Com quantos vocábulos se faz uma língua de prestígio?: os ideofones haitianos como marca enriquecedora das línguas crioulas
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/226849 |
Resumo: | Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2021. |
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Com quantos vocábulos se faz uma língua de prestígio?: os ideofones haitianos como marca enriquecedora das línguas crioulasLinguísticaDialetos crioulosDialetos crioulosDissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Lingüística, Florianópolis, 2021.Esta pesquisa se insere no campo dos Estudos de Contato Linguístico, no qual se enquadram as línguas crioulas e as suas situações linguísticas conflitantes. Nesse sentido, o recorte escolhido para a pesquisa foi o crioulo haitiano (kreyòl), língua majoritariamente falada no Haiti, cuja origem se deu através do contato entre línguas africanas e o francês. Considerando a discussão vigente na literatura acerca da complexidade estrutural das línguas crioulas, este estudo se lança como uma tentativa de refutar as pressuposições de que as línguas crioulas possuem as gramáticas mais simples do mundo (MCWORTHER, 1998, 2011). Em decorrência disso, objetiva-se estabelecer relação entre a complexidade estrutural das línguas crioulas e a existência de ideofones no kreyòl, demonstrando que, de forma situada ao crioulo haitiano, os ideofones podem ser interpretados como recursos linguísticos que expressam complexidade morfofonológica, o que não seria esperado para as línguas crioulas. Para a sua devida concretude, o estudo tomará como embasamento teórico Samarin (1965, 1999), Childs (1994a, 1994b), Prou (2000), DeGraff (2001a, 2001b, 2003, 2019), McWorther (1998, 2001, 2007, 2011), Dingemanse (2011), Costa (2017), entre outros autores. Quanto aos preceitos metodológicos, esta pesquisa parte da recolha de dados em fontes bibliográficas (PROU, 2000; CHAMPION et al., 2015), estabelecendo comparativos com fontes de apoio (HALL JR., 1953; VILSAINT, 1991; TARGÈTE; URCIOLO, 1993; FREEMAN, 2004) e fazendo uso dos softwares Excel e Dekereke (CASALI, 2020) para o tratamento dos dados. Assim sendo, a análise dos ideofones haitianos seguiu uma abordagem quali-quantitativa, dispondo de reflexões estatísticas e teórico-comparativas. Cabe mencionar que a análise do corpus se estruturou a partir de quatro vertentes ? tipológica, sintática, morfofonológica e semântica ?, de modo que se reconheceu os principais traços estruturais dos dados e se problematizou a real natureza dos ideofones haitianos. Tendo em conta esses fatores, dentre os principais resultados que podem ser citados, esta pesquisa identificou que os ideofones haitianos funcionam como uma classe aberta no crioulo haitiano, não tendo o seu estatuto linguístico definido. No que concerne às propriedades estruturais encontradas no corpus, listam-se: tendem a ser onomatopaicos e independentes (cf. BARTENS, 2000), ocorrem em sentenças declarativas, manifestam-se em posição sintática medial e/ou final; apresentam formatos morfofonológicos variados (A, A.A, A.B.B, A.B.C etc); sofrem reduplicação total e parcial, e reduplicação morfológica e fonológica; obedecem aos inventários vocálico e consonantal existentes no kreyòl, bem como seguem a estrutura silábica canônica (CV, CVC, CCV etc.); dispõem significados variados, podendo ser enquadrados em diferentes macrocategorias semânticas. Ademais, após a reanálise dos dados a partir das vertentes mencionadas acima, chegou-se à concepção de que os dados se dividem em três grupos: (1) Ideofones; (2) Ideofones com flexibilidade de classificação; e (3) Itens lexicais desclassificados. Reitera-se que foram adotados como critérios para uma palavra ser considerada um ideofone no kreyòl as seguintes propriedades: (1) apresentar conteúdo/traço onomatopaico, (2) sofrer reduplicação (morfo)fonológica e (3) não possuir somente conteúdo nominal. Consequentemente, os dados foram reclassificados de 81 para somente 66 ideofones verdadeiros, uma vez que 15 dados foram desclassificados e excluídos do corpus, sendo considerados ideofones falsos.Abstract: This research is part of the field of Linguistic Contact Studies, in which Creole languages and their conflicting linguistic situations are established. In this sense, the focus chosen for the research was Haitian Creole (Kreyòl), a language mostly spoken in Haiti, which originated through the contact between African languages and French. Considering the current discussion in the literature about the structural complexity of Creole languages, this study is presented as an attempt to refute the assumptions that Creole languages have the simplest grammars in the world (MCWORTHER, 1998, 2011). As a result, the objective is to establish a relationship between the structural complexity of Creole languages and the existence of ideophones in the Kreyòl, demonstrating that, in Haitian Creole, ideophones can be interpreted as linguistic resources that express morphophonological complexity, which would not be expected for Creole languages. For its due concreteness, the study will be based on Samarin (1965, 1999), Childs (1994a, 1994b), Prou (2000), DeGraff (2001a, 2001b, 2003, 2019), McWorther (1998, 2001, 2007, 2011), Dingemanse (2011), Costa (2017), among other authors. As for the methodological precepts, this research starts from the collection of data in bibliographic sources (PROU, 2000; CHAMPION et al., 2015), establishing comparisons with alternative sources (HALL JR., 1953; VILSAINT, 1991; TARGÈTE; URCIOLO, 1993; FREEMAN, 2004) and making use of Excel and Dekereke (CASALI, 2020) software for data processing. The analysis of Haitian ideophones followed a qualitative and quantitative approach, with statistical and theoretical-comparative reflections from four strands ? typological, syntactic, morphophonological, and semantic ?, so that the main structural features of the data were recognized and the real nature of Haitian ideophones was questioned. Given these factors, among the main results, this research identified that Haitian ideophones work as an open class in Haitian Creole, with no defined linguistic status. Concerning the structural properties found in the corpus, they have the following properties: they tend to be onomatopoeic and independent (cf. BARTENS, 2000), they occur in declarative sentences, they manifest themselves in medial and/or final syntactic position; they present varied morphophonological formats (A, A.A, A.B.B, A.B.C, etc.); they suffer total and partial reduplication, and morphological and phonological reduplication; they obey the vowel and consonant inventories existing in the kreyòl, as well as following the canonical syllabic structure (CV, CVC, CCV etc.); they have different meanings and can be framed in different semantic macro-categories. Also, after reanalysis of the data from the aspects mentioned above, the conception that the data are divided into three groups: (1) Ideophones; (2) Ideophones with flexible classification; and (3) declassified lexical items. It is reiterated that the following properties were adopted as criteria for a word to be considered ideophone in kreyòl: (1) present onomatopoeic content/trait, (2) undergo morphological (phonological) reduplication, and (3) not only have nominal content. Consequently, the data were reclassified from 81 to only 66 true ideophones, since 15 data were declassified and excluded from the corpus, being considered false ideophones.Agostinho, Ana Lívia dos SantosUniversidade Federal de Santa CatarinaNunes, Ariele Helena Holz2021-08-23T14:03:58Z2021-08-23T14:03:58Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis295 p.| il., tabs.application/pdf372262https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/226849porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-08-23T14:03:59Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/226849Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-08-23T14:03:59Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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