Interações etnoecológicas entre imigrantes poloneses e a mata atlântica do planalto norte catarinense

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ludwinsky, Rafaela Helena
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/229060
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021.
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spelling Interações etnoecológicas entre imigrantes poloneses e a mata atlântica do planalto norte catarinenseEcologiaEtnobotânicaImigrantesEcossistemasTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021.De maneira a abordar diferentes aspectos etnoecológicos na temática das migrações humanas, a presente tese foi delineada permeando características sociais, organizacionais, conhecimento sobre recursos vegetais e de composição vegetal em quintais urbanos. Imigrar faz parte do comportamento humano no qual nos reinventamos e aprendemos sobre diferentes modos de pensar, diferentes realidades econômicas e biológicas. Ao longo do processo imigratório é esperado que exista uma diferença de saberes entre as gerações, a partir daquela geração que vivenciou o deslocamento migratório, bem como uma possível diferenciação em marcadores culturais como a alimentação, reflexo também de novas interações construídas com a biodiversidade. Ainda, o contexto socioeconômico no qual muitos descendentes de imigrantes se deparam no novo local pode ter colaborado para o aprendizado de espécies de plantas nativas, como por exemplo o contexto da exploração de erva-mate e de recursos madeireiros no sul do Brasil. Nosso objetivo foi o de descrever como o Conhecimento Ecológico Tradicional (CET) sobre plantas se distribui entre os descendentes de imigrantes poloneses do Planalto Norte de Santa Catarina, e como este conhecimento tem transformado suas paisagens urbanas, também na tentativa de compreender a contribuição do CET para a identidade cultural mediada pelas plantas. Sendo assim, dividimos a pesquisa em três etapas. A primeira etapa avalia os saberes de plantas entre descendentes de poloneses. Para isso, nós entrevistamos 150 descendentes de imigrantes poloneses (de segunda, terceira e quarta geração de descendentes da geração que se deslocou do país de origem) distribuídos entre os municípios de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Itaiópolis, no planalto norte catarinense, cujas faixas etárias variaram de 18 até 90 anos de idade. A posteriori, também separamos esses entrevistados em descendentes que participavam ou não em associações culturais. Nesta etapa da pesquisa, descobrimos que a quarta geração de descendentes citou significativamente menos plantas do que a segunda e terceira geração. No entanto, a composição do conhecimento das plantas foi semelhante ao longo das gerações. Além disso, o envolvimento em associações culturais não desempenhou um papel na influência do conhecimento das plantas, no que diz respeito a citar mais ou menos plantas. A abordagem quantitativa permitiu avaliar a tendência da erosão do conhecimento ao longo das gerações. Já a segunda etapa da pesquisa investigou os saberes e preparos de recursos alimentares, na tentativa de entender padrões de conhecimento de plantas mediados pela cultura dos imigrantes. Esta investigação ocorreu no município de São Bento do Sul e, como este município tem uma forte expressão cultural germânica, nós entrevistamos tanto descendentes de poloneses quanto descendentes de alemães para entender as possíveis negociações bioculturais no uso de recursos alimentares associados a memórias étnicas. Nesta etapa, nós descobrimos que os descendentes de poloneses e alemães compartilham a maioria dos recursos citados, enquanto a diferença entre o uso das plantas está nas memórias étnicas e no preparo dos alimentos. Além disso, existe uma tendência de aculturar ingredientes e sabores por ambos os descendentes, usando espécies nativas para recriar pratos. Finalmente, na terceira etapa da pesquisa, nós investigamos a riqueza de elementos arbóreos, arborescentes e palmeiras (nativas e não nativas) em duas áreas urbanas onde há quintais antigos e recentes, no município de Itaiópolis. Esta investigação teve o propósito de entender se as espécies encontradas em quintais antigos e recentes são diferentes, além de tentar entender quanta riqueza é compartilhada com manchas de floresta próximas. Com isso, descobrimos que quintais antigos e quintais recentes se diferenciam em termos de composição de espécies, e que quintais antigos compartilham mais espécies nativas com as florestas do entorno. Sendo o Brasil um país com uma grande diversidade sócio e biocultural, pesquisas voltadas aos saberes étnicos e biológicos colaboram para entender um pouco mais sobre a forma como as pessoas conhecem e manejam a biodiversidade. As três etapas da pesquisaforam fundamentais para compreender mais facetas associadas aos processos imigratórios dos poloneses no planalto norte catarinense, além de contribuir no entendimento sobre o quanto as pessoas modificam e mantém seus saberes sobre plantas, sobre os ambientes, e incrementam as floras locais.Abstract: This thesis addresses different ethnoecological aspects in the theme of human migration. The study design permeates social and organizational characteristics of plant resources and plant composition in urban homegardens. Immigrating is part of human behavior in which we reinvent ourselves and learn about different ways of thinking, different realities of protecting, and biological. Throughout the immigration process, it is expected that there will be a difference of knowledge between the generations (from the generation that experienced the migratory displacement) and a possible differentiation in cultural markers such as food, also reflecting new interactions built with biodiversity. Still, the socioeconomic context in which many descendants of immigrants encounter the new location may have contributed to the growth of species of native plants, such as the context of the exploration of yerba mate and timber resources in southern Brazil. Our objective was to define how the Traditional Ecological Knowledge (TEK) about plants is distributed among the descendants of Polish immigrants from the North Plateau of Santa Catarina and how this knowledge has transformed their urban landscapes, also in an attempt to understand the contribution of the TEK to the cultural identity mediated by plants. Therefore, we divided the research into three stages. In the first stage, we evaluate plant knowledge among Polish descendants. We interviewed 150 descendants of Polish immigrants (second, third and fourth generation descendants of the generation that moved from the country of origin) distributed between the municipalities of São Bento do Sul, Rio Negrinho, and Itaiópolis, on the northern plateau of Santa Catarina, The age groups range from 18 to 90 years old. A posteriori, we also separated these interviewees into descendants who participated or did not participate in cultural associations. At this stage of the research, we found that the fourth generation of descendants cited fewer plants than the second and third generation. However, the composition of plant knowledge has been similar over the generations. In addition, involvement in cultural associations has not played an influential role in plant knowledge when it comes to citing more or fewer plants. The quantitative approach assessed the trend of knowledge erosion over generations. The second research stage investigated the knowledge and preparation of food resources to understand food plant knowledge patterns mediated by immigrants culture. This investigation took place in the municipality of São Bento do Sul. As this municipality has a solid Germanic cultural expression, we interviewed Polish and German descendants to understand the possible biocultural negotiations using resources associated with ethnic memories. In this step, we found that the descendants of Poles and Germans share most of the mentioned resources, while the difference between the use of plants is in ethnic memories and food preparation. In addition, there is a tendency to acculture ingredients and flavors by both descendants, using native species to recreate dishes. Finally, in the third stage of the research, we investigated the richness of arboreal, arborescent, and palm trees (native and non-native) in two urban areas with old and recent homegardens in the municipality of Itaiópolis. Such investigation aimed to investigate if the species found in old and recent homegardens are different and understand how much richness is shared with patches of the nearby forest. With that, we found that old and recent homegardens differ in terms of species composition and that old homegardens share more native species with the surrounding forests. As Brazil is a country with great socio and biocultural diversity, research focused on ethnic and biological knowledge collaborates to understand a little more about how people know and manage biodiversity. The three stages of the research were fundamental to understand more facets associated with the immigration processes of Poles in the northern plateau of Santa Catarina, in addition to contributing to the understanding of how much people modify and maintain their knowledge about plants, about environments, and increase them as local floras.Hanazaki, NatáliaPeroni, NivaldoUniversidade Federal de Santa CatarinaLudwinsky, Rafaela Helena2021-10-14T19:27:38Z2021-10-14T19:27:38Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis123 p.| il., gráfs.application/pdf373311https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/229060porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-10-14T19:27:38Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/229060Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-10-14T19:27:38Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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