Quem é da família de verdade: discursos de racialidade entre famílias inter-raciais
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/254823 |
Resumo: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2023. |
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Quem é da família de verdade: discursos de racialidade entre famílias inter-raciaisPsicologiaRacismoRelações raciaisRelações familiaresTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2023.A roda de chá desta tese de doutorado gira em torno dos discursos de racialidade em narrativas de memórias familiares inter-raciais. Exalto as memórias como categoria analítica para compreender os significados discursivos da raça nas narrativas das famílias interlocutoras e seus efeitos nos processos de subjetivação. Nesse bojo, o discurso de raça se torna uma categoria de disputa diante das relações de poder estruturadas pelo racismo em intersecção com outras opressões no cenário brasileiro e reproduzido pelas famílias (González, 1979). A partir de entrevistas semiestruturadas, dialogamos com três famílias: Boldo, Pimenta e Guaco em momentos distintos, foram mais de 8 encontros somando todas as famílias. No campo a questão da pesquisa se reconstrói para: quem é da família de verdade? Assim como, o objetivo: investigar os discursos de racialidade nas memórias de famílias inter-raciais. Desse modo, essas narrativas revelaram trajetórias individuais e coletivas dessas famílias que se cruzam no modo como elaboram memória sobre o pertencimento e exclusão, identidade racial e social, vínculos e laços sociais. Para contar como girou a tese em formato de roda de chá narramos os tempos analíticos com as seguintes teses: 1) a cor como um rompimento familiar; 2) a supremacia branca se reafirma pela suposta uniformidade e exclusão de quem não é da família; 3) o discurso racial em torno do ?negro de verdade? constrói um ideal simbólico de negrura e um ideal de brancura, ambos alienados pelo discurso biológico da raça, juntos operam a manutenção de hierarquias por uma suposta unidade familiar cisheteropatriarcal branca e 4) embora, a imposição branca por uma identidade cristã destitua nomes como faceta colonial, as experiências de resistência e acolhimento interditam o desprezo racial em direção ao pertencimento sócio-cultural-racial negro. Tecemos articulações com a análise do discurso, já que analisamos o que há por meio da linguagem e cultura: ?relações de poder, institucionalização de identidades sociais, processos de inconsciência ideológica, enfim, diversas manifestações humanas? (Melo, 2009, p. 3). A análise de posições hierárquicas simultâneas possibilita entender discursivamente as maneiras possíveis e até contraditórias pelas quais as famílias inter-raciais negociam hierarquias raciais e se organizam nos processos de socialização racial. Nesse feito, resistência e reprodução racistas podem coexistir e se contradizer cotidianamente e estruturar as relações familiares e sociais. O debate sobre a identidade racial tem se capilarizado, inclusive nas famílias, mas isso não garante proteção e suposta harmonia como a própria ideia de família moderna [branca] defende (Schucman, 2018). É no conflito revelado que os discursos raciais têm visibilidade, já que os silêncios cooptados pela manutenção das hierarquias raciais e imagens de inferiorização são custeadas pelas manobras da branquitude na operacionalização do apagamento das histórias de protagonismo e resistência negra nas famílias inter-raciais.Abstract: The tea wheel of this doctoral thesis revolves around discourses of raciality in narratives of interracial family memories. I highlight memories as an analytical category to understand the discursive meanings of race in the narratives of interlocutor families and their effects on subjectivation processes. In this context, the discourse of race becomes a category of dispute in the face of power relations structured by racism in intersection with other oppressions in the Brazilian scenario and reproduced by families (González, 1979). Based on semi-structured interviews, we spoke with three families: Boldo, Pimenta and Guaco at different times, there were more than 8 meetings totaling all the families. In the field, the research question is reconstructed to: who is the real family member? As well as the objective: to investigate the discourses of raciality in the memories of interracial families. In this way, these narratives revealed individual and collective trajectories of these families that intersect in the way they elaborate memories about belonging and exclusion, racial and social identity, bonds and social ties. To tell how the thesis turned into a tea circle format, we narrate the analytical times with the following theses: 1) color as a family break; 2) white supremacy reaffirms itself through the supposed uniformity and exclusion of those who are not members of the family; 3) the racial discourse around the ?real black? constructs a symbolic ideal of blackness and an ideal of whiteness, both alienated by the biological discourse of race, together operate the maintenance of hierarchies by a supposed white cisheteropatriarchal family unit and 4) although , the white imposition of a Christian identity removes names as a colonial facet, the experiences of resistance and reception prohibit racial contempt towards black socio-cultural-racial belonging. We weave connections with discourse analysis, as we analyze what exists through language and culture: ?power relations, institutionalization of social identities, processes of ideological unconsciousness, in short, various human manifestations? (Melo, 2009, p. 3). The analysis of simultaneous hierarchical positions makes it possible to discursively understand the possible and even contradictory ways in which interracial families negotiate racial hierarchies and organize themselves in the processes of racial socialization. In this case, racist resistance and reproduction can coexist and contradict each other on a daily basis and structure family and social relationships. The debate about racial identity has become widespread, including within families, but this does not guarantee protection and supposed harmony as the very idea of a modern [white] family defends (Schucman, 2018). It is in the revealed conflict that racial discourses have visibility, since the silences co-opted by the maintenance of racial hierarchies and images of inferiorization are funded by the maneuvers of whiteness in operationalizing the erasure of histories of black protagonism and resistance in interracial families.Schucman, Lia VainerUniversidade Federal de Santa CatarinaSantos, Thais Rodrigues dos2024-03-21T23:24:32Z2024-03-21T23:24:32Z2023info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis131 p.| il., tabs.application/pdf386638https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/254823porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-03-21T23:24:32Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/254823Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732024-03-21T23:24:32Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false |
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