O rural e o urbano: ruralidades, meio ambiente e expansão urbana em Florianópolis

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Giovana Callado
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/191167
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2018.
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spelling O rural e o urbano: ruralidades, meio ambiente e expansão urbana em FlorianópolisHistóriaInteração rural-urbanaAgricultura urbanaCrescimento urbanoTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2018.Florianópolis é um município com uma história bastante singular. Nela, o processo de urbanização não apagou as marcas de ruralidades presentes em diferentes lugares da Ilha. Ao contrário, a aproximação entre o urbano e o rural promoveu trocas que se configuraram em ruralidades transformadas, reelaboradas e ressignificadas. A antiga Desterro adentrou o século XIX tendo, além das funções políticas e administrativas de uma capital, o desenvolvimento da atividade portuária marcada pela exportação de gêneros alimentícios, a exemplo da farinha de mandioca. Nesse século, Desterro configurou-se como uma cidade que tinha nas atividades agrícola, pastoril e pesqueira uma forte presença. Nas primeiras décadas do século XX, mudanças estruturais e um discurso de modernização preconizavam o desejo de superação do atraso provinciano e o desejo de atingir o progresso , a modernidade . A partir daí, além de obras na infraestrutura, o reforço das atividades administrativas e comerciais ganharam espaço. Entre as décadas de 1950 e 1970, os discursos de modernização são novamente evidentes, e tudo aquilo que representava o rural passou a ser visto como algo a ser superado. A partir da década de 1970, a vinda de órgãos públicos, a abertura de estradas e a divulgação da imagem de Florianópolis como local de vocação turística atraíram novos moradores para a cidade. As mudanças empreendidas a partir daí promoveram alterações nos antigos núcleos rurais, levando muitos agricultores e pescadores a vender suas terras e abandonar seus antigos ofícios. A partir dos anos 1990, entra em cena um novo movimento, que alia a ideia do turismo à indústria de alta tecnologia. Fortes campanhas feitas pelos setores ligados aos empreendimentos imobiliários, e também pelo poder público, defendem a ideia de que Florianópolis é a Ilha do Silício do Brasil. Tecnologia, moderno e urbano são divulgados como partes de um futuro que parece almejado. Nele, o rural seria mera reminiscência, fadado ao desaparecimento. Nesse contexto, em 2014 é aprovada a Lei nº 482/2014, que criou o Plano Diretor de Florianópolis e extinguiu o macrozoneamento rural da cidade. O município passou a ser, perante a legislação, totalmente urbano. Pode-se inferir que o processo de urbanização não levou ao desaparecimento do rural: as ruralidades aparecem transformadas mediante as trocas que promovem com o urbano. Nesse sentido, são inúmeros os movimentos que reinscrevem o rural em Florianópolis: são homens e mulheres que se articulam e criam hortas comunitárias e institucionais, que constroem quintais produtivos, são migrantes que buscam produzir o próprio alimento ou se dedicam a projetos de educação ambiental, ou, ainda, desenvolvem o turismo rural. Tem-se também aqueles que transformam a agricultura em uma empresa familiar e passam a produzir orgânicos ou a plantar seguindo os princípios dos sistemas agroflorestais. São produtores de mandioca que se organizam e defendem a criação de espaços para a manutenção dos engenhos de farinha. São inúmeras experiências de agricultura urbana, quintais produtivos, jardins comestíveis, espaços de compostagem, hortas urbanas etc. O rural não desapareceu como preconizavam as vozes que defendiam um futuro high tech para Florianópolis. As fronteiras entre o rural e o urbano se reelaboram constantemente, estão borradas.Abstract : Florianópolis is a city with a very unique history. In it, the process of urbanization did not erase the marks of the rural traits present in different places of the Island. On the contrary, the approximation between urban and rural promoted exchanges that were configured in transformed, re-worked and resinified rural traits. The old Desterro entered the nineteenth century having, besides the political and administrative functions of a capital, the development of port activity marked by the export of foodstuffs, for example cassava flour. In this century, Desterro was configured as a city that had a strong presence in agriculture, pastoralism and fishing. In the first decades of the twentieth century, structural changes and a agenda of "modernization" advocated a desire to overcome the "provincial backwardness" and the desire to achieve "progress", "modernity". Since then, in addition to infrastructure works, the strengthening of administrative and commercial activities has gained space. Between the 50s and 70s of the twentieth century, the discourse of modernization is again evident and everything that represented the rural came to be seen as something to be overcome. From the 1970s, the arrival of public agencies, the opening of roads and the dissemination of an idea of Florianópolis as a touristic city, attracted new residents to the city. The changes undertaken from there promoted shifts in the old rural settlements, leading many farmers and fishermen to sell their land and abandon their old trades. From the 90s on, a new movement joins the idea of tourism to the high tech industry. Strong campaigns carried out by the sectors related to real estate projects, also by the government, defend the idea that Florianópolis is the "Silicon Island" of Brazil. Technological, modern and urban are presented as the features of a desired future. In it, the rural traits would be mere reminiscence, doomed to disappear. In this context, in 2014 Law 482/2014 was approved, which created the Florianópolis Master Plan and extinguished the rural macrozoneamento of the city. The city became fully urbanized. It can be inferred that the process of urbanization did not lead to the disappearance of the rural, its traits appear transformed through the exchanges that it promotes with the urban. In this context, there are innumerable movements that rewrite the rural in Florianópolis, those movements can be seen in the communal and institutional gardens, in the men and women who build productive yards, in the migrants who seek to produce their own food or are engaged in education projects rural tourism. There are also those who transform agriculture into a family business and start producing organic or planting following the principles of agroforestry. They are producers of cassava that organize and defend the creation of spaces for the maintenance of flour mills. There are countless experiences of urban agriculture, productive yards, edible gardens, composting spaces, urban gardens etc. The rural did not disappear as the voices that defended a future "high tech" for Florianópolis preached. The boundaries between rural and urban are constantly reworked, they are blurred.Klug, JoãoNodari, Eunice SueliUniversidade Federal de Santa CatarinaFerreira, Giovana Callado2018-11-08T03:04:08Z2018-11-08T03:04:08Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis1 v.| il., tabs.application/pdf355365https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/191167porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-11-08T03:04:08Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/191167Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732018-11-08T03:04:08Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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