Nosso ser social morre com o medo do contágio
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209672 |
Resumo: | A natureza humana certamente não vai mudar em função desta crise, mas é igualmente certo que nada da nossa “cultura” vai ficar como era antes. O problema está no fato de que essas mudanças ameaçam cair em cima de nós sem que nenhuma análise séria de suas causas e efeitos tenha promovido ações coerentes de governo. É como perseguir o destino mediante intervenções que procurem conter sua crueldade. Não se quer entender que no mundo do novo milênio – mundo já claramente previsível no terrível século XX – a aceleração extraordinária que estressa todos os fatores da nossa vida cria fisiologicamente as condições para uma emergência perpétua, para um estado contínuo de crise, ainda que ele assuma a cada vez “máscaras” diferentes. Ainda é possível prever e prevenir? A pergunta não tem mais nada de retórico; pandêmica é essa aceleração; é ela que está desmontando não apenas as formas tradicionais da ação política, mas também nossos comportamentos, nossos “hábitos”, nosso common sense. Podemos acompanhar sua direção de marcha, tal como os escravos acorrentados atrás do carro do vencedor, ou podemos buscar pelo menos entender seu significado. Assistimos, eu creio, a um processo formidável de desagregação de qualquer forma autônoma de representação na assim-chamada “sociedade civil”, esfacelamento que afunda suas raízes materiais na organização da produção e do trabalho. A história secular do indivíduo moderno realiza-se decretando sua impotência de dar vida a qualquer comunidade. O mote hoje, repetido em todo lugar, não pode ser reduzível ao lapso infeliz de algum burocrata ou comunicador de passagem, é verdadeiramente revelador: não se fala em distância física, mas sim em distância social! |
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Nosso ser social morre com o medo do contágiotraduçãoA natureza humana certamente não vai mudar em função desta crise, mas é igualmente certo que nada da nossa “cultura” vai ficar como era antes. O problema está no fato de que essas mudanças ameaçam cair em cima de nós sem que nenhuma análise séria de suas causas e efeitos tenha promovido ações coerentes de governo. É como perseguir o destino mediante intervenções que procurem conter sua crueldade. Não se quer entender que no mundo do novo milênio – mundo já claramente previsível no terrível século XX – a aceleração extraordinária que estressa todos os fatores da nossa vida cria fisiologicamente as condições para uma emergência perpétua, para um estado contínuo de crise, ainda que ele assuma a cada vez “máscaras” diferentes. Ainda é possível prever e prevenir? A pergunta não tem mais nada de retórico; pandêmica é essa aceleração; é ela que está desmontando não apenas as formas tradicionais da ação política, mas também nossos comportamentos, nossos “hábitos”, nosso common sense. Podemos acompanhar sua direção de marcha, tal como os escravos acorrentados atrás do carro do vencedor, ou podemos buscar pelo menos entender seu significado. Assistimos, eu creio, a um processo formidável de desagregação de qualquer forma autônoma de representação na assim-chamada “sociedade civil”, esfacelamento que afunda suas raízes materiais na organização da produção e do trabalho. A história secular do indivíduo moderno realiza-se decretando sua impotência de dar vida a qualquer comunidade. O mote hoje, repetido em todo lugar, não pode ser reduzível ao lapso infeliz de algum burocrata ou comunicador de passagem, é verdadeiramente revelador: não se fala em distância física, mas sim em distância social!Universidade Federal de Santa CatarinaNúcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana (NECLIT)Cacciari, MassimoSanturbano, AndreaLiteratura Italiana Traduzida2020-07-22T23:29:42Z2020-07-22T23:29:42Z2020-06-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfCACCIARI, Massimo. “Nosso ser social morre com o medo do contágio”. Trad. Andrea Santurbano. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.6, jun. 2020.https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209672info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSC2020-08-12T16:33:05Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/209672Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732020-08-12T16:33:05Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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