Associação entre os alelos HLA-DRB1 e a aloimunização eritrocitária

• Autor(a) principal: Souza, Conceicao Pinheiro De [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7699099; https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/59625
• topic: Eritrócitos; Aloimunização; Alelos; HLA-DRB1; Análise In Silico; Molécula DRB1; Peptídeo Âncora; Erythrocytes; Alloimmunization; Alleles; HLA-DRB1; Analysis In Silico; DRB1 Molecule; Anchor Peptide

A imunogenicidade dos antígenos dos sistemas de grupos sanguíneos é melhor compreendida, atualmente, graças à disponibilidade do conhecimento da base genética das proteínas envolvidas, à orientação molecular na membrana eritrocitária e à natureza das respostas imunes celulares. Objetivos: Investigar a associação dos alelos HLA-DRB1 na resposta imune seletiva contra os antígenos dos sistemas RH, KEL, FY, JK e MSN, na sensibilização contra um ou múltiplos antígenos eritrocitários, bem como verificar se existe algum alelo associado a um efeito protetor à aloimunização. Pacientes e Métodos: Este estudo analisou amostras de sangue de 215 pacientes aloimunizados contra antígenos dos sistemas RH, KEL, FY, JK e MNS, e as comparou com três grupos controle: 100 doadores de sangue, 101 pacientes não aloimunizados e 174.015 candidatos à doação de medula óssea. Os aloanticorpos foram identificados pela metodologia em gel e confirmados pela fenotipagem eritrocitária. A genotipagem HLA-DRB1 foi realizada pela técnica de PCR-SSO, utilizando tecnologia Luminex. O Software GraphPad InStat foi utilizado na análise estatística. A análise in silico foi realizada utilizando o servidor NetMHCIIpan-3.2, capaz de prever as possibilidades de interação entre as sequências de aminoácidos das proteínas RhD, RhCE, KEL, FY, JK e MNS e os resíduos dos bolsos polimórficos das moléculas DRB1. O alinhamento foi utilizado para avaliar a similaridade existente entre os resíduos localizados ao longo do domínio β1 das moléculas HLA-DR, que apresentaram interação forte com os peptídeos âncora derivados das proteínas antigênicas. Resultados: Dentre os pacientes multialoimunizados, a associação anti-D+C foi a mais frequente, presente em 90,3% das associações com anti-D. A análise estatística apontou a associação do alelo HLA-DRB1*01 com as aloimunizações anti-C e anti-Jka, bem como do alelo HLA-DRB1*15 na comparação entre os pacientes uni e multialoimunizados e os doadores de medula óssea. Esta última relação ocorreu em virtude da associação deste alelo com as aloimunizações anti-D, -C, -E e –K. A análise in silico confirmou as associações apresentadas, demonstrando uma interação forte entre a molécula DRB1*01 e os peptídeos âncora derivados das proteínas RhCe e JK, e entre a molécula DRB1*15 e os principais peptídeos âncora derivados das proteínas RhD, RhCe, RhcE e KEL, que continham, em sua sequência ou nas regiões adjacentes, o(s) determinante(s) polimórfico(s) dos antígenos D, C, E e K. Embora o alelo HLA-DRB1*11 apresentasse maior frequência entre os doadores de medula óssea, aparentemente exercendo um efeito protetor à aloimunização, a análise in silico refutou este achado. Enquanto a sequência proteica contendo o determinante polimórfico 193M do antígeno K apresentou alta indiscriminação de histocompatibilidade com numerosas moléculas DRB1, a sequência contendo o determinante polimórfico 280D do antígeno Jka só apresentou interação com a molécula DRB1*01, e as sequências contendo os determinantes polimórficos de Fya (42G) e S (29M) apresentaram interação fraca com poucas moléculas. Discussão e Conclusão: A associação anti-D+C, frequentemente elevada, pôde ser explicada tanto em função da frequência fenotípica dos antígenos D e C na população, como pela capacidade de interação de variadas moléculas DRB1, a exemplo de DRB1*12:01, *15:01 e *15:03, com os peptídeos âncora derivados das proteínas RhD e RhCe, que continham os determinantes polimórficos 60I, 68S e 103S, comuns aos antígenos D e C. A diferença de reatividade entre as moléculas DRB1 e as proteínas JK, FY e MNS, observada na análise in silico, parece diretamente associada com a baixa imunogenicidade dos antígenos Jka, Fya e S, comparada aos antígenos D, C, E e K. A análise in silico das proteínas de grupo sanguíneo pode ser um recurso prático e sem custos adicionais ao laboratório, que permite uma maior compreensão da capacidade de interação entre os peptídeos antigênicos e as moléculas HLA-DR, no processo de apresentação e consequente produção de anticorpos eritrocitários.