Ecologia trófica do boto-cinza, Sotalia guianensis: padrões temporais, espaciais e individuais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teixeira, Clarissa Ribeiro
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/220509
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021.
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spelling Universidade Federal de Santa CatarinaTeixeira, Clarissa RibeiroSimões-Lopes, Paulo César de AzevedoDaura-Jorge, Fábio Gonçalves2021-02-26T14:53:29Z2021-02-26T14:53:29Z2021371170https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/220509Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021.O conceito de nicho ecológico é essencial para compreendermos como as espécies utilizam recursos disponíveis no ambiente e como estes recursos estruturam as comunidades ecológicas. A análise de isótopos estáveis tem sido utilizada como uma aproximação para mensurar algumas das n-dimensões do nicho de uma espécie. Assim, o nicho isotópico utiliza como coordenadas os valores de d13C e d15N que registram tanto os recursos consumidos (d15N) quanto os locais de alimentação (d13C). Estruturei esta tese em três capítulos, partindo de uma revisão metodológica sobre a seleção, coleta, preservação e preparo dos tecidos de cetáceos comumente utilizados para a análise de isótopos estáveis. Reuni estas informações em um roteiro que poderá orientar futuras pesquisas e facilitar a padronização destes procedimentos em diferentes laboratórios de pesquisa, viabilizando comparações entre espécies de cetáceos. No segundo capítulo, utilizei valores de d13C e d15N em colágeno ósseo para avaliar a ecologia alimentar e a potencial sobreposição ou partição no nicho isotópico entre o boto-cinza (Sotalia guianensis), toninha (Pontoporia blainvillei) e o ecótipo costeiro do boto-da-tainha (Tursiops truncatus gephyreus) na área de simpatria destas espécies na região sul do Brasil. Utilizei modelos de mistura isotópicas para quantificar a contribuição proporcional das principais presas na dieta de cada espécie e avaliei potenciais variações na composição da dieta destas populações que podem estar relacionadas ao aumento da pressão da pesca nas últimas três décadas. A toninha apresentou valores maiores de d15N e baixa sobreposição de nicho isotópico com as espécies de delfinídeos (boto-cinza e o boto-da-tainha). Em contrapartida, o boto-cinza e o boto-da-tainha apresentaram valores similares de d13C e d15N, resultando em uma alta sobreposição isotópica entre si. Esta variação nas posições tróficas e a baixa sobreposição entre a toninha e delfinídeos reflete o consumo de presas provenientes de diferentes tipos de habitat, uma vez que a toninha se alimenta principalmente de presas pelágicas (e.g., anchovas), e os delfinídeos consomem principalmente presas demersais da família Mugilidae (e.g., parati e tainha). Algumas das espécies de presas que contribuem significativamente para a dieta destes golfinhos (e.g., tainha) estão ameaças pela sobreexplotação. Assim, potenciais mudanças na abundância dessas fontes de presas podem influenciar na composição da dieta e seleção de habitat entre essas espécies simpátricas e, consequentemente, impactar a coexistência na região. No capítulo 3, utilizei valores de d13C e d15N em amostras de dentina obtidas ao longo das camadas de crescimento do boto-cinza para avaliar variação na utilização de recursos alimentares a nível populacional e individual pelas populações da Baía Norte, Baía da Babitonga e Rio Caravelas. Os valores das métricas de nicho trófico (TNW, WIC, BIC e WIC/TNW) para os valores de d15N sugerem que a população de Caravelas possui o maior nicho trófico (TNW) quando comparado as outras populações e é composta por indivíduos especialistas. Este resultado dá suporte a hipótese de variação de nicho, a qual prediz que populações mais generalistas são mais variáveis em termos de utilização de recursos alimentares e apresentam maior grau de especialização individual. Já a população da Baía Norte possui o nicho mais estreito comparado as outras populações e é composta por indivíduos generalistas. Este resultado pode estar associado à coexistência e à alta sobreposição de nicho isotópico com o ecótipo costeiro do boto-da-tainha, ambas também associadas à alta sobreposição de área de vida entre indivíduos da população de boto-cinza devido à organização social caracterizada por um grupo grande e coeso vivendo em uma área pequena e restrita da Baía Norte. Assim, tanto a potencial competição inter- e intraespecífica podem atuar na restrição da expansão do nicho populacional do boto-cinza na Baía Norte, limitando oportunidades de especialização individual. Assim como na Baía Norte, a população de botos-cinza da Baía da Babitonga também possui um nicho estreito, porém, é composta por indivíduos especialistas, provavelmente devido ao menor potencial competição interespecífica com a toninha associada as diferenças no uso de habitat e no consumo das principais presas. Estes resultados auxiliam na compreensão das estratégias de forrageio realizadas pelo boto-cinza, e sugerem que a amplitude do nicho trófico total da população e o grau de especialização individual da dieta podem ser influenciados por diferentes fatores ecológicos (e.g., disponibilidade de recursos, competição intraespecífica e área de vida) agindo de maneira independente ou integrada.146 p.| il., gráfs.porEcologiaIsótopos estáveisNicho (Ecologia)Boto-tucuxiCetáceoEcologia trófica do boto-cinza, Sotalia guianensis: padrões temporais, espaciais e individuaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALPECO0170-T.pdfPECO0170-T.pdfapplication/pdf3704498https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/220509/-1/PECO0170-T.pdf4949a0c78cec83222159d83e28508edaMD5-1123456789/2205092021-02-26 11:53:29.725oai:repositorio.ufsc.br:123456789/220509Repositório de PublicaçõesPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-02-26T14:53:29Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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