Tatuagem: representações e práticas sociais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schlösser, Adriano
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/191058
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2018.
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spelling Tatuagem: representações e práticas sociaisPsicologiaTatuagemRepresentações sociaisTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2018.O objetivo desta tese foi investigar as representações e práticas sociais da tatuagem para indivíduos tatuados e não tatuados, de ambos os sexos. Foi feito uso de abordagem multi-método, por meio de três estudos complementares. O estudo 1, de natureza teórica e cunho exploratório, realizou uma revisão sistemática da literatura internacional e nacional em Psicologia sobre tatuagem, no período entre 2000 e 2016. Para os artigos nacionais, foram consultadas SciELO, LILACS e PePSIC, tendo por descritor o termo tatuagem OR arte corporal . Para as publicações internacionais, foram acrescentadas as bases de dados:PsycNET, PubMed, Scopus e Web of Science, com os termos (tattoo OR bodyart OR tattooing OR tattooist). Ao todo, foram analisados 257 artigos, posteriormente divididos em seis categorias temáticas, sendo 88 deles sobre comportamento de risco, 78 sobre motivações para realização das tatuagens, 15 sobre características de personalidade, 7 sobre arrependimento, 34 investigam tatuagem sobre o olhar da psicologia social e outros 35 foram categorizados na categoria outros. Concluiu-se que a prática da tatuagem, para além da estética, é também parte do comportamento dos indivíduos, atravessado por crenças, pertencimento, cultura dentre tantos outros aspectos psicossociais observados nos artigos analisados. O segundo estudo, de natureza qualitativa, objetivou identificar as representações sociais da tatuagem para indivíduos tatuados. Foram realizadas36 entrevistas individuais semi-diretivas, com indivíduos tatuados de ambos os sexos, subdivididos em 12 categorias, de acordo com os seguintes critérios: sexo, tamanho da tatuagem e época em que realizou a primeira tatuagem. A análise de dados envolveu Classificação Hierárquica Descendente e nuvem de palavras, realizadas por meio do software IraMuTEq, e análise de conteúdo temático-categorial, com o auxilio do software Atlas.ti. Os resultados indicam que as representações sociais têm impacto direto na aderência à prática da tatuagem. Por meio da abordagem dimensional das representações sociais, constatou-se que a tatuagem é entendida enquanto forma de externalizar no corpo algum significado importante, com motivos variados. As representações sociais da tatuagem adquirem um papel central na elaboração de maneiras coletivas de ver e viver o corpo, difundindo modelos de pensamentos e de comportamentos, considerando que tanto a história de cada participante, quanto suas motivações e relações intra e interpessoais são permeadas por saberes, crenças e valores socialmente adquiridos no contato com diferentes grupos. Outra questão pertinente às representações sociais volta-se a diferenças geracionais. As representações sociais da tatuagem, enquanto prática corporal, variaram de acordo com o ambiente social, a cultura e o momento histórico da sua realização, uma vez que, enquanto indivíduos que se tatuaram até a década de 90 apresentam motivações mais voltadas à quebra de normas sociais e valores de contracultura, os indivíduos tatuados após a década de 90 trazem conteúdos mais voltados à estética, valores individuais e modismo. Também se constatou que as representações e práticas sociais da tatuagem têm representado na sociedade um instrumento de status e aceitação social, tendo grande impacto e relevância nas vivências corporais dos participantes. O estudo 3, de natureza quantitativa, enfocou as práticas sociais associadas a tatuagem, para indivíduos tatuados e não tatuados. Participaram 614 indivíduos, divididos entre 306 com tatuagem e 308 sem tatuagem. Foi desenvolvido um questionário online autoadministrado, com respostas abertas e fechadas. O questionário apresentou 4 blocos de informações: a) questões sócio-demográficas: idade, estado civil, religião, escolaridade e quantidade de tatuagens; b) práticas sociais: realização de uma ou mais tatuagens em estúdio ou não, visibilidade da tatuagem no corpo, atratividade e preconceito c) motivações frente à ter ou não ter tatuagem; e d) comportamento de risco: comportamento sexual, uso de álcool e outras drogas, transtornos psicológicos e ideação suicida. Para análise de dados, foi realizada análise estatística descritiva e relacional, com auxílio do programa estatístico SPSS- versão 17.0. Os resultados indicaram quase unanimamente satisfação por possuir tatuagem e desejo de realizar mais, entre o grupo de tatuados, enquanto o grupo de não tatuados expressou em sua maioria a vontade de realizar futuramente. Com relação as práticas sociais, verificou-se que: a maioria dos participantes tatuados realizou suas tatuagens em estúdios; a maioria das tatuagens são passíveis de serem cobertas, de acordo com o local do corpo em que foram realizadas; um percentual significativo dos participantes tatuados afirmou ter sofrido preconceito, principalmente em contextos de trabalhos e/ou familiares; a maioria dos tatuados apontou sentirem-se mais fisicamente atraentes por possuírem tatuagem; e apresentam áreas corporais mais atraentes para ter tatuagem diferente entre os sexos. Acerca das motivações para se tatuar, enquanto as participantes do sexo feminino tendem a apresentar conteúdos mais voltados a contextos sociais, como lembrança de alguém significativo ou momento, os homens apresentam conteúdos mais individuais, como expressão de identidade e forma de expressão. Entre os não tatuados, as principais motivações envolvem custo financeiro, dor, não achar atraente e/ou não achar que ficaria bem no próprio corpo. Com relação aos comportamentos de risco, houve associações estatisticamente significativas associadas a tatuagem com os seguintes elementos: início de atividade sexual precoce, número maior de parceiros entre participantes do sexo feminino com tatuagem, experiências sexuais, uso de álcool entre mulheres tatuadas, uso de tabaco, maconha e demais drogas ilícitas, diagnóstico psiquiátrico entre mulheres tatuadas, e ideação suicida entre mulheres não tatuadas. Embora com resultados estatisticamente significativos, ressalta-se que os valores apresentados entre tatuados e não tatuados foram muito semelhantes, indicando-se cautela em associar comportamentos desviantes a indivíduos com tatuagens.Abstract : This thesis aimed at investigating social representations and practices of tattooing among tattooed and non-tattooed males and females. A mixed-method approach was employed consisting of three complementary studies. Study number 1, a desk study of an exploratory nature, involved a systematic national and international literature review in Psychology on the theme of tattooing, covering the period between the years 2000 and 2016. For national articles, SciELO, LILACS andPePSIC databases were consulted, using the descriptor tatuagem OR arte corporal . For international publications, PsycNET, PubMed, Scopus and Web of Science were also consulted, using the terms (tattoo OR bodyart OR tattooing OR tattooist). Overall, 257 articles were analyzed and later divided in six thematic categories; 88 articles dealt with risk behaviors, 78 with the motivations for getting tattooed, 15 with personality characteristics, 7 with regret, 34 researched tattooing from a social psychology perspective, and 35 articles fell into the "other" category. As a conclusion, tattooing practices were found to be part of individuals' behaviors, beyond mere aesthetics; behaviorsthat are related to beliefs, belonging, and culture, among many other psychosocial aspects that were observed in the selected articles. The second study, of a qualitative nature, aimed at identifying social representations of tattooing for tattooed individuals. 36 individualin-depth semi-structured interviewswere done with tattooed males and females, subdivided into 12 categories according to the following criteria: sex, tattoo size, and time period when tattoo was made. Data analysis involved descendant hierarchical cluster analysis and word cloud using the IraMuTEqsoftware, and thematic analysis done with Atlas.ti software. Results indicate that social representations have a direct impact on adherence to tattooing practices. Through a dimensional approach to social representations, it was found that tattooing is understood as a way of externalizing on the body some important meaning, involving different motivations for such. Social representations of tattooing acquire a central role in the process of elaborating collective ways of seeing and living the body, disseminating models of thought and behavior, taking into consideration that each participant's history, as well as her or his motivations and intra- and interpersonal relations are permeated by different forms of knowledge, beliefs, and values that are acquired socially in the relations with different groups.Another issue related to social representations refers to generational differences. Social representations of tattooing, as a body practice, vary depending on social environment, culture and the time period in which the tattoo was made. Whereas individuals who got tattooed up until the 1990's present motivations more connected to counterculture values and breaking social rules, people who got tattooed after the 1990's refer to factors more associated with aesthetics, individual values, and fashion or trends.It was also found that social representations and practices of tattooingare seen asinstruments of status and social acceptance socially, having great impact and relevance for the participants' bodily experiences. Study number 3, of a quantitative nature, focused on social practices associated with tattooing for tattooed and non-tattooed persons. 614 individuals participated in the research, divided in two groups:306 tattooed persons, and 308 non-tattooed ones. An online questionnaire was developed consisting of open-ended and closed-ended items, presenting four question blocks: a) sociodemographic data: age, marital status, religion, education level, and number of tattoos; b) social practices: having one or more tattoos done at tattoo studios (or not), visibility of tattoo, attractiveness, and prejudice; c) motivations for having or not having a tattoo; and d) risk behaviors: sexual behaviors, use of alcohol and other drugs, psychological disorders, and suicidal ideation. Data analysis involved descriptive and relational statistical analysis through SPSS(17.0 version) software. Results indicate almost unanimous satisfaction with having tattoo(s) and a desire for getting other tattoos, among the tattooed persons; whereas the non-tattooed ones expressed a desire of getting a tattoo in the future. As regards social practices, the majority of participants got tattooed in tattoo parlors; most tattoos could be covered so as not to be visible, depending on where they were placed on the body; a significant percentage of tattooed participants mentioned having suffered discrimination and prejudice, especially in work-related and/or family-related contexts; most tattooed participants affirmed feeling more physically attractive for having a tattoo; and the body areas felt to become more attractive due to having a tattoo differed between the sexes..As regards motivation for getting tattooed, while females tend to express factors more connected to social contexts, such as a memento of a significant other or moment, males voiced more individual factors, such as identity expression and form of expression. Among the non-tattooed participants, financial costs, fear of pain, not finding tattoos attractive and/or not believing the tattoo would look good on the body were the main reasons for not getting tattooed. As regards risk behaviors,being tattooed correlated with precocious beginning of sexual life, number of partners, psychopathology and alcohol use among tattooed women, sexual experiences, tobacco, marijuana and other illicit drug use, and suicidal ideation among non-tattooed women. Although the results were significant, tattooed and non-tattooed groups presented more similarities than differences, indicating that caution is advised when associating deviant behavior with tattooed individuals.Camargo, Brigido VizeuGiacomozzi, Andréia IsabelUniversidade Federal de Santa CatarinaSchlösser, Adriano2018-11-03T04:05:31Z2018-11-03T04:05:31Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis206 p.| il., gráfs., tabs.application/pdf354717https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/191058porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-11-03T04:05:31Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/191058Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732018-11-03T04:05:31Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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