A esquizofrenia enquanto somatização cerebral: aspectos psicodinâmicos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Letícia Fanti Pedreira da [UNIFESP]
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
dARK ID: ark:/48912/00130000096w2
Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/60141
Resumo: A hipótese da esquizofrenia enquanto somatização cerebral, apresentada por Christophe Dejours, centra-se na concepção de que essa doença não poderia ser classificada somente como mental, mas como uma doença psicossomática devido à possibilidade de situar e de identificar quais são as desorganizações neurofisiológicas e neuroquímicas que operam no corpo biológico do sujeito diagnosticado com essa afecção. Com relação ao ambiente psicoafetivo que irá propiciar a vulnerabilidade à esquizofrenia na criança, o autor apreende impasses psíquicos do casal parental que perturbam o processo pelo qual as competências cognitivas e de linguagem da criança possam servir de apoio para determinada curiosidade e imaginação erótica. O pensamento infantil no que se refere à sexualidade, ao devaneio, à fantasia, não seria suficientemente libidinizado pelas funções materna e paterna, impedindo a subversão de funções cerebrais em prol do capital erótico, dificultando o acesso da criança à linguagem e à simbolização em seu corpo psíquico. O objetivo a que este trabalho se propôs consistiu em descrever as condições psicodinâmicas que compreendem a esquizofrenia enquanto um processo de somatização. Foi adotada uma metodologia qualitativa, investigando os trabalhos publicados por Christophe Dejours relativos à psicose, à psicossomática e à teoria do corpo, bem como a descrição de casos clínicos, publicados pelo autor, cujos pacientes adotaram algum tipo de defesa psíquica característica da psicose. Os resultados da pesquisa indicam: um tipo de dinâmica psíquica apresentada pelo casal parental marcada pelo não-desejo de um terceiro, o que dificultaria a criança se situar no ambiente afetivo; um entrave que a função materna teria para acessar a função simbólica referente aos termos do sistema de parentesco, o que impede a sua transmissão ao filho; a inviabilidade de que a singularidade da criança, bem como a criação espontânea de seus pensamentos, sejam constituídos; O ambiente extrapsíquico propiciará uma organização intrapsíquica na criança caracterizada pelo déficit da formação do sistema pré-consciente, pelo uso restrito de pensamentos que não sofrem influência do sistema pré-consciente, pela satisfação psíquica por meio da percepção e pela maior fragilidade psicossomática diante de determinadas percepções ameaçadoras a sua existência. A despeito de uma psicodinâmica própria da esquizofrenia, a análise dos casos clínicos revelou a possibilidade da utilização de diferentes recursos sintomáticos para defender a integridade psíquica.
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