Entre a Integralidade e a Territorialização: Percursos de uma gestante na rede de atenção à saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Torres, Thainá [UNIFESP]
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
dARK ID: ark:/48912/0013000009v4j
Texto Completo: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/51714
Resumo: Este trabalho tem como uma das principais linhas de análise o conceito de integralidade, este que é um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), ordenando o cuidado a uma compreensão integral do ser humano e redirecionando a saúde, historicamente reduzida a uma abordagem biomédica, para uma dimensão ampliada, como valor social, na qual usuários são elevados a sujeitos e protagonistas de seu próprio cuidado. Dado esse panorama teórico-prático, introduz-se aqui a discussão da mortalidade infantil como importante marcador da condição de vida de uma população, intimamente relacionada com o acesso e qualidade do serviço de saúde. A imperatividade desse assunto reside no fato de que a Baixada Santista tem registrado uma taxa de mortalidade consideravelmente mais alta (13,8 para mil nascidos vivos) que a média do estado de São Paulo (10,74 por mil nascidos vivos) e do considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (10 para mil nascidos vivos). A relação equipe-usuário é considerada aqui, o principal elemento do cuidado. O presente estudo teve por objetivo compreender como o princípio de integralidade e a territorialização estão presentes no cuidado à saúde a partir do percurso de uma gestante em uma Unidade de Básica de Saúde. Os resultados obtidos em uma pesquisa de Iniciação Científica (IC) foram revisitados para a elaboração do presente trabalho. O cenário selecionado foi uma Unidade de Saúde da Família (USF) da Areia Branca , localizado na Zona Noroeste da cidade de Santos, região marcada por significativas desigualdades sociais. Essa pesquisa-intervenção de natureza qualitativa fez o uso seguintes dos métodos: (a) observação participante como base da presença e postura ético-política da pesquisadora dentro do consultório durante as consultas pré-natais da gestante escolhida; (b) entrevistas semiestruturadas com os profissionais; (c) registro em Diários de Pesquisa e d) Revisão Sistemática Integrativa, na qual foram analisados dois artigos, obtidos com inserção de quatro termos-chave:integralidade, Redes de Atenção em Saúde, cuidado em saúde e território/territorialização, nas seguintes bases de dados: Scielo, PubMed e BVS. A questão do território se mostrou em toda sua complexidade em razão da gestante possuir documento de comprovação de residência, ainda que a equipe soubesse, por sua própria inserção no território, que ela não residia na área de cobertura, o que criou uma atmosfera de palpável instabilidade e desconfiança na relação com a equipe. Essa situação constituiu terreno fértil para desentendimentos e indisposições que incidiram diretamente em sua adesão ao acompanhamento e cuidado. Nosso estudo permitiu observar novos sentidos atribuídos à integralidade, que ocupa parte do espaço “entre”, de uma produção de cuidado capturada pelo protocolo, para uma perspectiva de criação de espaços de atenção e produção social de saúde. Concluímos que falar em integralidade e em um sujeito que habita e é habitado “no e pelo” território, em uma relação constante e dinâmica, de trânsitos e movimentos, é buscar compreender a totalidade do sujeito, em um intento humanizador e universal.
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