informante em dialogo com o inquiridor produz, portanto, resultados de escassa importância, seja em quantidade seja em naturalidade. A primeira vista, a solução estaria em portar-se o pesquisador na condição de mero observador, acompanhando diversas situações naturais de interação entre dois ou mais informantes. Mas, quando se tenta esse caminho, logo se percebe sua inviabilidade em termos práticos. |
publishDate |
1988 |
dc.date.none.fl_str_mv |
1988-01-01 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/view/8920 |
url |
https://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/view/8920 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/view/8920/8270 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 1988 Maria Thereza dos Santos Abreu, Jose Luiz da Veiga Mercer http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 1988 Maria Thereza dos Santos Abreu, Jose Luiz da Veiga Mercer http://creativecommons.org/licenses/by/4.0 |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
UFSC |
publisher.none.fl_str_mv |
UFSC |
dc.source.none.fl_str_mv |
Ilha do Desterro A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies; No. 20 (1988); 019-030 Ilha do Desterro A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies; n. 20 (1988); 019-030 2175-8026 0101-4846 reponame:Ilha do Desterro instname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) instacron:UFSC |
instname_str |
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
instacron_str |
UFSC |
institution |
UFSC |
reponame_str |
Ilha do Desterro |
collection |
Ilha do Desterro |
repository.name.fl_str_mv |
Ilha do Desterro - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
repository.mail.fl_str_mv |
ilha@cce.ufsc.br||corseuil@cce.ufsc.br||ilhadodesterro@gmail.com |
_version_ |
1799875276006490112 |