Impactos psicológicos do processo migratório em imigrantes venezuelanos residentes em Santa Catarina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ew, Júlia Andrade
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/240894
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2022.
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spelling Impactos psicológicos do processo migratório em imigrantes venezuelanos residentes em Santa CatarinaPsicologiaVenezuelanosEmigração e imigraçãoPsiquiatria culturalDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2022.A presente pesquisa buscou estudar alguns aspectos da migração de pessoas da Venezuela para o Brasil. Buscou-se, à luz da Etnopsiquiatria, compreender os impactos psicológicos do processo migratório em imigrantes venezuelanos residentes no estado de Santa Catarina. A pesquisa tem delineamento qualitativo com caráter exploratório e descritivo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 12 imigrantes venezuelanos adultos residentes nos municípios de Florianópolis, Palhoça, Navegantes e Blumenau, sendo 8 mulheres e 4 homens. Partindo da análise de conteúdo destas entrevistas, a pesquisa buscou: caracterizar o processo migratório de imigrantes venezuelanos residentes em Santa Catarina; identificar sinais e sintomas de sofrimento psíquico decorrentes do processo migratório e investigar os fatores de risco e proteção à saúde mental no processo migratório. Como resultados, descrevemos a relação com o país de origem e o caráter involuntário da migração venezuelana para o Brasil, motivada pelas duras dificuldades econômicas enfrentadas. A análise do percurso migratório iniciou com a descrição das (im)possibilidades de preparação da partida e estrutura para enfrentar o caminho. O trajeto foi feito por muitos participantes de forma precária e vulnerável, passando por trechos a pé e de carona em automóveis de carga de mercadorias. Nas vivências na região da fronteira brasileira, estão incluídos desafios como a situação de rua, abrigos insuficientes e diferentes tipos de violência. A saturação do mercado de trabalho na fronteira levou ao movimento de interiorização dos imigrantes, por meio do qual estes chegam em Santa Catarina. A migração foi significada como necessidade, obrigação, sacrifício e busca de qualidade de vida. Esse processo acarretou diferentes expressões de sofrimento psíquico nos imigrantes. Dentre os sintomas ansiosos, foram relatadas alterações no sono e preocupação excessiva com o futuro; em relação aos sintomas depressivos, tristeza, perda ou ganho excessivo de peso e relativos a perdas sofridas durante o processo migratório. Houve também sintomas pós-traumáticos, como o medo do retorno de uma situação traumática e culpa. Dores no corpo e problemas de digestão foram caracterizados como sintomas psicossomáticos. Dos fatores de risco, destacaram-se a xenofobia, racismo e aporofobia manifestados contra os imigrantes venezuelanos por meio de preconceito linguístico e marginalização; as condições laborais precárias, como trabalhar fora da área de formação, superexploração e desemprego. A falta de acesso à direitos básicos também foram prejudiciais à essa população. Quanto aos fatores protetivos, listamos aqui a conservação de vínculos afetivos com a Venezuela, como a comunicação com quem ficou, a possibilidade de nomear do que sente saudades, de retorno à Venezuela e a manutenção de costumes e tradições do país de origem. A integração socioeconômica por meio de vínculos com a rede de proteção institucional e os programas de interiorização também se demonstraram protetivos, bem como a criação de vínculos no Brasil. Por fim, a condição de projetar-se no futuro, podendo elaborar planos e sonhos. Assim, o trabalho traz análises e considerações sobre a particularidade do deslocamento venezuelano que podem ser úteis às reflexões para melhor acolhimento e elaboração de políticas públicas voltadas a essa população.Abstract: The present research sought to study some aspects of the migration of people from Venezuela to Brazil. In the light of Ethnopsychiatry, we sought to understand the psychological impacts of the migratory process on Venezuelan immigrants living in Santa Catarina. The research has a qualitative design with an exploratory and descriptive model. Semi-structured interviews were conducted with 12 adult Venezuelan immigrants, living in the cities of Florianópolis, Palhoça, Navegantes and Blumenau. They were 8 women and 4 men. Based on the content analysis of the interviews, this research sought to: characterize the migratory process of Venezuelan immigrants living in Santa Catarina; identify signs and symptoms of psychological distress from the migratory process and investigate the risk and protection factors for mental health in the migratory process. As a result, we describe the relationship with the country of origin and the involuntary nature of Venezuelan migration to Brazil, motivated by severe economic difficulties. The analysis of the migratory route started with the description of the (im)possibilities of preparing the travel and the structure to face the journey. The route made by several participants was precarious and vulnerable, passing through stretches on foot and hitchhiking in freight trucks. The experiences in the Brazilian frontier includes challenges as homelessness, insufficient shelter and different types of violence. The saturation of the labor market on the frontier leads to the internalization movement of immigrants, that facilitates their arrival in Santa Catarina. Migration was meanted as a necessity, obligation, sacrifice and the search for quality of life. This process led to different expressions of psychological distress in immigrants. Among them anxious symptoms, alterations in sleep and excessive concern about the future were reported. Regarding depressive symptoms, sadness, excessive weight loss or gain and related to losses suffered during the migratory process. There were also post-traumatic symptoms, such as fear of returning from a traumatic situation and guilt. Body aches and digestion problems were characterized as psychosomatic symptoms. Highlights of the risk factors, were xenophobia, racism and aporophobia manifested against Venezuelan immigrants through linguistic prejudice and marginalization; precarious working conditions, such as working outside the training area, overexploitation and unemployment. The lack of access to basic rights was also harmful to this population. As for the protective factors, we list here the maintenance of affective bonds with Venezuela, such as communication with those who stayed, the possibility of naming what they miss, returning to Venezuela and maintaining the customs and traditions of the country of origin. Socioeconomic integration through links with the institutional protection network and interiorization programs also proved to be protective, as well as the creation of links in Brazil. Finally, the condition of self projection to the future, being able to elaborate plans and dreams. Thus, the work brings analyzes and considerations about the particularity of the Venezuelan displacement that can be useful to the reflections for better reception and elaboration of public policies aimed at this population.Borges, Lucienne MartinsGomes, Marcela de AndradeUniversidade Federal de Santa CatarinaEw, Júlia Andrade2022-10-21T16:51:38Z2022-10-21T16:51:38Z2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis133 p.| il., gráfs.application/pdf378294https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/240894porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-10-21T16:51:39Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/240894Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732022-10-21T16:51:39Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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