Memórias da loucura: arquivo, testemunho e arte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pasqualotto, Mariana Zabot
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/220396
Resumo: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2020.
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spelling Memórias da loucura: arquivo, testemunho e artePsicologiaHospitais psiquiátricosDoenças mentaisArte e doença mentalTese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2020.Esta tese fala sobre reescrituras e (re)coleções produzidas ou visibilizadas no confronto com os arquivos produzidos do poder psiquiátrico e a sua arquitetura manicomial. Arquivo que ? composto pela estrutura física dos pavilhões manicomiais, pelos saberes e técnicas que conduziram às práticas e tratativas coercitivas, a pessoas com diagnóstico psiquiátrico, por fotografias, prontuários e outros registros textuais ? se pretende monológico, pois se baseia em um discurso de verdade, pautado na patologização, medicalização, burocratização e disciplinarização dos corpos. Em tensão a esse arquivo, faço ver nesta tese registros da existência e resistência de vidas diante da clausura, arquivo este formado por silêncios, lacunas, cinzas, gritos, murmúrios, produções estéticas e pelos efeitos que foram produzidos na pesquisa em contato com tais corpos ou com os vestígios de si. Distanciando-se de uma perspectiva monológica do arquivo, esta tese atenta para a diversidade de vozes e tempos que compõem a reescrita e as metamorfoses das histórias dos arquivos. A pesquisa teve no conceito de coleção proposto por Walter Benjamin uma inspiração metodológica para esta tese: assim como Arthur Bispo do Rosário, que inventariou e (re)colecionou as coisas consideradas sem valor descartadas pela cidade, a pesquisa se guiou pela perscruta dos resíduos, cinzas e rastros que sobraram da existência de antigos manicômios; ruínas de violências, ruínas das resistências de vidas contra o choque com o poder. A flânerie também foi outra inspiração para estar nas cidades e perscrutar diferentes museus, espaços e arquivos, a saber: o arquivo relacionado ao Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider, em Joinville/SC; os espaços de ex-manicômios italianos, a partir da experiência de estágio sanduíche no exterior; e o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. Nesses lugares praticou-se um caminhar atento aos pequenos sinais de irrupções de tempos de outrora em seu diálogo com o ?presente? e recolheu-se ? a partir de fotografias, anotações em diário de campo e inscrições de afecções no corpo da pesquisadora - cenas, imagens, acasos, durante os percursos. Eis o que se apresenta, pois, nesta tese: a constelação crítica produzida a partir de fragmentos recolhidos em diversos arquivos da loucura. Uma coleção formada a partir das afecções do corpo da pesquisadora com as ruínas das memórias da loucura. Esta tese teceu fragmentos de imersões espaço-temporais diferentes no campo temático, físico e virtual, marcado pela produção de arquivo da loucura e traz como resultado o apontamento ético sobre a importância de se recolher de forma crítica as ruínas de tragédias passadas e aquelas que atualmente ainda se acumulam diante de nós, resultantes da violação dos diretos humanos de vidas marginalizadas pela produção da loucura. A tese se funda na deia de que recolher de forma crítica tais ruínas é direcionar atenção a como esse passado presentifica-se em constante confronto, atualizar e (re)colecionar os arquivos dessa história, elaborar lutos e impulsionar a inscrição de memórias outras para definir estratégias a favor de novos possíveis.Abstract: This thesis researched rewriting and (re)collections produced or visibilized in confrontation with psychiatric power produced archives and its asylum architecture. An archive that - composed by asylum pavilion physical structure, by the knowledge and techniques which conducted to coercitive practices and dealts, to people with psychiatric diagnosis, by photographs, medical records and other textual registries - intends to be monological, once it is based on a truth discourse, pathologization, medicalization, bureaucratization and bodies disciplinarization. In tension with this archive, I make visible in this thesis registries of lives existence and resistance against enclosure, a file formed by silences, gaps, ashes, screams, murmurs, aesthetic productions and the effects that were produced by the contact of research and those bodies or its traces. Moving away from a monological archive perspective, this thesis is attentive to the diversity of voices and times which compose the rewrite and the metamorphoses of archives stories. The research had in the collection concept proposed by Walter Benjamin a methodological inspiration for this thesis: as well as Arthur Bispo do Rosário, who inventoried and (re)collected things considered worthless discarded by the city, the research was guided by the peer of residues, ashes and traces that remained from old asylums existence; ruins of violences, ruins of lives resistance against the shock with power. The flânerie was also another inspiration to be in the cities and peer different museums, spaces and archives as: the file related to Oscar Schneider Municipal Alienated People Shelter, in Joinville/SC; the spaces of ex-asylums in Italy, from sandwich internship abroad; and the Unconscious Images Museum, in Rio de Janeiro. At these places it was practiced an attentive walk to small erstwhile times irruptions signs in dialogue with the ?present? and it was collected - from photographs, notes in field diary and affections inscriptions on researcher?s body - scenes, images, chances, during the paths. What is presented in this thesis, therefore, is the critical constellation produced from collected fragments in various madness archives. A collection formed from the researcher?s body affections with madness memories ruins. This thesis wove fragments from different spatial-temporal immersions in the thematic field, physical and virtual, marked by madness archive production and brings as result the ethical note about the importance of collect, in a critical way, the ruins of past tragedies and those that still accumulate in front of us, resulting of marginalized lives human rights violation by madness production. The thesis is based on the idea that critically collecting these ruins is to direct attention to how this past presentifies in a constant confrontation, to update and (re)collect this story archives, to elaborate mournings and to boost the inscription of other memories to define strategies in favor of new possibles.Zanella, Andréa VUniversidade Federal de Santa CatarinaPasqualotto, Mariana Zabot2021-02-26T14:49:56Z2021-02-26T14:49:56Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis148 p.| il., gráfs.application/pdf371011https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/220396porreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-02-26T14:49:56Zoai:repositorio.ufsc.br:123456789/220396Repositório InstitucionalPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732021-02-26T14:49:56Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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