Manifestações artísticas como contra-narrativas: estudos de casos das periferias do Rio de Janeiro e de Lisboa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Loria, Luana
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185391
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2017.
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spelling Manifestações artísticas como contra-narrativas: estudos de casos das periferias do Rio de Janeiro e de LisboaCiências sociaisPeriferiasTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Florianópolis, 2017.Esta pesquisa versa sobre o conceito de periferia urbana, abrangendo suas diversas manifestações nos planos narrativo, estético e político, no intuito de diversificar as leituras sobre os chamados espaços periféricos. Partindo do estudo de caso das periferias do Rio de Janeiro/RJ e de Lisboa/POR, explorando manifestações estético-políticas que contivessem narrativas e imaginários outros e inovadores, constituídos por imagens e estéticas diversas, mais politizadas e críticas a respeito do monopólio imagético das narrativas dominantes - as chamadas contra-narrativas -. Nesse percurso metodológico, após definido os conceitos-chave da pesquisa (periferia urbana - narrativas e imaginários hegemônicos - contra-narrativas e contra-imaginário), optei como corpus investigativo quatro manifestações artísticas que apresentam contra-narrativas plurais e diversas sobre a periferia urbana: o grupo Anarkofunk e o coletivo literário Bando Editorial Favelofágico, no contexto carioca; e os rappers Chullage e LBC Soldjah e o cineasta Pedro Costa no contexto lisboeta. Considerando que o Anarkofunk descreve a favela como espaço de materialização de ideais anárquicos que se compõe através da revolução, da desobediência e da luta contra o Estado, legitimando a violência do oprimido como instrumento de resistência. Já o Bando Editorial Favelofágico retrata a periferia como espaço de fala plural, a partir do qual seus moradores contribuem para constituir novos cânones, novos paradigmas literários, políticos e sociais, recusando as lógicas mercadológicas tradicionais e a narrativa dominante da violência que invisibiliza qualquer outra leitura e concepção acerca desse espaço. Os rappers africanos e afrodescendentes de Lisboa retratam a periferia como um espaço diaspórico e transnacional (como mostra LBC Soldjah) e como território que busca um diálogo com a sociedade, lutando contra o racismo e procurando aceitação da diferença, inclusão e integração (como destaca Chullage). Nos filmes de Pedro Costa, coexistem várias narrativas sobre a periferia: a narrativa dominante, que interpreta a periferia como espaço do degrado, do vício e da doença, e a contra-narrativa, que a lê como espaço socialmente abrangente, protetivo e acolhedor, com o qual os moradores estabelecem um vínculo afetivo. Selecionar a periferia como objeto cinematográfico no contexto português sinaliza uma inovação; portanto, identifica uma contra-narrativa, visto que o cinema nacional anterior raramente retratou esse espaço, preferindo representar outros mais reconhecidos pelo imaginário nacional. Essas manifestações, através de imagens e discursos distintos, alcançam o mesmo propósito, ou seja, apresentam a periferia como espaço de luta e de transformação e ressignificam o conceito de periferia por meio de interpretações plurais e multifacetadas, recusando o imaginário e as narrativas hegemônicas. Assim sendo, a arte é selecionada como veículo de criação e de transmissão de contra-narrativas, como instrumento que permite desconstruir as leituras hegemônicas e que gera, por exemplo, a leitura da periferia como espaço de crítica às instituições; como espaço de manifestação de discursos múltiplos sobre a violência; como lugar de materialização do discurso periférico negro; como espaço de concretização de uma cidadania insurgente. Nessa composição investigativa, acredito que o debate acerca das diferenças e semelhanças entre as contra-narrativas de Lisboa/POR e do Rio de Janeiro/RJ, possa contribuir para a compreensão das razões que determinaram os diferentes graus de visibilidade artística que caracterizam as duas realidades, sendo as periferias de Lisboa menos visibilizadas no panorama cultural e artístico português, diferentemente da centralidade cultural das favelas do Rio de Janeiro. O estudo baseia-se na análise bibliográfica e textual das manifestações; compreendendo que a interdisciplinaridade e a transversalidade teórica, características desta pesquisa, serão possíveis instrumentos fundamentais para diversificar as leituras acerca do conceito de periferia urbana.Abstract : This research focuses on the concept of urban periphery - slums - covering its different manifestations in the narrative, aesthetic, and political fields, in order to diversify the interpretations on the so-called peripheral spaces. Starting from the case study of Rio de Janeiro's and Lisbon's slums, the research explores aesthetic-political manifestations that contain various and innovative narratives and imaginaries ? counter-narratives ?, which are constituted by different and more politicized images and aesthetics, and are critical of the monopoly of dominant narratives. After defining the key concepts of the research ? i.e. urban periphery, hegemonic narratives and imaginary, counter-narrative and counter-imaginary -, the four artistic manifestations that contain plural and various counter-narratives on the urban periphery are studied: the musical group Anarkofunk and the literary collective Bando Editorial Favelofágico in Rio de Janeiro; the rappers Chullage and LBC Soldjah and the filmmaker Pedro Costa in Lisbon. The Anarkofunk collective presents the favela as a space of materialization of anarchic ideals through revolution, disobedience and struggle against the State, legitimizing the violence of the oppressed as an instrument of resistance. The Bando Editorial Favelofágico portrays the periphery as a space of plural speech, from which its inhabitants contribute to constitute new canons, and new literary, political, and social paradigms, refusing the traditional logic of the market as well as the dominant narrative of violence that renders any other conception about slums invisible. African and Afro-descendant rappers of Lisbon portray the periphery as a diasporic and transnational space, as shown by LBC Soldjah, and as a territory that seeks a dialogue with society, fighting against racism and seeking acceptance of difference, inclusion and integration, as Chullage points out. In Pedro Costa's films, several narratives about the slums coexist: the dominant narrative that interprets the periphery as a space of degradation, vice and disease, and the counter-narrative that reads it as a socially inclusive, protective and welcoming space, with which the residents establish an affective bond. The selection of the periphery as a cinematographic object in the context of Portuguese cinema points out an innovation that allows one to identify it as a counter-narrative, given that the previous national cinema rarely portrayed such space, preferring to represent others more recognized by the national imaginary. All of these manifestations aim, through different images and discourses, to achieve the same purpose - to introduce the slums as a space of struggle12and transformation, and to re-signify the concept of the urban periphery through plural and multifaceted interpretations, rejecting the hegemonic imaginary and narratives-. Thus, art is selected as a vehicle for the creation and transmission of counter-narratives, as an instrument that allows for the deconstruction of hegemonic interpretations, and that, for example, gives way to the understanding of slums as a space of criticism of institutions; as a space for demonstrating multiple discourses about violence; as place of materialization of black peripheral discourse; as space for the realization of an insurgent citizenship. In its concluding chapter, the research discusses the differences and similarities between the counter-narratives of Lisbon and Rio de Janeiro, in order to understand the reasons that have determined the different degrees of artistic visibility that characterize the two realities - Lisbon's slums being less visible in the Portuguese cultural and artistic panorama, unlike the cultural centrality of the favelas of Rio. The study is based on the bibliographical and textual analysis of the selected manifestations; the interdisciplinarity and the theoretical transversality that characterize the research will become fundamental tools to diversify the interpretation on the concept of urban periphery.Flores, Maria Bernardete RamosOliveira, Susan Aparecida deUniversidade Federal de Santa CatarinaLoria, Luana2018-04-13T19:23:05Z2018-04-13T19:23:05Z2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis266 p.| il.application/pdf350943https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/185391porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-04-13T19:23:05Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/185391Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732018-04-13T19:23:05Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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