Associação entre neurotrofinas, estresse oxidativo e marcadores inflamatórios e psicopatologia na infância

• Autor(a) principal: Asevedo, Graccielle Rodrigues da Cunha [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=3805913; http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/47036
• topic: Inflamação; Psicopatologia; Infância; Neurotrofinas; Estresse oxidativo; Inflammation; Psychopathology; Childhood; Neurotrophyns

As primeiros manifestações dos transtornos mentais (TM) usualmente ocorrem na infância e na adolescência. Recentemente, os TM vem sendo caracterizados como transtornos do neurodesenvolvimento. O curso e a apresentação clínica dos TM são influenciados por fatores de risco e protetores de diferentes formas em janelas específicas do desenvolvimento. Diversos biomarcadores relacionados a neurotrofismo, estresse oxidativo e inflamação vem sendo investigados entre os fatores que potencialmente influenciam processos fisiopatológicos subjacentes em transtornos psiquiátricos. Essa dissertação compreenderá uma revisão da literatura contextualizando o estudo de marcadores de neuroplasticidade em transtornos mentais na infância e um artigo original explorando a relação entre marcadores de neuroplasticidade e psicopatologia infantil. Neuroplasticidade é um termo amplo que engloba uma variedade de mecanismos estruturais e funcionais envolvidos na percepção e adaptação cerebral, diante de estímulos externos e internos. Diversas moléculas e proteínas estão envolvidas nesses processos, entre elas neurotrofinas, mediadores de estresse oxidativo e de inflamação. Neurotrofinas, entre as quais destacaDse o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), são uma classe de proteínas denominadas fatores de crescimentos envolvidas diretamente nos processos de diferenciação, proliferação e sobrevivência dos neurônios. O estresse oxidativo representa um processo de desequilíbrio entre a produção ROS, espécies reativas de oxigênio geradas pelo metabolismo de oxigênio pelas células, e seu consumo por moléculas antioxidantes. Inflamação é o processo pelo qual um organismo reage a agressões e é mediada por diversas moléculas, entre as quais as citocinas. No geral, não foram encontradas associações marcantes entre a concentração de BNDF e psicopatologia infantil. Níveis elevados de BDNF foram encontrados no sexo feminino, particularmente em crianças com um distúrbio psiquiátrico diagnosticado. Esse resultado reforçam achados de que a influência de BDNF em transtornos mentais podem ser mediados pelo gênero e de que alterações de BDNF podem ser achados tardios na evolução dos transtornos mentais. Níveis elevados de marcadores de estresse oxidativo foram particularmente associados a sintomas externalizantes, especialmente agressividade e comportamento desafiador, em crianças com diagnóstico psiquiátrico e na amostra total. Em crianças com diagnóstico psiquiátrico, encontramos níveis séricos de ILD6 significativamente aumentados apenas relacionados com sintomas internalizantes, como ansiedade e depressão. Entretanto, houve uma associação entre IlD6 e diferentes grupos de sintomas na CBCL em crianças típicas, apontando para um possível envolvimento dessa interleucina em outros aspectos subjacentes da psicopatologia, mesmo na ausência de depressão. Níveis elevados de sTNFR2 foram negativamente associados com escores totais na CBCL, assim como de diversos subgrupos de sintomas, possivelmente caracterizando uma ação neuroprotetora desse receptor, indicando um novo alvo no estudos de mecanismos de resiliência. Esse é o primeiro estudo a analisar a relação entre uma ampla gama de biomarcadores periféricas da neuroplasticidade e atividade inflamatória e medidas psicopatologia geral em populações clínicas e nãoDclínicas. Nossos resultados reforçam achados de que existe uma associação entre biomarcadores de neuroplasticidade e psicopatologia geral em crianças mesmo na ausência de TM específicos. Investigações adicionais sobre o significado dessas associações podem fornecer novas perspectivas neste campo. O acompanhamento desta coorte fornecerá dados sobre o potencial papel preditivo desses biomarcadores e pode esclarecer algumas das questões levantadas pelos achados atuais.