A mundialização do capital e a territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra: o caso do assentamento Sepé Tiaraju (Campos Novos - SC)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, André Vasconcelos
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: http://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/101742
Resumo: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Geografia.
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spelling Universidade Federal de Santa CatarinaFerreira, André VasconcelosCorrea, Walquiria Kruger2013-07-15T23:05:35Z2013-07-15T23:05:35Z20052005228124http://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/101742Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Geografia.O presente trabalho tem por objetivo analisar os aspectos referentes à cooperação praticada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, particularmente, no Assentamento Sepé Tiaraju, a fim de compreender os elementos que o tem levado a territorializar-se no contexto da hegemonia capitalista da atualidade. O referencial teórico-metodológico que orienta esta pesquisa tem como essencial que para entender qualquer processo de territorialização é necessário situá-lo no contexto da totalidade espacial; por sua vez, observa-se que no âmbito desta universalidade, atualmente, o fenômeno dominante da mundialização do capital dá conta de que grandes capitais transnacionais reúnem as maiores vantagens para territorializar-se, enfatizando tendências históricas de concentração e centralização de capitais, além da expropriação territorial de formas tradicionais de produção, incluindo os pequenos e médios produtores rurais proletarizados. No entanto, o espaço rural brasileiro demonstra a incidência de movimentos sociais organizados em meio aos setores desprovidos de capital, como é o caso do MST e do próprio Assentamento Sepé Tiaraju, que vêm conseguindo territorializar-se no contexto da mundialização capitalista. No caso desta pesquisa, observou-se que a territorialização do MST reúne elementos de uma cooperação solidária organizada em seu benefício, que atribui ao Movimento uma maior autonomia em relação às leis gerais da acumulação capitalista. No âmbito da territorialização do Assentamento Sepé Tiaraju enfatiza-se que o acesso à terra, bem como, à uma gama ampla de conhecimentos, foi realizada mediante o aporte de um intercâmbio solidariamente instituído desde o período das ocupações e dos acampamentos, passando pelos espaços das manifestações, até a atividade cotidiana do Assentamento. No que se refere à produção material do Assentamento verifica-se que os assentados produzem grande parte dos alimentos e insumos de origem agrícola dos quais necessitam, entretanto, ainda definem boa parte de suas estratégias com vistas à comercialização, principalmente, tendo como base, a produção leiteira, a qual reúne grande atenção do Movimento Sem Terra em todo o Estado de Santa Catarina. Observa-se que a produção realizada em função do autoconsumo, incluindo produtos materiais e imateriais, contribui, sobremaneira, para diminuir custos financeiros da produção leiteira, inclusive, para viabilizá-la no âmbito do mercado. Por sua vez, a escala do intercâmbio solidário realizado pelo Assentamento e pelo próprio MST é relativamente pequena se comparada à extensão da cooperação capitalista, o que impede que as forças produtivas sociais controladas solidariamente pelo Movimento tenham a mesma magnitude daquelas desenvolvidas sob o modo de produção capitalista. Neste sentido, conclui-se que a territorialização do MST, como é o caso do Assentamento Sepé Tiaraju, foi virtuosa no sentido de desenvolver uma cooperação solidária para além dos marcos da pequena produção agrícola tradicional, o que rendeu ao movimento uma maior independência e resistência em relação ao capital; ao mesmo tempo, esta territorialização encontra limites na própria capacidade do Movimento de ampliar seu intercâmbio solidário até as escalas mais amplas da cooperação social, o que condiz irremediavelmente com a necessidade de superação da hegemonia capitalista do espaço. The aim of this dissertation is to analyse the characteristics relevant to the co-operation carried out by the Landless Movement in Brazil (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST) and, in particular, the Sepe Tiaraju Settlement, so as to understand the factors which have led the movement to territorialize in the context of the current capitalist hegemony.The theoretic-methodological approach which underlines this research has at its core the need to understand the process of territorialization in the context of its spatial entirety. As such, we can see that in this present universal environment, the dominant trend of capital globalisation takes into account that the large transnational capitals bring together the greatest amount of advantages to territorialize. This serves to emphasise the historical trends of centralization and concentration of capitals, as well as the territorial expropriation of traditional forms of production, including the small, working class rural producers. However, there are a large amount of organized social movements operating in sectors without capital in the Brazilian rural sphere, as in the cases of the MST and indeed the Sepé Tiraju Settlement, that are able to territorialize themselves in the context of capitalist globalisation. In the case study of this dissertation, one can note that the territorialization of the MST brings together elements of an organized and communal co-operation, which gives the movement a greater autonomy with regard to the general rules of capitalist gain. In the territorialist environment of the Sepé Tiaraju Settlement, it is important to stress that the access to land, as well as to a broad range of knowledge, occurred through a mutually binding exchange established since the period of land occupations and settlements that influenced political demonstrations and even the everyday life of the Settlement. With regard to the production material of the Settlement, one observes that the settlers produce a large part of their food and raw materials required for self sufficiency from an agricultural base. However, they still strategize much of their production with an eye on commercial viability, principally dairy produce which always attracts great attention from the MST throughout Santa Catarina. It is possible to note that the self-sufficient produce, including material and immaterial products, contributes to lessen the financial costs of dairy produce, as well as aising (easying, aiding) the dispersion of the product into the market environment. The scale of the exchange between the Settlement and the MST is relatively small if compared to the expansion of capitalist co-operation, which does not allow for the socially productive forces controlled by the MST to have the same magnitude as those forces developed through capitalist production. In this sense, one can conclude that the territorialization of the MST, as in the case of the Sepé Tiaraju Settlement, was virtuous in the sense of developing a communal co-operation that went beyond the levels of small and traditional agricultural production. This in turn gave the movement greater independence from, and resistence to, capitalist influence. At the same time, this territorialization shows its limitations in the very ability of the MST to widen its exchange to a broader level of social co-operation, which matches the necessity to overcome the capitalist hegemony of space.259 f.| il., tabs.porFlorianópolis, SCGeografiaAssentamentos humanosCampos Novos (SC)A mundialização do capital e a territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra: o caso do assentamento Sepé Tiaraju (Campos Novos - SC)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINAL228124.pdfapplication/pdf17547724https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/101742/1/228124.pdffbd2fe48cc574264f421c5e6845cf403MD51TEXT228124.pdf.txt228124.pdf.txtExtracted texttext/plain570582https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/101742/2/228124.pdf.txtfc56f0f0a3683fc6b763cbb33acba51cMD52123456789/1017422014-01-12 00:48:22.974oai:repositorio.ufsc.br:123456789/101742Repositório de PublicaçõesPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732014-01-12T02:48:22Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
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