A visão dos profissionais de saúde em relação à violência doméstica contra crianças e adolescentes: um estudo qualitativo
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Data de Publicação: | 2011 |
Outros Autores: | , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/6326 http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902011000100017 |
Resumo: | A violência doméstica é um dos temas mais difíceis de serem tratados pelos profissionais de saúde. Buscou-se compreender, na pesquisa realizada, a experiência dos profissionais de saúde sobre a violência doméstica contra crianças e adolescentes, descrevendo a identificação dos casos e a assistência prestada às vítimas em Unidades Básicas de Saúde. As técnicas utilizadas foram observação participante, entrevistas semi-estruturadas e grupos focais conduzidos em duas Unidades Básicas de Saúde de Embu/SP, considerada uma das regiões mais violentas do país. Dentre os resultados obtidos, os profissionais ressaltaram inúmeras dificuldades para lidar com a questão da violência, como o medo de se envolver com pessoas criminosas, a falta de resguardo nas unidades de saúde e a falta de comprometimento dos familiares. Um dos motivos da dificuldade de denúncia seria a reprodução de padrões culturais da população em que se aceita a punição física como uma prática educativa. Além disso, não se sentiam responsáveis ou capacitados para lidar com o problema. Os profissionais do Embu, de certa forma, acabam por reproduzir os mesmos valores e atitudes da comunidade em relação à violência, mantendo-se coniventes com o silêncio das famílias, evitando o comprometimento com os casos e desacreditando nas instituições responsáveis pela proteção ao menor. Ficou evidente que o problema da violência doméstica contra crianças e adolescentes não é de fácil manejo. A assistência oferecida às vítimas é restrita, principalmente pelas dificuldades dos profissionais em lidar com as características socioculturais da população atendida e pelo pouco diálogo com as instituições responsáveis pelo encaminhamento dos casos. A abordagem, o encaminhamento e o tratamento de crianças e adolescentes vítimas de violência física podem adquirir maior eficácia quando se estabelece essa aproximação dos serviços de saúde com o cotidiano vivido pela população. |
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Andrade, Elisa Meireles [UNIFESP]Nakamura, Eunice [UNIFESP]Paula, Cristiane Silvestre de [UNIFESP]Nascimento, Rosimeire doBordin, Isabel Altenfelder Santos [UNIFESP]Martin, Denise [UNIFESP]Universidade Bandeirante de São PauloUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)Universidade Presbiteriana MackenzieUniversidade Católica de Santos2015-06-14T13:42:56Z2015-06-14T13:42:56Z2011-03-01ANDRADE, Elisa Meireles et al . A visão dos profissionais de saúde em relação à violência doméstica contra crianças e adolescentes: um estudo qualitativo. Saude soc., São Paulo , v. 20, n. 1, p. 147-155, mar. 20110104-1290http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/6326http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902011000100017S0104-12902011000100017.pdfS0104-1290201100010001710.1590/S0104-12902011000100017WOS:000289643600017A violência doméstica é um dos temas mais difíceis de serem tratados pelos profissionais de saúde. Buscou-se compreender, na pesquisa realizada, a experiência dos profissionais de saúde sobre a violência doméstica contra crianças e adolescentes, descrevendo a identificação dos casos e a assistência prestada às vítimas em Unidades Básicas de Saúde. As técnicas utilizadas foram observação participante, entrevistas semi-estruturadas e grupos focais conduzidos em duas Unidades Básicas de Saúde de Embu/SP, considerada uma das regiões mais violentas do país. Dentre os resultados obtidos, os profissionais ressaltaram inúmeras dificuldades para lidar com a questão da violência, como o medo de se envolver com pessoas criminosas, a falta de resguardo nas unidades de saúde e a falta de comprometimento dos familiares. Um dos motivos da dificuldade de denúncia seria a reprodução de padrões culturais da população em que se aceita a punição física como uma prática educativa. Além disso, não se sentiam responsáveis ou capacitados para lidar com o problema. Os profissionais do Embu, de certa forma, acabam por reproduzir os mesmos valores e atitudes da comunidade em relação à violência, mantendo-se coniventes com o silêncio das famílias, evitando o comprometimento com os casos e desacreditando nas instituições responsáveis pela proteção ao menor. Ficou evidente que o problema da violência doméstica contra crianças e adolescentes não é de fácil manejo. A assistência oferecida às vítimas é restrita, principalmente pelas dificuldades dos profissionais em lidar com as características socioculturais da população atendida e pelo pouco diálogo com as instituições responsáveis pelo encaminhamento dos casos. A abordagem, o encaminhamento e o tratamento de crianças e adolescentes vítimas de violência física podem adquirir maior eficácia quando se estabelece essa aproximação dos serviços de saúde com o cotidiano vivido pela população.Domestic violence is one of the most difficult topics to be dealt with by health professionals. We aimed, in this research, to understand the experience of health professionals concerning domestic violence against children and teenagers, describing the identification of the cases and the aid offered to the victims in the Unidades Básicas de Saúde (UBS - Primary Health Care Units). The techniques were participant observation, focus groups and semi-structured interviews conducted at two UBSs in the city of Embu, one of the most violent regions of Brazil, located in the Metropolitan Region of São Paulo. According to the results, the professionals said they have several difficulties in tackling the question of violence, such as fear of getting involved with criminal people, lack of protection in the UBSs and the relatives' lack of commitment. The fear of assuming legal obligations makes it difficult for the professionals to have attitudes in order to assist the victims. One of the reasons for their denunciation difficulty would be the reproduction of cultural standards in which physical punishment is accepted as an educational practice. Besides, they seem not to feel responsible or qualified to deal with the problem. The professionals of Embu, in a certain way, reproduce the same values and attitudes of the community in relation to violence, conniving at the silence of the families, avoiding commitment to the cases and not believing in the institutions that are responsible for children's protection. It was clear that the problem of domestic violence against children and teenagers is not easy to deal with. The assistance offered to the victims is restricted, mainly due to the professionals' difficulties in handling the social-cultural characteristics of the population and to the lack of dialogue with the institutions that are responsible for referring the cases. The approach, referral and treatment of children and teenagers who are victims of physical violence can be more effective when the health services are in close contact with the daily life of the population.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)Universidade Bandeirante de São PauloUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Departamento Saúde, Educação e SociedadeUniversidade Presbiteriana MackenzieUNIFESP Departamento de PsiquiatriaUniversidade Católica de SantosUNIFESP, Depto. Saúde, Educação e SociedadeUNIFESP, Depto. de PsiquiatriaCNPq: 505546/2004-3SciELO147-155porFaculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo.Associação Paulista de Saúde Pública.Saúde e SociedadeProfissionais de SaúdeViolênciaEstudo QualitativoCriançasAdolescentesHealth ProfessionalsViolenceQualitative StudyChildrenTeenagersA visão dos profissionais de saúde em relação à violência doméstica contra crianças e adolescentes: um estudo qualitativoHealth professionals' views about domestic violence against children and teenagers: a qualitative studyinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESPORIGINALS0104-12902011000100017.pdfapplication/pdf96670${dspace.ui.url}/bitstream/11600/6326/1/S0104-12902011000100017.pdf770c041ace1c46819eddbeb2f7d7bff8MD51open accessTEXTS0104-12902011000100017.pdf.txtS0104-12902011000100017.pdf.txtExtracted texttext/plain37696${dspace.ui.url}/bitstream/11600/6326/6/S0104-12902011000100017.pdf.txt3e5cee608e5a805b2f291334118a656fMD56open accessTHUMBNAILS0104-12902011000100017.pdf.jpgS0104-12902011000100017.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg6023${dspace.ui.url}/bitstream/11600/6326/8/S0104-12902011000100017.pdf.jpgc4ca2fbd4153268c6e8cfcc45c641d54MD58open access11600/63262023-06-05 19:17:32.895open accessoai:repositorio.unifesp.br:11600/6326Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652023-06-05T22:17:32Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false |
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A violência doméstica é um dos temas mais difíceis de serem tratados pelos profissionais de saúde. Buscou-se compreender, na pesquisa realizada, a experiência dos profissionais de saúde sobre a violência doméstica contra crianças e adolescentes, descrevendo a identificação dos casos e a assistência prestada às vítimas em Unidades Básicas de Saúde. As técnicas utilizadas foram observação participante, entrevistas semi-estruturadas e grupos focais conduzidos em duas Unidades Básicas de Saúde de Embu/SP, considerada uma das regiões mais violentas do país. Dentre os resultados obtidos, os profissionais ressaltaram inúmeras dificuldades para lidar com a questão da violência, como o medo de se envolver com pessoas criminosas, a falta de resguardo nas unidades de saúde e a falta de comprometimento dos familiares. Um dos motivos da dificuldade de denúncia seria a reprodução de padrões culturais da população em que se aceita a punição física como uma prática educativa. Além disso, não se sentiam responsáveis ou capacitados para lidar com o problema. Os profissionais do Embu, de certa forma, acabam por reproduzir os mesmos valores e atitudes da comunidade em relação à violência, mantendo-se coniventes com o silêncio das famílias, evitando o comprometimento com os casos e desacreditando nas instituições responsáveis pela proteção ao menor. Ficou evidente que o problema da violência doméstica contra crianças e adolescentes não é de fácil manejo. A assistência oferecida às vítimas é restrita, principalmente pelas dificuldades dos profissionais em lidar com as características socioculturais da população atendida e pelo pouco diálogo com as instituições responsáveis pelo encaminhamento dos casos. A abordagem, o encaminhamento e o tratamento de crianças e adolescentes vítimas de violência física podem adquirir maior eficácia quando se estabelece essa aproximação dos serviços de saúde com o cotidiano vivido pela população. |
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