Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cipriano, Luís Olimpio Stalchmidt
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185465
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Florianópolis, 2017.
id UFSC_6b31f0177753aa2ab656752c0fc1ed4d
oai_identifier_str oai:repositorio.ufsc.br:123456789/185465
network_acronym_str UFSC
network_name_str Repositório Institucional da UFSC
repository_id_str 2373
spelling Universidade Federal de Santa CatarinaCipriano, Luís Olimpio StalchmidtCazella, Ademir Antonio2018-04-13T19:29:17Z2018-04-13T19:29:17Z2017350898https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185465Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Florianópolis, 2017.Este é um estudo sobre a persistência de comunidades rurais caboclas no Território Meio Oeste Contestado SC (TMOC). O processo histórico de ocupação dessa região marginalizou o acesso a terra e desestruturou o modo de vida tradicional de boa parte dos agricultores caboclos (camponês mestiço de índios, negros e brancos) que habitava a região de longa data, em favor da exploração florestal pela indústria madeireira e da colonização com agricultores de origem europeia. Expropriadas, a maioria das famílias caboclas abandonou o campo durante o processo de modernização da agricultura, ocorrido a partir de meados dos anos 1960. Grande parte de seus descendentes reside em bairros periurbanos dos municípios da região. No entanto, uma parcela persistiu no meio rural: parte se integrou no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a partir dos anos 1980 e foi beneficiada pela política de reforma agrária, e outra porção persistiu em comunidades rurais, sendo que em algumas delas a presença de famílias caboclas ainda é expressiva. Estas famílias, na sua maioria, vivem em situação de precariedade, reprodução social limitada e têm dificuldades para acessar políticas públicas de desenvolvimento agrícola. Em geral, não são reconhecidas pelas Organizações Profissionais Agrícolas (OPA) serviços públicos de extensão rural, bancos públicos, cooperativas, ONG e sindicatos enquanto agricultores profissionais passíveis de adotarem as orientações tecnológicas difundidas pelas OPA. A situação de relativa invisibilidade social dos agricultores caboclos no oeste catarinense tem a ver com acontecimentos históricos, fortemente marcados pela Guerra do Contestado (1912-1916). As populações caboclas normalmente são abordadas pelos estudos sobre esse evento, com destaque para as comunidades associadas aos antigos redutos da guerra. No entanto, nem todos os caboclos participaram da guerra, e muito pouco se sabe sobre a história e a existência de comunidades de remanescentes caboclos que não necessariamente tiveram ligação com o conflito. Neste contexto, buscou-se nesta pesquisa identificar, mapear e elaborar um inventário preliminar das comunidades rurais com presença de famílias de origem cabocla no TMOC, com a finalidade de tornar visível a persistência dessas famílias no espaço rural, apesar dos processos de exclusão e segregação socioespacial historicamente sofridos pela população cabocla. De forma complementar, procurou-se caracterizar as principais estratégias de reprodução social de agricultores de origem cabocla em um caso específico, com o propósito de compreender as estruturas explicativas da permanência dessas famílias no meio rural, em que pesem os estigmas sociais e a desestruturação do seu modo de vida tradicional. Metodologicamente, adotaram-se procedimentos quantitativos e qualitativos de forma combinada, entre eles pesquisas em documentos oficiais, literatura científica, consulta eletrônica, telefônica e presencial a instituições públicas e organizações sociais, entrevistas exploratórias e semiestruturadas, além da observação com os agricultores da comunidade. De forma geral, foi possível perceber que há uma persistência de comunidades rurais com presença de famílias caboclas. Mesmo com intensos processos de colonização e de modernização da agricultura, essas comunidades não desapareceram completamente, ainda que em boa parte delas a agricultura seja uma atividade secundária. As famílias caboclas recorrem a uma diversidade de estratégias para criar as condições necessárias à sua reprodução no espaço rural. Prevalece nesses agricultores uma conduta de estima pelo convívio, solidariedade e sustentabilidade em detrimento dos valores ligados à acumulação e competitividade. A pesquisa revelou diversos indicativos da necessidade de continuidade do inventário e mapeamento das comunidades, assim como da investigação e caracterização de suas estratégias de reprodução social.Abstract : This is a research about the persistance of caboclo´s rural communities in the Midwest Contestado Territory, located at Santa Catarina state, in Southern Brazil (TMOC). The historical process of occupation of this region marginalized the access to land and disrupted the traditional way of life of a large part of the Caboclo farmers (peasant originated in the mix of Indians, blacks and whites) who lived in the region for a long time, in favor of logging by the timber industry and colonization with European origin farmers. Expropriated, most caboclo families abandoned the countryside during the agricultural modernization process, which began in the mid-1960. Most of their descendants reside in peri-urban neighborhoods of the region's municipalities. However, a portion persisted in rural areas: part integrated the Landless Rural Workers Movement (MST) since 1980 and was benefited by the agrarian reform policy, and another part persisted in rural communities, of wich some still have significant presence of caboclo families. Most part of these families live in precarious conditions, limited social reproduction and have difficulties to access agricultural development public policies. Commonly, they are not recognized by the Agricultural Professional Organizations (OPA) - public rural extension services, public banks, cooperatives, NGO and syndicates - as professional farmers able to adopt the technological guidelines disseminated by the OPA. Their relative social invisibility result from historical events, strongly marked by the Contestado War (1912-1916). The caboclo people are usually approached by studies on this event, especially the communities associated with the former strongholds of the war. However, not all the caboclos participated in the war, and very little is known about the history and existence of communities of remnant caboclos that did not have any connection with the conflict. In this context, this research aimed to identify, map and elaborate a preliminary inventory of rural communities with presence of caboclo families in the TMOC, in order to make visible the persistence of these families in the rural area, despite the processes of exclusion and socio-spatial segregation historically suffered by the caboclo people. In a complementary way, we aimed to characterize the main social reproduction strategies of caboclo origin farmers in a specific case, with the purpose of understanding the structures that make possible the permanence of these families in the rural space, despite their social stigmas and traditional way of life destructuring. Methodologically, both quantitative and qualitative procedures were adopted in a combined manner, including the research in official documents, scientific literature, electronic, telephone and face-to-face consultation with public institutions and social organizations, exploratory and semi-structured interviews, and observation with the farmers of the community. In general, it was possible to perceive that there is a persistence of rural communities with the presence of caboclo families. Even with intense colonization and agricultural modernization processes, these communities did not completely disappear, although for many of them agriculture is a secondary activity. Caboclo families use a variety of strategies to create the necessary conditions for their reproduction in rural areas. Prevail in these farmers a behavior of esteem for living together, solidarity and sustainability, to the detriment of values linked to accumulation and competitiveness. The research revealed several indications of the need for continuity of the inventory and mapping of communities, as well as the investigation and characterization of their social reproduction strategies.140 p.| il., gráfs.porAgroecossistemasComunidades agrícolasCaboclosPolíticas públicasComunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SCinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALPAGR0394-D.pdfPAGR0394-D.pdfapplication/pdf1439991https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/185465/-1/PAGR0394-D.pdfa03009bb9e1de5e7854f6b67b7d505daMD5-1123456789/1854652018-04-13 16:29:17.826oai:repositorio.ufsc.br:123456789/185465Repositório de PublicaçõesPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732018-04-13T19:29:17Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
dc.title.none.fl_str_mv Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
title Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
spellingShingle Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
Cipriano, Luís Olimpio Stalchmidt
Agroecossistemas
Comunidades agrícolas
Caboclos
Políticas públicas
title_short Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
title_full Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
title_fullStr Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
title_full_unstemmed Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
title_sort Comunidades rurais caboclas no território meio oeste contestado - SC
author Cipriano, Luís Olimpio Stalchmidt
author_facet Cipriano, Luís Olimpio Stalchmidt
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Universidade Federal de Santa Catarina
dc.contributor.author.fl_str_mv Cipriano, Luís Olimpio Stalchmidt
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Cazella, Ademir Antonio
contributor_str_mv Cazella, Ademir Antonio
dc.subject.classification.none.fl_str_mv Agroecossistemas
Comunidades agrícolas
Caboclos
Políticas públicas
topic Agroecossistemas
Comunidades agrícolas
Caboclos
Políticas públicas
description Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Florianópolis, 2017.
publishDate 2017
dc.date.issued.fl_str_mv 2017
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2018-04-13T19:29:17Z
dc.date.available.fl_str_mv 2018-04-13T19:29:17Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185465
dc.identifier.other.none.fl_str_mv 350898
identifier_str_mv 350898
url https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185465
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 140 p.| il., gráfs.
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFSC
instname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron:UFSC
instname_str Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron_str UFSC
institution UFSC
reponame_str Repositório Institucional da UFSC
collection Repositório Institucional da UFSC
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/185465/-1/PAGR0394-D.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv a03009bb9e1de5e7854f6b67b7d505da
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1766805284345348096