Vozes da violência: relações e conflitos entre judeus e cristãos na Renânia durante a Primeira e Segunda Cruzadas (1096 – 1157)
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/11600/71263 |
Resumo: | A presente dissertação analisa as diferentes interpretações conceituais sobre os atos de violência perpetuados por cristãos e judeus durante a Primeira e Segunda Cruzadas. Para tal, usamos um conjunto de quatro crônicas escritas por judeus, especificamente três sobre a Primeira Cruzada, intituladas “A Crônica de Solomon bar Simson”, “A Crônica de Rabbi Eliezer bar Nathan” e “Anônimo de Mogúncia”, assim como o texto “Sefer Zechirá ou Livro da Recordação”, de Efraim ben Jacob de Bonn, sobre a Segunda Cruzada. Quanto à documentação cristã, uma sobre a Primeira Cruzada e outra sobre a Segunda, respectivamente “Historia Ierosolimitana” de Alberto de Aachen e Otto de Freising, chamada “Gesta Friderici imperatoris”. A partir da História dos Conceitos, de Reinhart Koselleck, utilizando uma abordagem sincrônica dos termos que associam e caracterizam os significados do conceito de violência, estudamos o conjunto documental como obras narrativas e registros históricos, para assim tentarmos compreender como a violência, empregada por ambas as comunidades, foi compreendida e definida. Além disso, como suporte metodológico, consideramos tais crônicas como parte de uma produção textual inserida em uma sociedade em que o oral era a maior força de comunicação, portanto, o próprio texto e a construção de seus conceitos leva em conta um processo definido por Paul Zumthor como “vocalidade”, são as repetições e ênfases que apontam para os elementos importantes para o que chamamos de leitor-ouvinte. Nossa análise busca compreender as conexões existentes entre a concepção judaica e cristã sobre um mesmo evento e sobre um mesmo ato, a violência, em uma lógica simbólica-conceitual que operava a partir da circulação cruzadística além do local, estabelecendo, de maneira simbólico-narrativo, uma associação entre o oeste e o leste, Europa e Jerusalém. Nossa hipótese reside na ideia de que a construção do conceito de violência, tanto para cristãos quanto para judeus, passa por um processo de defini-la dentro de um esquema de legítima ou ilegítima, enfatizando questões referentes à sua realidade local, com isso, tais atos dizem mais sobre essas comunidades específicas do que sobre a experiência total de ambos os grupos. Com isso, nossa abordagem sincrônica ganha uma perspectiva específica, que rejeitam qualquer tratamento que sintetize a relação entre hebreus e cristão como uma lenta marcha para o Holocausto. |
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Vozes da violência: relações e conflitos entre judeus e cristãos na Renânia durante a Primeira e Segunda Cruzadas (1096 – 1157)Voices of violence: relations and conflict between Jews and Christians in the Rhine region during the First and Second Crusades (1096 - 1157)CruzadasViolênciaJudeusCristãosIdade MédiaA presente dissertação analisa as diferentes interpretações conceituais sobre os atos de violência perpetuados por cristãos e judeus durante a Primeira e Segunda Cruzadas. Para tal, usamos um conjunto de quatro crônicas escritas por judeus, especificamente três sobre a Primeira Cruzada, intituladas “A Crônica de Solomon bar Simson”, “A Crônica de Rabbi Eliezer bar Nathan” e “Anônimo de Mogúncia”, assim como o texto “Sefer Zechirá ou Livro da Recordação”, de Efraim ben Jacob de Bonn, sobre a Segunda Cruzada. Quanto à documentação cristã, uma sobre a Primeira Cruzada e outra sobre a Segunda, respectivamente “Historia Ierosolimitana” de Alberto de Aachen e Otto de Freising, chamada “Gesta Friderici imperatoris”. A partir da História dos Conceitos, de Reinhart Koselleck, utilizando uma abordagem sincrônica dos termos que associam e caracterizam os significados do conceito de violência, estudamos o conjunto documental como obras narrativas e registros históricos, para assim tentarmos compreender como a violência, empregada por ambas as comunidades, foi compreendida e definida. Além disso, como suporte metodológico, consideramos tais crônicas como parte de uma produção textual inserida em uma sociedade em que o oral era a maior força de comunicação, portanto, o próprio texto e a construção de seus conceitos leva em conta um processo definido por Paul Zumthor como “vocalidade”, são as repetições e ênfases que apontam para os elementos importantes para o que chamamos de leitor-ouvinte. Nossa análise busca compreender as conexões existentes entre a concepção judaica e cristã sobre um mesmo evento e sobre um mesmo ato, a violência, em uma lógica simbólica-conceitual que operava a partir da circulação cruzadística além do local, estabelecendo, de maneira simbólico-narrativo, uma associação entre o oeste e o leste, Europa e Jerusalém. Nossa hipótese reside na ideia de que a construção do conceito de violência, tanto para cristãos quanto para judeus, passa por um processo de defini-la dentro de um esquema de legítima ou ilegítima, enfatizando questões referentes à sua realidade local, com isso, tais atos dizem mais sobre essas comunidades específicas do que sobre a experiência total de ambos os grupos. Com isso, nossa abordagem sincrônica ganha uma perspectiva específica, que rejeitam qualquer tratamento que sintetize a relação entre hebreus e cristão como uma lenta marcha para o Holocausto.The present dissertation analyzes the different conceptual interpretations of the acts of violence perpetrated by Christians and Jews during the First and Second Crusades. To do so, we use a set of four chronicles written by Jews, specifically three about the First Crusade, entitled "The Chronicle of Solomon bar Simson," "The Chronicle of Rabbi Eliezer bar Nathan," and "Anonymous of Mainz," as well as the text "Sefer Zechirá or Book of Remembrance" by Ephraim ben Jacob of Bonn, about the Second Crusade. As for Christian sources, one about the First Crusade and another about the Second, respectively "Historia Ierosolimitana" by Albert of Aachen and by Otto of Freising, called "Gesta Friderici imperatoris." Using the History of Concepts, by Reinhart Koselleck, through a synchronic approach of the terms that associate and characterize the meanings of the concept of violence, we study the sources as narrative works and historical records, in order to try to understand how violence, employed by both communities, was understood and defined. Furthermore, as methodological support, we consider such chronicles as part of a textual production inserted in a society where the oral was the major communication force; therefore, the text itself and the construction of its concepts take into account a process defined by Paul Zumthor as "vocality," where repetitions and emphases point to the elements important for what we call the reader-listener. Our analysis seeks to understand the existing connections between the Jewish and Christian conception about the same event and the same act, violence, within a symbolic-conceptual logic that operated from the Crusading circulation beyond the local, establishing, in a symbolic-narrative manner, an association between the west and the east, Europe and Jerusalem. Our hypothesis lies in the idea that the construction of the concept of violence, both for Christians and for Jews, goes through a process of defining it within a scheme of legitimate or illegitimate, emphasizing issues concerning their local reality; thus, such acts say more about these specific communities than about the total experience of both groups. Therefore, our synchronic approach gains a specific perspective, rejecting any treatment that synthesizes the relationship between Hebrews and Christians as a slow march towards the Holocaust.Não recebi financiamentoUniversidade Federal de São PauloFernandes, Fabiano [UNIFESP]http://lattes.cnpq.br/5297278590369732http://lattes.cnpq.br/2710975817014141Bendl, Rafael Bello [UNIFESP]2024-06-25T19:09:05Z2024-06-25T19:09:05Z2024-03-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis154 f.application/pdfhttps://hdl.handle.net/11600/71263porUniversidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - EFLCHinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESP2024-06-26T16:37:36Zoai:repositorio.unifesp.br/:11600/71263Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652024-06-26T16:37:36Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false |
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