A fronteira do carvão: impactos socioambientais da siderurgia no Vale do Rio Doce, século XX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marinho Júnior, Lenício Dutra
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/242611
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2022.
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spelling A fronteira do carvão: impactos socioambientais da siderurgia no Vale do Rio Doce, século XXCiências sociaisSiderurgiaCarvão vegetalImpacto ambientalTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2022.Na primeira metade do século XX, o Vale do Rio Doce, localizado na porção leste do estado brasileiro de Minas Gerais, tornou-se local estratégico para a política de recuperação econômica regional e depois nacional; destacando-se a mineração e a siderurgia a base de carvão vegetal. A região ostenta a maior reserva ferrífera do país e uma das maiores do mundo. Assim, logo os interesses por sua exploração, promoveu a articulação das elites dirigentes do estado em torno de um projeto político-econômico que pretendia promover a articulação e o desenvolvimento regional. O referido vale apresentava-se no início do século XX como uma das últimas áreas do Sudeste do Brasil não integradas ao mercado nacional e com a presença da floresta atlântica ainda pouco alterada. A floresta, a partir da siderurgia, foi concebida como reserva carbonífera. Nesse contexto, efetivou-se o seu processo de ocupação, viabilizado principalmente a partir da construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas (iniciada em 1902), que resultou na experiência de ?fronteira?. Esta pesquisa objetiva compreender a experiência da fronteira, destacando as interações socioambientais presentes no processo de apropriação da Mata Atlântica, sobretudo, decorrentes do projeto siderúrgico a carvão vegetal empreendido por sucessivos governos em Minas Gerais, por sua vez, conectados aos interesses desenvolvimentistas nacionais e ao atendimento das demandas globais por minério de ferro. Para tanto, é fundamental a perspectiva teórica da História Ambiental, que ao conceber os sistemas naturais e socioculturais como indissociáveis, possibilita repensar a complexidade histórica das interações entre natureza e sociedade, bem como os seus efeitos, para ambas as partes, na experiência da fronteira do rio Doce. Dois conceitos, fronteira e paisagem, foram fundamentais para a compreensão do objeto. A fronteira entendida como uma consequência das demandas do mercado que objetivava, a partir da incorporação de novas terras, a progressiva integração econômica do país. E a paisagem, por sua vez, percebida como produto dessa experiência no espaço geográfico do Vale do Rio Doce entre natureza e sociedade. Nesse sentido, principalmente através da pesquisa documental, intenta-se mensurar a devastação da Mata Atlântica e verificar as interações que se estabeleceram entre os sujeitos que experimentaram a fronteira do Rio Doce e os recursos florestais, particularmente, os carvoeiros. Também é imprescindível compreender o papel desempenhado pela siderurgia (com ênfase na Belgo-Mineira) na formação de suas reservas carboníferas, a partir da mediação política do estado com a política de regularização fundiária que culminou com o ?fechamento? da fronteira. Consta-se (1) o papel decisivo dos governos na promoção de políticas econômicas favoráveis à implantação da siderurgia no Vale do Rio Doce. (2) O caráter singular da experiência de fronteira que se constituiu com base na apropriação da floresta, movimentando-se no ritmo das praças de carvão. Defendemos que ? quando comparada às fronteiras contemporâneas descritas até então pela literatura ? a fronteira do Rio Doce tem a particularidade de ser uma fronteira do carvão. (3) A paisagem foi celeremente transformada em decorrência da produção de carvão em escala industrial, causando o colapso ambiental no Vale do Rio Doce. (4) Na fronteira do Rio Doce observou-se uma convergência entre forças sociais e suas respectivas frentes ? ainda que marcada por conflitos pela propriedade da terra ? mobilizadas em torno da produção de carvão e lenha para alimentar os altos-fornos das usinas siderúrgicas, os motores das locomotivas e para a viabilidade da vida cotidiana. E, por último, (5) fica evidente a presença importante dos agentes envolvidos na produção de carvão na singular fronteira do Rio Doce.Abstract: Rio Doce Valley (Minas Gerais), in Brazilian east, in the first half of the 20th century witness a strategic changing as place for the policy of regional and afterwards national economic recovery. The focus in this research is mining and steel industry based on charcoal. Here in this zone one finds the largest iron reserve in the country and even one of the largest in the world. Thus, ruling public elite interest joins in order to design a political-economic project for its exploitation and at the same time intended to promote an organic regional development. At the beginning of 20th century, Rio Doce Valley was actually one of the last areas of Brazilian east out of the national market and had its Atlantic forest almost as in the 16th century. From the steel industry point of view, this forest was coal reservation. The occupation context process that took place at that time. The construction of the Vitória-Minas Railroad (since 1902) made it possible, and all this ended up as a ?frontier? experience. This research aims to understand the frontier experience, highlighting the socio-environmental interactions present in the Atlantic forest appropriation. The main purpose here is to understand the coming out effects from the charcoal-fired steel project undertaken by successive public policy of the rulers in this Brazilian state that in turn, was connected to national and developmental interests. On other side, all this meet global demands for iron ore. In order to get a deep insight of this phenomenon, it was relevant the theoretical perspective of Environmental History (EH). This approach, conceives natural and sociocultural systems as intertwined. So EH makes possible to think the historical complexity of the interactions between nature and society, as well as its effects, for both, on the Rio Doce Valley frontier experience. Two concepts, border and landscape were fundamental for the subject understanding. This frontier was an outcome of market demands that aimed, from the incorporation of new territory in it, the progressive economic integration of this space into the country. Landscape, in turn, was perceived as result of this experience in the geographic space of Rio Doce Valley between nature and society. Mainly through documentary research, the goal of this research is also to measure the devastation of the Atlantic Forest and verify the interactions established between people who experienced the frontier of the Rio Doce and the forest resources, particularly the coal workers. It goes without question the need of the understanding the steel industry role (Belgo-Mineira, mainly) in the formation of its coal reservation. The political mediation of the state via land regularization policy came at his end to a kind of ?closure? of the border. One verifies in this research (1) the decisive role of rulers in promoting economic favorable policies for the implementation of the steel industry in Rio Doce Valley. (2) The unique character of this frontier experience constituted on bases of the appropriation of the forest, moving in the rhythm of the coal squares place change. One can argue that ? when one parallels with the literature findings of other contemporary frontiers ? Rio Doce Valley frontier has as its main character being a coal frontier. (3) The landscape quickly transformed as result of the coal production outcome on an industrial scale. All this lead to environmental collapse in the Rio Doce Valley. (4) On Doce River frontier, there was a convergence between some social forces and their respective fronts ? featured by conflicts over land ownership ? boosted forward by charcoal and firewood production to feed the blast furnaces of steel mills, locomotive engines and even the everyday home ovens. Eventually, (5) it remains evident the meaningful presence of agents involved in charcoal production in the uniqueness of the frontier of the Rio Doce Valley.Espindola, Haruf SalmenGrisotti, MarciaUniversidade Federal de Santa CatarinaMarinho Júnior, Lenício Dutra2022-12-13T11:51:20Z2022-12-13T11:51:20Z2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis239 p.| il., gráfs.application/pdf379167https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/242611porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-12-13T11:51:20Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/242611Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732022-12-13T11:51:20Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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