A percepção do usuário em relação aos programas de práticas corporais na atenção primária em saúde no município de Santos

• Autor(a) principal: Gonçalves, Marcelo Pereira [UNIFESP]
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
• Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/xmlui/handle/11600/62408
• topic: Saúde Coletiva; Promoção da Saúde; Educação Física; Physical Education; Public Health; Health Promotion

O objetivo desse estudo consistiu em analisar a percepção dos usuários sobre o programa de práticas corporais do qual eles participam em três Unidades Básicas de Saúde do município de Santos-SP. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, na qual participaram 29 voluntários, sendo 26 usuários dos serviços de saúde do município de Santos-SP e três profissionais de Educação Física responsáveis pelos programas de práticas corporais nas Unidades Básicas de Saúde, as quais foram selecionadas a partir dos seguintes critérios: ofertar um programa de práticas corporais/atividades físicas e ter um profissional de Educação Física referenciado no Núcleo Ampliado de Saúde da Família. A coleta de dados teve duração de quatro meses e os instrumentos utilizados foram a entrevista semiestruturada e o grupo focal. A análise de dados foi feita por análise de conteúdo. No aspecto profissional, temos profissionais de Educação Física formados há mais de 15 anos na modalidade licenciatura plena e com especialização em saúde da família. Em relação à prática pedagógica, os objetivos estão relacionados a fomentar a participação social e promoção da saúde e os conteúdos no âmbito das vivências corporais. No que tange aos usuários, encontramos dois grupos de práticas corporais compostos somente por mulheres acima dos 50 anos e um grupo com um único homem, todos acima dos 50 anos e com alguma doença crônica. Esses usuários chegaram aos grupos de práticas corporais por intermédio de familiares, amigos ou por iniciativa própria ou por intermédio da Unidade Básica de Saúde, na figura do médico, profissional de Educação Física e/ou outro funcionário. No que diz respeito ao cotidiano dos usuários, o grupo é formado por donas de casa, com exceção de uma voluntária. Entretanto, algumas dessas donas de casa também exercem atividades paralelas, principalmente como cuidadoras. Em relação ao significado das práticas corporais, pelo discurso dos usuários foi possível chegar a duas categorias, sendo a primeira “saúde e cuidado”: os usuários reconhecem o espaço do programa de práticas corporais como um espaço de cuidado e busca da saúde, trazendo em seus relatos os impactos através do programa mais direcionados às melhoras orgânico funcional; ou na segunda categoria “relações sociais”: os usuários entendem o espaço do programa das práticas corporais como um espaço de socialização, assim, para além da busca pela saúde e cuidado, a UBS se torna um espaço institucionalizado e fértil para a sociabilidade. Em relação às mudanças e motivações para continuarem a frequentar o programa, os usuários trazem novamente a saúde e a socialização como fatores determinantes para a sua continuidade, mas também apontam para os principais efeitos de melhora orgânico funcional, como ausência de dores e mais disposição para realizarem outras tarefas. Pode-se concluir que os usuários reconhecem os programas de práticas corporais como relevante em suas vidas e demonstram apreço também pelo PEF. Além das melhoras fisiológicas destacadas nas falas dos usuários, o programa tornou-se um espaço de convivência e produção de vida, possibilitando uma maior interação entre os diversos atores que integram o território da UBS. Contudo, mesmo com a oferta de atividades por outras secretarias em complexos esportivos, os programas de práticas corporais se apresentam como uma forma viável para o usuário, pois estão inseridas no território da UBS em que é atendido, o que facilita a locomoção entre sua casa e a unidade.