SER CRIANÇA NA COSTA DA LAGOA: MEMÓRIAS, BRINCADEIRAS E NATUREZA
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFSC |
Texto Completo: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/235872 |
Resumo: | A proposta da pesquisa, desenvolvida em 2014, foi compreender os significados de ser criança na Costa da Lagoa, comunidade açoriana, localizada na Lagoa da Conceição, em Florianópolis (SC). A definição da Costa partiu da concepção de que há comunidades que mantém princípios de liberdade com as crianças que, de certa maneira, possuem os tempos e os espaços, no ambiente natural e cultural, para se desafiarem e crescerem. Fundamentada em concepções teóricas que consideram as crianças como seres sociais, que têm o direito de serem respeitadas em suas historicidades e culturas, constatei que estava convivendo com uma realidade aparentemente simples, mas inegavelmente complexa. Neste percurso, a pesquisa traz como objetivo geral a proposta de desvendar os sentidos e significados encontrados nas relações estabelecidas pelas crianças, moradoras da Costa da Lagoa, entre o ser, o brincar e a natureza. Tendo como objetivos específicos: a) ouvir as narrativas dos velhos moradores sobre as suas memórias de infância, com foco na infância de outrora e nas brincadeiras; b) encontrar os espaços de brincadeiras existentes na Costa da Lagoa voltados às crianças residentes nessa comunidade, bem como se dão as suas apropriações; c) buscar os significados das diferentes formas de brincar das crianças moradoras da Costa da Lagoa; d) experimentar o cotidiano dessas crianças, detectando suas experiências com e na natureza. A definição metodológica partiu da etnografia, com seu “olhar de perto e de longe” e seu “olhar de dentro e de fora” e se configurou como caminho a ser seguido, com predominância qualitativa e caráter descritivo. O foco foram os velhos moradores e as crianças que, de maneira geral, estão habilitados a participar do contexto social, segundo as suas vontades e as suas habilidades, pois pertencer e fazer parte é um direito que se conquista ao nascer. A metodologia esteve em permanente construção para dar conta de uma realidade dinâmica e mutante. Para a coleta de dados foram utilizados diferentes instrumentos, complementares entre si: observações participantes; caderno de apontamentos; conversas informais; visitas a residências e moradores mais antigos; fotografias; filmagens; desenhos das crianças; participação em eventos. Ao concluir a pesquisa, mas longe de saciar as inquietações como pesquisadora, avalio que a etnografia oportunizou uma caminhada significativa pelas trilhas e travessias da Costa. Os velhos moradores, que ali viveram as suas infâncias, mesmo que permeadas pelo trabalho e por dificuldades, possuem lembranças alegres e divertidas, mantendo vivacidade e participação social. As crianças que aí vivem têm a oportunidade de realizar atividades no ambiente natural, entre árvores, águas, terras e bichos. São crianças desafiadas a superar medos, a desenvolver o autoconhecimento e a ampliar a capacidade de sensibilização. Posso afirmar que minha estada na Costa foi uma “experiência vivida” em minha trajetória pessoal, como estudante e profissional. As conversas fluíram, as relações flutuaram, as fotografias mergulharam e meu ser segue a sua navegação sabendo que há laços e compromissos que são para sempre. |
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