Taxa de aceitação e fatores preditivos para recusa e desistência ao tratamento conservador no manejo de mulheres com Incontinência Urinária

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Felippe, Mariana Rhein [UNIFESP]
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
Texto Completo: https://hdl.handle.net/11600/64109
Resumo: Introdução: O manejo conservador, como modificação de comportamento, treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TFMAP) e estimulação do nervo tibial posterior (PTNE) têm sido recomendados como terapia de primeira linha para incontinência urinária (IU). Estudos avaliando abordagens conservadoras incluem pacientes altamente motivados. No entanto, esses pacientes não são a maioria e existem várias barreiras para os pacientes iniciarem, completarem e manterem a terapia proposta. No presente estudo, avaliamos as taxas de recusa e adesão a tratamentos conservadores e realizamos uma análise de dados para identificar potenciais variáveis clínicas associadas à aceitação e adesão ao tratamento. Materiais e métodos: Neste estudo de Coorte prospectivo todas as mulheres foram avaliadas por equipe multiprofissional incluindo enfermeira, fisioterapeuta e urologista por meio de anamnese, exame físico, incluindo Sistema de Qualificação de Prolapso de Órgão Pélvico (POP-Q); exame digital do assoalho pélvico (New Perfect Scheme), teste do absorvente de 1 hora e questionários auto-respondidos, incluindo Questionário de Consulta Internacional sobre Incontinência (ICIQ-SF); Questionário de Bexiga Hiperativa (OAB-Q) e Questionário de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-Breve). Os pacientes foram orientados sobre o tratamento conservador e questionados se gostariam de iniciar o programa. O programa incluiu modificações de comportamento, TMAP (6 sessões supervisionadas) e PTNS (12 sessões supervisionadas) isoladamente ou em associação com TMAP dependendo do diagnóstico. As mulheres que recusaram o tratamento conservador retornaram ao tratamento médico de acordo com o diagnóstico clínico. Os critérios de exclusão foram a presença de doenças neurológicas, prolapso de órgãos pélvicos > estágio II, síndromes de dor pélvica, infecção do trato urinário inferior e radioterapia pélvica prévia. Todas as variáveis clínicas e demográficas foram avaliadas como possíveis determinantes para a recusa e não adesão do paciente ao tratamento conservador por meio de modelo de regressão logística linear. XIII Resultados: Foram avaliadas 605 mulheres com IU, com idade média de 58,72 (DP 12) anos. Após a explicação do programa conservador, 171 mulheres (28,2%) se recusam a iniciá-lo. Dos 434 (71,8%) pacientes que iniciaram o tratamento conservador, 215 (35,5%) mulheres completaram o tratamento proposto em 3 meses de seguimento, taxa de não adesão de 36,3% (219). Nossos resultados mostram que aproximadamente um terço dos pacientes (171/605; 28,2%) recusou-se a iniciar a fisioterapia, 36,3% (219/605) desistiram durante o seguimento e pouco mais de um terço das mulheres (215/605- 35,5 %) até mesmo finalizar o programa proposto. Identificamos que idade, presença de prolapso uterino e gravidade da incontinência urinária, força do assoalho pélvico, urgência miccional, fatores psicológicos e físicos desempenham papel relevante na aceitação e adesão ao tratamento. Conclusão: Este estudo demonstrou que pacientes com IU encaminhados ao tratamento conservador apresentam alta recusa e baixa taxa de adesão. Concomitante prolapso e perda urinária mais grave parecem estar associados a maior taxa de recusa. A qualidade da contração do assoalho pélvico e os sintomas graves parecem estar associados à não adesão do paciente.
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