Jornalismo e pobreza: lugares para as fontes de classes populares e desigualdade social naturalizada
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/234550 |
Resumo: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, Florianópolis, 2021. |
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Jornalismo e pobreza: lugares para as fontes de classes populares e desigualdade social naturalizadaJornalismoDesigualdades sociaisAnálise do discursoClasses sociaisPobrezaTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo, Florianópolis, 2021.A tese investiga a valoração das vozes das fontes de classes populares no discurso jornalístico sobre a pobreza. Compreende-se que o jornalismo como campo e discurso estabelece lugares para seus atores socais, especialmente para as fontes de informação. Ao ceder e interditar posições, o jornalismo constrói sentidos sobre temas, acontecimentos, situações, indivíduos e grupos. Este processo valorativo é fundamentalmente emocional, uma vez que as emoções conformam o estabelecimento de lugares para as fontes, sobretudo no telejornalismo. Diante desta percepção, a hipótese do estudo é de que o discurso jornalístico situa as vozes das pessoas pobres em posições que naturalizam a desigualdade social. O objetivo geral da pesquisa é compreender como o discurso jornalístico sobre a pobreza valora as vozes das fontes de classes populares. Os objetivos específicos são identificar as posições-sujeito nas manifestações de tais fontes; evidenciar como as emoções se expressam na valoração das vozes das pessoas pobres; discutir como as fontes especializadas e autorizadas integram este processo valorativo; e debater acerca de como a pobreza é apreendida discursivamente pelo jornalismo. A reflexão teórica do estudo se concentra em três grandes questões: a desigualdade social, o jornalismo e o discurso, especificando a discussão a partir de conceitos como classe social, pobreza, fontes, emoção, grande reportagem televisiva, sentidos e vozes. Metodologicamente, a tese se ancora na Análise de Discurso, também a principal matriz teórica da pesquisa. A análise de 1.939 sequências discursivas pertencentes a reportagens dos programas Câmera Record, Caminhos da Reportagem e Profissão Repórter revela uma forte discrepância nos lugares estabelecidos para as fontes de classes populares, indivíduos que vivenciam diferentes situações de pobreza. As Posição-Sujeito Descrição (P.S-D), Posição-Sujeito Lamentação (P.S-L) e Posição-Sujeito Ilustração (P.S-I) dominam 87% da valoração das vozes das pessoas pobres visibilizadas pelas reportagens. Em um espaço bem menor, as Posição-Sujeito Opinião (P.S-O); Posição-Sujeito Saber; e Posição-Sujeito Proposição (P.S-P) representam somente 13% do processo valorativo construído pelo discurso jornalístico. Tais resultados são tensionados a partir da análise das tópicas da tristeza, alegria, medo, coragem, descrença e esperança, emoções que ajudam a configurar a valoração das vozes, assim como a performance das fontes especializadas e autorizadas. Constata-se que o processo valorativo das fontes de classes populares, movimento discursivo comandado pelo jornalismo, é configurado a partir do funcionamento de formações discursivas e formações imaginárias, da internalização de um habitus e do acionamento de emoções. As reportagens organizam perspectivas, cruzam sentidos, mobilizam emoções, abrindo caminho para dois tipos de sentimentos com dimensão prática na vida das pessoas pobres: a aquiescência e a resignação, ambos assentados num conformismo lógico. Os modos de posicionamento das vozes das fontes de classes populares corroboram um tratamento naturalizado sobre a desigualdade social, em que a classe social e os cenários de pobreza são jornalisticamente despercebidos como indicadores de um país historicamente injusto.Abstract: The thesis investigates the valuation of the voices of popular class sources in the journalistic discourse on poverty. It is understood that journalism as a field and discourse establishes places for its social actors, especially for information sources. By yielding and interdicting positions, journalism builds meanings about themes, events, situations, individuals and groups. This evaluative process is fundamentally emotional, since emotions shape the establishment of places for sources, especially in television journalism. Given this perception, the study's hypothesis is that the journalistic discourse places the voices of poor people in positions that naturalize social inequality. The general objective of the research is to understand how the journalistic discourse on poverty values the voices of popular class sources. The specific objectives are to identify the subject-positions in the manifestations of such sources; show how emotions are expressed in valuing the voices of poor people; discuss how specialized and authorized sources integrate this valuation process; and debate about how poverty is discursively apprehended by journalism. The theoretical reflection of the study focuses on three major issues: social inequality, journalism and discourse, specifying the discussion based on concepts such as social class, poverty, sources, emotion, great television report, senses and voices. Methodologically, the thesis is based on Discourse Analysis, which is also the main theoretical framework of the research. The analysis of 1,939 discursive sequences belonging to reports from the programs Camera Record, Caminhos da Reportagem and Profissão Repórter reveals a strong discrepancy in the places established for the sources of popular classes, individuals who experience different situations of poverty. The Position-Subject Description (P.S-D), Position-Subject Lamentation (P.S-L) and Position-Subject Illustration (P.S-I) dominate 87% of the valuation of the voices of poor people made visible by the reports. In a much smaller space, the Position-Subject Opinion (P.S-O); Position-Subject Knowing; and Position-Subject Proposition (P.S-P) represent only 13% of the value process constructed by journalistic discourse. Such results are tensioned from the analysis of the topics of sadness, joy, fear, courage, disbelief and hope, emotions that help configure the valuation of voices, as well as the performance of specialized and authorized sources. It appears that the value process of popular class sources, a discursive movement led by journalism, is configured from the functioning of discursive formations and imaginary formations, the internalization of a habitus and the triggering of emotions. The reports organize perspectives, cross directions, mobilize emotions, opening the way for two types of feelings with a practical dimension in the lives of poor people: acquiescence and resignation, both based on a logical conformism. The ways in which the voices of popular class sources are positioned corroborate a naturalized treatment of social inequality, in which social class and poverty scenarios are journalistically overlooked as indicators of a historically unfair country.Bertasso, DaianeUniversidade Federal de Santa CatarinaWinch, Rafael Rangel2022-05-19T14:40:12Z2022-05-19T14:40:12Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis220 p.| il.application/pdf374416https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/234550porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-05-19T14:40:13Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/234550Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732022-05-19T14:40:13Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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